Os dois estavam no chão do galpão, ofegantes, suados, abraçados como se o mundo lá fora não existisse por um instante.
Natasha tremia. O corpo ainda sentia os efeitos do protocolo. Mas os olhos dela… eram dela de novo.
— Eu quase te matei… — ela sussurrou.
— Mas não matou. Porque você ainda tá aqui. E enquanto você estiver aqui… ninguém vai te controlar de novo.
Ele passou a mão no rosto dela com cuidado. Ela segurou firme.
— Eles entraram na minha mente, João. Me fizeram ver você como um inimigo.
— Eu sou um inimigo. Só que do sistema deles. Não seu.
Natasha o beijou. Lenta, intensa. Mas havia dor nesse beijo. Era como se quisessem provar que estavam vivos.
—
Horas depois, na base de Elías, os dois se reuniram com o restante dos "Elementos Perdidos".
— Precisamos nos mover, — disse Elías. — Agora que a CLAUSTRO sabe que você pode reverter o Zero-Mente, eles vão vir com força total.
— Que bom, — disse João, olhando o mapa da organização. — Tô cansado de me defender. Tá na hora de atacar.
Ele apontou pra um ponto no mapa: "Base Sombra 04 – Porto".
— Lá eles guardam os arquivos originais. Se destruirmos isso, quebramos o centro de controle.
— E como pretende entrar num lugar que tem reconhecimento facial, retina, voz e código genético? — Natasha perguntou.
João sorriu de lado.
— Porque eu já estive lá… antes de tudo acontecer.
— Como assim?
João então abriu a foto que estava no fundo do pen drive de Elías.
Era uma imagem antiga. Um laboratório.
Um homem sorridente segurando uma criança no colo.
A criança… era ele.
E o homem… tinha o mesmo rosto do atual diretor da CLAUSTRO.
— É meu pai.
Silêncio.
— Eu não sou só um erro, — João disse com os olhos frios.
— Eu sou o projeto original.
— E agora… eu vou terminar o que ele começou.