Depois da aula, no pátio, o sol da manhã ainda aquece levemente os ombros dos estudantes. Soyeon, Jiwon e Dohyun estavam juntos, compartilhando o lanche e comentando sobre o novo professor.
— Já viu como a sala inteira ficou muda quando ele entrou? — comentou Soyeon, rindo. — E olha que é difícil calar aquela turma.
— Ele tem uma presença forte — disse Dohyun, mordendo uma maçã. — Meio… misterioso.
Jiwon riu, mas a lembrança do olhar de Park Seojun ainda estava grudada em sua mente.
Do outro lado do pátio, encostado num poste, Minjae observava a cena. Os seus olhos fechados, o maxilar travado. Ele não ouvia as risadas, só sentia o vazio crescendo no peito.
“ Eles estão rindo… e eu não estou ali. ”
Minjae abriu os punhos. Não queria admitir, mas estava com ciúmes. Era aquilo que ele menos esperava sentir.
Han Jiwon, ao perceber Minjae ali, sentiu que o estava deixando de lado sem nem perceber. Pediu licença aos amigos e foi ao encontro dele.
— Me espere um segundo, tá? — disse, se levantando.
— Ei, Minjae! — disse, acenando com a cabeça e sorrindo leve. — Por que você está aqui sozinho?
Antes que ele pudesse responder, Jiwon pegou sua mão com firmeza, puxando-o consigo.
— Vem comigo — disse com naturalidade, como se fosse o gesto mais simples do mundo.
Minjae não resistiu. Só o toque dela já foi suficiente para acelerar o seu coração. Ainda assim, disfarçou:
— E se os seus amigos não gostarem? — disse baixo.
— Para com isso, Minjae. Até parece que você não conhece a Soyeon — respondeu, rindo gentilmente. — E o Dohyun também é gente boa, você vai ver.
Ao se aproximarem, Jiwon fez as apresentações com um sorriso sincero, raro da sua parte.
— Esse aqui é o Seo Minjae… o meu maninho. — disse com carinho.
Soyeon venceu com a cabeça e Dohyun se moveu para cumprimentá-lo. Os dois trocaram um aperto de mão firme, mas respeitoso.
Por um instante, tudo parecia bem.
Mas, de uma das janelas do segundo andar, o professor Park Seojun observava discretamente o grupo no pátio. Os seus olhos não estavam em Jiwon — estavam em Minjae.
Ele franziu levemente a testa, como se registrasse algo ali. Ou alguém.
Os quatro acompanharam a conversa, rindo e dividindo o tempo entre aulas, intervalos e pequenos segredos que surgiram. Minjae tentou se ajustar à nova dinâmica, mas algo ainda o incomodava. Ele queria estar mais próximo de Jiwon, se fazer notar, mas sentia uma distância crescente que não sabia como superar.
Durante os intervalos, ele explicou de longe. Havia algo nela que o atraía de maneira incontrolável — o jeito como ela ria, como se deixasse o mundo ao redor desaparecer por um instante. Ele queria ser a razão daquele sorriso, mas temia o que isso poderia significar.
— Você está em silêncio hoje, Minjae — disse Soyeon, percebendo o seu distanciamento, os olhos fixos em Jiwon. — Aconteceu alguma coisa?
Minjae desviou o olhar rapidamente. Tentou sorrir, mas não conseguiu esconder a inquietação.
— Nada de mais — respondeu, forçando uma expressão tranquila. Não queria envolver os outros nos próprios dilemas. Os ciúmes que senti não deveriam ser compartilhados.
Minjae tentou esconder o que sentia, mas havia algo incontrolável no seu comportamento, algo que Soyeon começou a perceber com seus olhos atentos. Ela nunca gostou da ideia de Minjae se envolver mais intensamente com Jiwon, não por ser uma má pessoa, mas devido à mãe dele.
Soyeon olhou para Minjae com um olhar de advertência, como se tentasse se comunicar sem palavras. Mas Minjae estava perdido em seus pensamentos, o seu olhar focado em Jiwon, tentando entender os mistérios que a cercavam.
“Não é só por ser… diferente”, pensou Minjae, o seu coração apertando estranhamente. “ Ela tem algo que me atrai, algo que não consigo controlar. Algo que está me desconstruindo.”
Ele respirou fundo e desviou os olhos, tentando se concentrar em outra coisa. Mas a sensação de desconforto só aumentava. Soyeon passa por uma mudança sutil no comportamento dele. Ela não gosta do que via.
Minjae passou o resto do dia achando que estava perdendo algo precioso. Um espaço que parecia ser seu, mas que agora era compartilhado. Sentia a amizade deles como algo bom, mas também um vazio. Queria ser o centro desse grupo, estar mais próximo de Jiwon, mas ainda não sabia como fazer isso sem parecer obcecado.
No fundo, ele se perguntava se ela já havia começado a esquecê-lo, ou se talvez fosse ele quem estava começando a perder o espaço que conquistava.
O professor Park Seojun continua a observar os alunos com uma intensidade desconcertante, como se estudavam cada movimento, cada acontecimento. Ele não era só um professor, mas alguém que carregava uma história não contada nos olhos penetrantes.
Na aula seguinte, ele deu uma pequena demonstração prática, inesperada. Enquanto conversavam, seus olhos fixaram-se em Minjae por um momento, como se testassem algo. A sala ficou em silêncio; por um instante, os estudantes sentiram a tensão no ar. Park Seojun não conhecia só de teoria — queria que sentissem o impacto das palavras.
— “Nem tudo o que parece óbvio é verdade”, disse, com voz grave, porém com implicações de significado.
— “ Às vezes, a resposta é tão fácil que não conseguimos ver de imediato.”
Minjae franziu a testa, sentindo um calafrio. Não sabia se era pelo jeito do professor ou algo mais. Mas, de alguma forma, essas palavras são direcionadas a ele, como se Park Seojun lesse a sua mente.
Durante os discursos seguintes, ele não se misturou com os alunos, mas sempre os inspirou de longe — especialmente Minjae e Jiwon. Era como se esperasse algo, uma intenção que ninguém descobrisse. Algo nos olhos dele mostrou que não estava ali só para ensinar, mas para descobrir algo profundo sobre seus alunos.
Na saída, os quatro despediram-se, mas havia uma tensão leve no ar, como se algo estivesse prestes a mudar.
— Só falta um mês para concluirmos o ensino médio — comentou Soyeon, sorrindo, ansiosamente pela nova fase.
— Eu não vou para a faculdade agora — respondeu Dohyun, dando de ombros, sorridente. — Vou tirar um ano sabático, ficar de boa, sabe?
Soyeon olhou para ele com incredulidade.
— Você é um sem futuro mesmo — brincou, empurrando-o.
Dohyun riu, despreocupado. Jiwon e Minjae trocaram um olhar discreto, sorridente, mas havia uma quietude oculta em seus olhos que ninguém mais notava.
Minjae se despediu de Dohyun e Soyeon, que seguiram caminho. Voltou para Jiwon, sorrindo descomplicado.
— Ei, Jiwon! — disse, descontraído.
— Você estará disponível para o karaokê hoje? Vai ser divertido.
Jiwon hesitou, olhando para ele e depois para o chão, pensativa.
— Obrigada, Minjae, mas hoje não. Só quero ir para casa descansar.
— Tudo bem — respondeu ele, um pouco decepcionado.
— Se cuida, então. A gente se vê mais tarde.
Ele acenou e foi na direção do grupo de amigos.
Jiwon ficou ali por um momento, observando-os se afastarem. Respirou fundo, sentindo uma mistura de cansaço e talvez uma ponta de arrependimento. Decidiu caminhar para casa, mas a mente estava distante, refletindo sobre o que havia acontecido.
O céu começou a mudar de cor, o fim da tarde dando lugar à noite. Com fones de ouvido, deixou a música preencher o silêncio ao redor, distraído nos pensamentos.
Por isso, não vi o carro vindo rápido demais.
Um som brusco — pneus freando. Um grito abafado. Num segundo, alguém a mantém com força, tirando-a da trajetória do carro.
No instante seguinte, Jiwon sentiu o peso da queda. O joelho atingiu o asfalto com violência, e uma dor aguda percorreu sua perna.
Ela gemeu, tentando se levantar, mas a vertigem embaralhou tudo ao redor. A rua parecia distante, abafada. Só percebia a ardência no joelho… e a presença firme ao seu lado.
Ofegante, olhou para cima, visão embaçada. Um homem a segurava, firme pelos ombros, mas o rosto estava contra a luz do pôr do sol, difícil de distinguir.
— Você está bem? — Disse ele, com voz grave e serena.
Ela assentiu devagar, ainda tentando entender o que havia acontecido.
— Eu… acho que sim. Meu joelho… — murmurou, tocando a ferida.
— Tem um banco ali na esquina. Consegue andar até lá?
Ela assentiu, apoiando-se no braço dele.
O toque era firme, mas gentil. Ao caminhar, sentiu um arrepio estranho subir pela espinha. Não era somente o susto — havia algo naquela voz, daquele jeito…
Antes que você possa perguntar qualquer coisa, ele disse com a voz calma:
— Fique aqui. Vou até a farmácia. Volto num instante.
Ele virou-se lentamente, caminhando na direção oposta.
Jiwon o observou por alguns segundos. Tentou ver o seu rosto com mais clareza, apesar da dúvida crescente…
“Mas ele é”… — sussurrou em pensamento.