As palavras de Elías ecoavam dentro da cabeça de João como tiros em eco.
> “Eles já ativaram o Projeto Zero-Mente. Em Natasha Bennett.”
Ele se levantou de súbito.
— Isso é mentira. Ela nunca se deixaria controlar.
— Não se trata de escolha. — Elías respondeu, sério. — O protocolo Zero-Mente não convence. Ele substitui.
—
No trem de volta, João via o reflexo do próprio rosto na janela e não se reconhecia mais.
A mulher que havia tocado nele como ninguém… agora era um fantoche sem alma?
Não. Não podia ser.
Chegando a Lisboa, tudo já estava diferente.
Luzes apagadas nos bairros onde a CLAUSTRO passou. Câmeras queimadas. Celulares sem sinal.
Eles estavam preparando o campo de guerra.
E ela... já o esperava.
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Local: Ponto de Encontro antigo.
O galpão onde João e Natasha treinaram dias antes. Estava vazio. Frio. E então… ela apareceu.
Casaco escuro. Cabelo preso com perfeição cirúrgica. Olhos… vazios.
— Natasha... — ele disse, cauteloso.
Ela apenas sacou uma arma e mirou na cabeça dele.
— João Smith. Alvo prioritário. Ordem: eliminação imediata.
Ele deu um passo.
— Não é você falando.
— Protocolo ativado. Emoções desativadas. Falha não é opção.
Ela atirou.
João se jogou pro lado, o tiro rasgando a parede atrás dele. Ele correu, se escondeu, mas não conseguiu atirar de volta.
— Você me beijou. Você me salvou. Você chorou comigo, caralho! — ele gritou do outro lado da estrutura.
Nada.
Só passos firmes.
Então ele lembrou.
Durante os treinos, Natasha tinha um ponto cego do lado esquerdo — uma lesão antiga na costela. Ele correu, deu a volta no galpão, se jogou por trás dela e a imobilizou.
— NÃO VOU TE MACHUCAR, PORRA! MAS VOCÊ TÁ AQUI! VOCÊ AINDA TÁ AQUI DENTRO!
Ela lutou. Tentou morder, socar, chutar. Mas ele não largou.
Até que, de repente… ela parou.
— João…?
Foi fraco. Um sussurro. Mas foi ela.
Ele segurou o rosto dela com as duas mãos.
— Volta. Você me prometeu que não ia me deixar sozinho nisso.
E então… ela chorou.
Uma única lágrima caiu.
E com ela, os olhos mudaram.
— João… o que… o que fizeram comigo?
Ele a abraçou.
— Quase te perdi, Bennett. Quase me perdi junto.
—
Longe dali, um homem observava tudo pelas câmeras.
— O elo emocional dele… ainda é a fraqueza.
Outro respondeu:
— Ou a arma mais perigosa.