Ronan encarou seu irmão Kaelen, a pergunta pairando pesadamente no ar entre eles. Por que eles odiavam Seraphina? A verdade era uma lâmina afiada que o cortava por dentro há anos.
Ele abriu a boca para finalmente dizer a verdade quando Lilith se mexeu ao lado deles, seus olhos se abrindo lentamente. O momento se estilhaçou como vidro.
"Vocês três ainda estão falando daquela vadia Ômega?" A voz de Lilith estava sonolenta, mas afiada com irritação. Ela se espreguiçou languidamente, sem se preocupar em cobrir seu corpo nu. "Pensei que tínhamos encerrado essa conversa."
Ronan sentiu seu maxilar se contrair. Toda vez que chegavam perto de discutir honestamente sobre Seraphina, algo – ou alguém – interrompia.
"Não é nada, Lilith," Orion disse suavemente, sua mão deslizando pela coxa dela. A distração era óbvia, mas eficaz.
Lilith fez biquinho, seus lábios formando uma carranca ensaiada e bonita. "Vocês me prometeram um pedido de desculpas por me ignorarem mais cedo."
"Prometemos?" A voz de Kaelen estava distante, sua mente claramente ainda na condição de Seraphina.
"Sim," Lilith insistiu, sentando-se e pressionando seus seios contra o peito de Orion. "E eu sei exatamente o tipo de desculpa que quero."
Ronan reconheceu o olhar faminto nos olhos dela. Era sempre assim – Lilith exigindo, eles cedendo, o ciclo continuando infinitamente. Era mais fácil do que enfrentar a verdade sobre Seraphina, sobre eles mesmos.
"Agora não, Lilith," Kaelen disse, virando-se.
Movimento errado. Os olhos de Lilith brilharam perigosamente.
"Agora não?" ela repetiu, sua voz se elevando. "Eu tenho sido paciente enquanto vocês três ficam obcecados por aquela garota insignificante. Esperei enquanto vocês corriam para o lado dela depois que ela desmaiou por causa de uma punição que mereceu. E agora vocês dizem 'agora não'?"
Ronan encontrou o olhar de Orion, uma comunicação silenciosa passando entre eles. Apaziguar Lilith era mais simples do que lidar com seus chiliques. E, sinceramente, perder-se no prazer físico era preferível a confrontar a culpa que corroía seu interior.
"Que tipo de desculpa você tinha em mente?" ele perguntou, já sabendo a resposta.
A raiva de Lilith transformou-se instantaneamente em um sorriso sedutor. "O tipo que me faz esquecer que vocês mencionaram o nome dela."
Sem esperar por mais permissão, ela deslizou a mão para dentro das calças de Orion, acariciando-o até enrijecer. Sua outra mão alcançou Kaelen, que ainda estava de pé junto à janela, de costas para eles.
"Kaelen," ela chamou, sua voz um ronronar ensaiado. "Venha aqui e peça desculpas adequadamente."
Por um momento, Ronan pensou que seu irmão poderia recusar. Mas então Kaelen se virou, seu rosto uma máscara de resignação. Ele se aproximou da cama, permitindo que Lilith o puxasse para seu lado.
"Isso é melhor," ela murmurou, inclinando-se para beijá-lo. "Agora mostre-me o quão arrependido você está."
Ronan observou enquanto Kaelen a beijava mecanicamente. Não havia paixão nisso, apenas rotina. Todos conheciam seus papéis nessa encenação.
Lilith se afastou, insatisfeita com o esforço de Kaelen. "Você precisa fazer melhor que isso," ela repreendeu, então se virou para Ronan. "Mostre ao seu irmão como se faz."
Ronan se inclinou, capturando a boca dela em um beijo profundo. Ele sabia do que ela gostava – a quantidade certa de pressão, a mordida ocasional, as mãos errantes. Não significava nada para ele, mas a mantinha quieta.
Lilith gemeu apreciativamente quando a mão dele acariciou seu seio, o polegar roçando sobre seu mamilo. "Isso sim é melhor," ela respirou.
Logo, os três irmãos estavam envolvidos em sua dança familiar com Lilith. A boca de Orion em seus seios, os dedos de Ronan entre suas pernas, a mão de Kaelen em seu cabelo. Era um caos coreografado, uma distração que eles haviam aperfeiçoado ao longo dos anos.
"Dentro de mim," Lilith exigiu, abrindo mais as pernas. "Todos vocês, um após o outro."
Orion foi primeiro, posicionando-se entre as coxas dela e investindo com movimentos ensaiados. Lilith gritou com prazer exagerado, suas unhas cravando nas costas dele.
A mente de Ronan vagou enquanto esperava sua vez, a cena à sua frente ficando embaçada. Em vez do cabelo escuro de Lilith, ele viu mechas loiras espalhadas pelo travesseiro. Em vez de seus olhos calculistas, ele imaginou olhos azuis como o mar, honestos e verdadeiros.
Os olhos de Seraphina.
A memória o atingiu como um golpe físico – Seraphina aos quatorze anos, rindo enquanto corria pela floresta com ele. Antes que tudo desse errado. Antes do mal-entendido que havia endurecido seu coração contra ela.
"Ronan, sua vez," Orion grunhiu, saindo de Lilith.
Voltando ao presente, Ronan tomou seu lugar entre as pernas de Lilith. Enquanto penetrava nela, fechou os olhos, tentando afastar os pensamentos indesejados sobre Seraphina.
Lilith contorcia-se sob ele, seus gemidos enchendo o quarto. "Mais forte," ela exigiu. "Me faça esquecer dela."
A ironia não passou despercebida por Ronan. Ali estavam eles, tentando apagar Seraphina através do sexo com outra mulher, quando nenhum deles jamais conseguira esquecê-la.
Ele aumentou o ritmo, concentrando-se nas sensações físicas em vez do vazio emocional. Quando terminou, Kaelen tomou seu lugar sem dizer uma palavra.
O ciclo continuou, cada irmão se revezando para dar prazer a Lilith até que ela finalmente estivesse saciada, seu corpo brilhando de suor, seus lábios curvados em um sorriso satisfeito.
"Isso sim é um pedido de desculpas," ela ronronou, espreguiçando-se como uma gata contente. "Vocês estão perdoados."
Ronan não sentiu nada além de um vazio enquanto deitava ao lado dela. A liberação física momentânea não havia feito nada para silenciar as questões que Kaelen havia levantado anteriormente. Na verdade, o contraste entre esse encontro sem sentido e a ferida profunda que Seraphina representava tornava tudo pior.
Lilith sentou-se de repente, alcançando o copo d'água na mesa de cabeceira. Encontrando-o vazio, ela franziu a testa.
"Estou com sede," ela anunciou. "E quero água com gelo."
"A equipe da cozinha pode trazer um pouco," Orion sugeriu, já alcançando suas calças.
Lilith balançou a cabeça, um brilho malicioso em seu olhar. "Não. Mandem chamar Seraphina para trazer."
Ronan ficou tenso. "Ela está se recuperando, Lilith."
"Ela pode andar por um corredor com uma jarra de água," Lilith disparou. "Além disso, quero ver o rosto dela quando vir vocês três assim." Ela gesticulou para seus corpos nus. "Deixe-a saber exatamente qual é o lugar dela."
Kaelen e Orion trocaram olhares. Ronan sentiu seu estômago se contorcer com algo perigosamente próximo à vergonha.
"Lilith—" Kaelen começou.
"Façam isso," ela interrompeu, "ou vou contar a todos na matilha que vocês três estão amolecendo por causa da filha de um ladrão."
A ameaça pairou no ar. Todos sabiam da posição frágil em que estavam – lutando para manter o respeito da matilha após a morte do pai, sua autoridade ainda sendo testada. Um rumor como esse poderia causar problemas.
"Tudo bem," Kaelen cedeu, sua voz dura. Ele se comunicou mentalmente com um dos guardas: *Envie a Ômega Seraphina Lua aos meus aposentos com água gelada. Imediatamente.*
A satisfação se espalhou pelo rosto de Lilith. "Perfeito. E nenhum de vocês ouse se cobrir."
Eles esperaram em silêncio tenso. Ronan não pôde deixar de se perguntar como Seraphina estaria após sua provação no telhado. Estaria pálida? Fraca? O pensamento o deixou desconfortável de uma maneira que ele se recusava a examinar.
Minutos depois, uma batida suave soou na porta. O coração de Ronan martelou inexplicavelmente em seu peito.
"Entre," Lilith chamou, sua voz doce com antecipação.
A porta se abriu, e Seraphina estava no limiar, uma bandeja com uma jarra e copos em suas mãos. Seu rosto ainda estava corado do sol, seus movimentos ligeiramente instáveis. Mas seus olhos – aqueles olhos azuis como o mar – estavam claros e firmes enquanto observavam a cena à sua frente.
"Sua água," ela disse simplesmente, sua voz não revelando nada enquanto encarava os quatro corpos nus na cama.
Lilith sorriu, a vitória estampada em seu rosto. "Traga aqui, Ômega."