CAPÍTULO 10 – Fragmentos do Passado

Os dois estavam no chão do galpão, ofegantes, suados, abraçados como se o mundo lá fora não existisse por um instante.

Natasha tremia. O corpo ainda sentia os efeitos do protocolo. Mas os olhos dela… eram dela de novo.

— Eu quase te matei… — ela sussurrou.

— Mas não matou. Porque você ainda tá aqui. E enquanto você estiver aqui… ninguém vai te controlar de novo.

Ele passou a mão no rosto dela com cuidado. Ela segurou firme.

— Eles entraram na minha mente, João. Me fizeram ver você como um inimigo.

— Eu sou um inimigo. Só que do sistema deles. Não seu.

Natasha o beijou. Lenta, intensa. Mas havia dor nesse beijo. Era como se quisessem provar que estavam vivos.

Horas depois, na base de Elías, os dois se reuniram com o restante dos "Elementos Perdidos".

— Precisamos nos mover, — disse Elías. — Agora que a CLAUSTRO sabe que você pode reverter o Zero-Mente, eles vão vir com força total.

— Que bom, — disse João, olhando o mapa da organização. — Tô cansado de me defender. Tá na hora de atacar.

Ele apontou pra um ponto no mapa: "Base Sombra 04 – Porto".

— Lá eles guardam os arquivos originais. Se destruirmos isso, quebramos o centro de controle.

— E como pretende entrar num lugar que tem reconhecimento facial, retina, voz e código genético? — Natasha perguntou.

João sorriu de lado.

— Porque eu já estive lá… antes de tudo acontecer.

— Como assim?

João então abriu a foto que estava no fundo do pen drive de Elías.

Era uma imagem antiga. Um laboratório.

Um homem sorridente segurando uma criança no colo.

A criança… era ele.

E o homem… tinha o mesmo rosto do atual diretor da CLAUSTRO.

— É meu pai.

Silêncio.

— Eu não sou só um erro, — João disse com os olhos frios.

— Eu sou o projeto original.

— E agora… eu vou terminar o que ele começou.