Capítulo 1

Leon atravessou o arco escuro que levava à sala do trono, seus passos ecoando pelo chão de pedra fria. O ar ali era diferente de qualquer outro lugar no castelo - pesado e imóvel.

A atmosfera era gélida, não pelo frio físico, mas pela ausência de vida. Era um lugar onde a morte já havia se instalado há muito tempo e esquecido de partir.

Seus olhos se ergueram para o centro da imensa câmara, onde dois tronos erguiam-se majestosamente. Um vazio. Um símbolo mudo de algo perdido ou de alguém que já não estava ali.

E o outro ocupado.

No assento negro, feito de pedra antiga e recoberto de inscrições esquecidas, repousava um ser cuja mera presença sufocava qualquer Caçador. A escuridão se curvava como um súdito diante de seu rei.

O peso daquela presença era esmagador. Um simples caçador jamais suportaria estar ali sem ser reduzido a nada.

Então, o rei ergueu sua voz.

- Você realmente acredita estar preparado para enfrentar meus irmãos e os Nihilzs? Até mesmo eles falharam, e essa falha trouxe nossa ruína. Você morrerá como um humano consumido por seus próprios arrependimentos.

Antes que Leon possa dizer qualquer coisa, uma voz ecoa em sua mente:

"Garoto, você realmente está disposto a lutar contra eles?"

"Claro, e você?"

"Sempre estive pronto."

Com um sorriso debochado, Leon olha para o ser à sua frente e responde em voz alta, com confiança:

- Estou mais que preparado para enfrentar qualquer um.

Comando Avalon

O ronco do motor ecoava pelo deserto, cortando o silêncio absoluto da paisagem árida. O caminhão avançava lentamente, levantando uma nuvem de poeira que se espalhava no ar seco. O calor era extremo, e o sol brilhava sem piedade, tornando o horizonte um borrão trêmulo.

Leon sentia um aperto no peito, a ansiedade corroendo seus pensamentos. O calor sufocante e os solavancos do caminhão só aumentavam sua inquietação.

Seu coração batia forte, não de medo, mas de antecipação. Havia nervosismo, dúvida... e uma estranha expectativa. O deserto ao redor parecia refletir o que sentia por dentro-um vazio prestes a ser preenchido pelo desconhecido.

Ao seu redor, outros jovens permaneciam em silêncio. Alguns apertavam os punhos, outros respiravam fundo, tentando acalmar os nervos. Havia quem mantivesse a postura rígida, fingindo indiferença, mas Leon sabia a verdade-no fundo, todos ali estavam tomados pela mesma inquietação que ele. Nervosismo, expectativa, medo do desconhecido.

Cada um deles estava prestes a enfrentar o momento que definiria seu futuro. O despertar.

Todos estavam sendo movidos para o Comando Avalon, uma das bases militares de caçadores do governo britânico, responsável pelo ritual de despertar.

O caminhão parou abruptamente, sacudindo todos lá dentro. Alguns jovens se seguraram onde puderam, enquanto outros quase perderam o equilíbrio. Antes que pudessem reagir, a lona traseira foi erguida com um puxão firme, e a luz do sol invadiu o espaço.

Na abertura, um soldado de expressão séria ergueu a mão em um gesto direto.

- Todos para fora. Agora.

Leon pulou para o solo, sentindo o calor ainda mais intenso do sol que parecia queimar sua pele. À sua frente, a base militar erguia-se imponente, como um monstro de ferro e concreto, com suas torres vigiando tudo ao redor. Soldados armados patrulhavam meticulosamente, seus olhos atentos até nos menores detalhes, incluindo os jovens que acabavam de descer dos caminhões.

Ao redor, o cenário era desolador. O deserto se estendia até onde os olhos alcançavam, um oceano infinito de areia e calor. Não havia cidades ou qualquer sinal de civilização além da base. Estavam isolados, cercados pela imensidão do nada.

- Todos em fila! Me acompanhem!

Eles seguiram o oficial pelo complexo da base, a passos firmes e rápidos. O caminho era estreito, passando por corredores e portas de metal. À medida que avançavam, o som de soldados em treinamento preenchia o ambiente.

Passaram por um grande salão onde um grupo de militares se preparava para um exercício de combate. Alguns estavam em pé, praticando formas de luta corpo a corpo, outros estavam em duplas, trocando socos e golpes com precisão, seus movimentos fluindo como uma dança. Ao lado, um pequeno grupo usava poderes, manifestando habilidades. Um jovem estendeu a mão para o chão e fez com que o solo se levantasse, criando lâminas. Outro fez o ar ao redor de seu corpo se comprimir, criando uma esfera de pressão que aumentava a força de seus socos.

Leon observava tudo, os olhos atentos ao movimento ao seu redor. O oficial seguiu em frente, sem dar muita atenção para os treinamentos. Eles passaram por mais salas, cada uma mais distinta que a anterior. Em uma, uma parede de vidro mostrava soldados em treinamento com armas de energia, disparando tiros que se transformavam em explosões de luz.

A cada novo ambiente, Leon sentia a magnitude do lugar aumentar. As demonstrações de força eram impressionantes, e ele não pôde deixar de notar o esforço e a dedicação de cada um dos soldados, enquanto suas habilidades eram testadas e aprimoradas. O caminho parecia interminável, até que finalmente chegaram a uma área aberta.

Vários soldados estavam reunidos, e no centro de todos, um oficial que aparentava ser do alto escalão. Ele estava de pé, com as mãos atrás das costas, usando um uniforme com detalhes em prata que refletiam a luz do sol. Seu rosto era sério, com uma barba bem aparada e olhos azuis penetrantes.

O uniforme ostentava medalhas e insígnias de feitos militares. Sua presença falava mais alto que qualquer palavra.

- Atenção, todos! Façam silêncio! - O oficial falou com uma autoridade que imediatamente silenciou a todos. - Sou o Sargento Hargrave, e a partir deste momento, o processo de despertar de vocês se inicia. Este procedimento é irreversível e envolve risco de ferimentos graves. Mantenham a compostura e sigam cada instrução à risca.

Ele deu um passo à frente, seus olhos fixando em todos à sua frente.

- O que estão prestes a vivenciar não é um simples teste, onde, com um estalar de dedos, vocês despertam poderes e se tornam caçadores. Se acham que isso é uma brincadeira, desistam.

Ele fez uma pausa, permitindo que as suas palavras fossem sentidas por todos.

Leon olhou ao redor, observando os rostos tensos dos outros. Alguns pareciam prestes a desmaiar, outros mordiam os lábios, tentando manter a calma. O ambiente estava pesado, e o ar parecia mais difícil de respirar a cada segundo.

Um nó se formou na garganta de Leon. O medo e a ansiedade começaram a tomar conta dele.

Respirou fundo, forçando-se a se acalmar. Sabia que não podia ceder ao pânico. Ele estava ali por um motivo, e não deixaria isso escapar.

- Os caçadores são classificados em seis ranks: Nebula, Umbra, Ignis, Mare, Solis e Celestia. O rank Nebula abriga os caçadores mais fracos, conforme o seu Eco, é possível ascender até o rank Celestia, onde se encontram os caçadores mais poderosos do planeta.

- Agora, o processo de despertar. Vocês atravessarão uma fenda dimensional, uma passagem para uma realidade alternativa, onde as leis do tempo e do espaço podem ser distorcidas. O que encontrarão lá é desconhecido, assim como os efeitos que isso terá sobre cada um de vocês. Não há garantias de que o despertar se manifestará, nem de que todos serão capazes de enfrentar os desafios dessa experiência. Mas é dentro dessa fenda que a oportunidade de despertar os seus Ecos se apresentará.

Alguns jovens ao redor de Leon trocaram olhares nervosos. Alguns ainda tentavam disfarçar o medo, mas era claro que todos estavam lidando com o desconhecido. Seus rostos estavam pálidos, e as mãos suavam, agarradas à roupa, como se isso pudesse oferecer algum tipo de conforto.

Leon tentou manter a calma, mas estava tão nervoso como qualquer um ali.

O que ele iria encontrar dentro daquela fenda? E seu Eco, o que seria? Ele se questionava sobre a força que seria despertada nele, sobre o que poderia realmente significar aquele despertar.

Ao seu redor, um rapaz com olhos grandes sussurrou para o colega ao lado:

- E se a gente não conseguir? E se... se não voltarmos?

O Sargento observou as reações de todos, e, após alguns segundos de silêncio, decidiu responder à pergunta que pairava no ar.

- Eu garanto que todos sairão vivos - disse ele com uma voz firme. - Mas se irão sair sem ferimentos... isso vai depender de vocês e, principalmente, do seu Eco.

Todos engoliram a saliva a seco.

- Não será fácil - continuou ele, mais baixo, como se estivesse falando mais para si mesmo do que para os outros. - Alguns de vocês podem enfrentar desafios que nem mesmo imaginam. O que acontece dentro daquela fenda, o que ela exigirá de vocês... só o tempo dirá.

Leon sentiu uma sensação estranha, uma mistura de alívio e ainda mais apreensão. A garantia de sobrevivência era reconfortante, mas a incerteza sobre o que aconteceria em seguida ainda pesava.

- Formem dez filas - ordenou, apontando para o grupo. - Vocês irão assinar um termo isentando o governo britânico de qualquer responsabilidade sobre danos psicológicos ou físicos que possam sofrer. Estarão assumindo total responsabilidade pelos riscos.

Após todos se organizarem e formarem as dez filas. Os soldados próximos se moveram de maneira coordenada, entregando uma prancheta a cada um dos jovens com o termo.

- Antes que assinem, se querem desistir, agora é a última chance. Basta levantar a mão.

O silêncio se estendeu. Todos os jovens estavam paralisados, seus olhos fixos nas pranchetas, mas nenhuma mão se ergueu.

Hargrave soltou um sorriso irônico, seus olhos observando o grupo com uma mistura de ceticismo e curiosidade.

- Olha que orgulho. É bem raro ninguém levantar a mão. Esse grupo parece ter bastante pessoas promissoras. - Ele fez uma pausa, passando os olhos de um a um, como se estivesse avaliando cada um ali, calculando quem poderia realmente suportar o que estava prestes a acontecer.

O tom dele era frio, mas havia uma leve admiração por trás de suas palavras. Para ele, a coragem não era algo comum, e ver aquele grupo de jovens decididos, sem hesitar, provocava um interesse. Ele sabia que, no final, a maioria não iria conseguir despertar um Eco surpreendente, mas a dúvida estava ali: seria esse grupo a exceção?

- Estou fazendo o certo? Eu realmente quero virar um caçador? - Leon pensou, sentindo a dúvida crescer dentro de si. O termo em suas mãos parecia pesar mais do que o simples papel que era.

Ele respirou fundo, apertando o papel com firmeza. A dúvida persistia, mas ele sabia que não havia mais tempo para hesitar.

Com um movimento rápido e decidido, ele assinou. "É melhor me arrepender com o termo assinado, do que antes", pensou consigo mesmo. Não havia mais volta agora.

Após todos assinarem, Hargrave ergueu uma de suas mãos para o seu lado esquerdo, que logo começou a emitir um brilho vermelho intenso, característico do poder que movia os Ecos, o chamado Espírito. O ambiente ao redor mudou.

Com um movimento, a mão de Hargrave se fechou, e, como um sinal, os bunkers atrás dele começaram a se abrir com um som pesado de metal rangendo. Aos poucos, se revelaram fissuras no ar. Essas fissuras, irregulares e imponentes, emanavam ondas de vento forte, jogando poeira para longe.

- Essas são as fissuras - disse Hargrave. - Não se espantem. Cada uma delas está ligada diretamente ao ritual de despertar. Quando forem chamados, vocês entrarão. O que acontecer lá dentro depende de cada um de vocês.

Ele fez uma pausa, observando os jovens com atenção.

- Por enquanto, fiquem em silêncio e aguardem até que seja sua vez. Boa sorte a todos.

Hargrave deu as costas a todos, caminhando com passos firmes enquanto deixava o local. Sem mais palavras, ele se afastou, desaparecendo por uma porta ao fundo.

Os outros soldados, igualmente silenciosos, começaram a se mover. Eles se aproximaram das fissuras, suas mãos gesticulando de maneira precisa, chamando um por um os jovens para se aproximarem da entrada.

- Leon Vance - chamou um dos soldados.

Leon se aproximou da fissura, e entrou.

Ao entrar na fenda, o mundo mudou instantaneamente. A luz desapareceu, engolida pela escuridão, e um frio cortante se instalou em seus ossos. A névoa ao redor era tão densa que mal conseguia enxergar além de alguns metros, e a sensação de isolamento era esmagadora.

O som de sua respiração se tornou abafado, quase inaudível. Não havia qualquer sinal de vida, apenas um silêncio mortal.

- Alguém? - chamou Leon, sua voz ecoando no vazio.

O frio aumentava a cada segundo, e Leon apertou os braços ao redor do corpo, tentando manter-se aquecido.

Ele seguiu andando sem rumo, perdido na escuridão. O frio o envolvia, e a névoa parecia engolir qualquer vestígio de sua presença. Até que um som profundo e irregular cortou o silêncio. O coração de Leon disparou, e o medo, frio e instintivo, o fez virar o rosto rapidamente para a direita.

Foi então que seus olhos se fixaram em uma sombra, uma presença enigmática e desconcertante, observando-o de longe. Não havia muitos detalhes visíveis, era algo como um cavaleiro, mas o que mais o aterrorizava era o olhar vazio que parecia atravessar a névoa e se fixar diretamente nele. A sombra não se movia, como se estivesse aguardando algo, como se soubesse exatamente quem Leon era.

A sombra começou a se mover lentamente, como se estivesse apenas observando, testando a reação de Leon. Mas, a cada passo que dava, sua velocidade aumentava. Primeiro foi um leve avanço, depois um passo mais rápido, até que sua movimentação se tornou uma corrida. A respiração de Leon se acelerava a cada passo.

Ele não teve tempo para reagir. A sombra disparou, uma força incontrolável, e antes que Leon pudesse sequer pensar em se mover, ela estava em sua frente.

Num piscar de olhos, o impacto foi brutal. O soco atingiu seu peito com uma violência esmagadora, e ele foi lançado para trás. O ar foi arrancado de seus pulmões enquanto ele cuspia sangue.

Leon tentou se levantar, mas seu corpo ainda não havia superado o primeiro impacto. Antes que pudesse reagir, a sombra estava sobre ele novamente. Ela o agarrou pela camisa e o levantou do chão, seus pés sem tocarem o solo.

Um soco certeiro atingiu sua barriga, fazendo-o curvar-se. A dor foi imediata, e antes que pudesse se recuperar, um golpe lateral o atingiu com força, jogando-o para o lado. Ele rolou pelo chão. Sua respiração se tornava cada vez mais difícil.

"O que é isso? O que está acontecendo?" - pensou, desesperado.

Ele mal conseguia entender o que estava enfrentando. A sombra era uma figura alta e esguia, algo entre uma sombra e uma presença física. Ela se movia com a graciosidade de um cavaleiro em combate, mas sem uma espada. Os punhos eram sua lâmina.

- Um cavaleiro, mas sem espada? - a dúvida martelava em sua mente, sem resposta.

Leon se levantou com dificuldade, sua visão turva, mas a determinação em seus olhos ainda permanecia. Ele encarou a sombra, um sorriso amargo se formando em seus lábios enquanto dizia, com a voz rouca:

- Se quer me matar, recomendo que coloque mais força nisso.

A sombra, como se tivesse ouvido um desafio, parou por um momento, o vazio olhou para Leon. Em seguida, sem aviso, ela avançou.

Leon tentou desviar, mas não foi rápido o suficiente. Um soco atingiu seu rosto, fazendo sua cabeça mexer. Ele cambaleou, mas se manteve de pé, o sangue escorrendo pela boca.

Sem perder tempo, a sombra avançou outra vez, desferindo uma série de socos rápidos. Leon tentou bloquear, mas a dor e o cansaço já estavam tomando conta do seu corpo. Um chute acertou seu braço direito, o jogando para o lado.

Com dificuldade, ele se recompôs, ainda ofegante. A sombra vinha para mais um ataque, e Leon, conseguiu se mover para o lado. Num reflexo desesperado, deu um soco rápido, acertando a lateral da sombra. Não foi um golpe forte, mas o suficiente para fazê-la recuar por um instante.

- Parece que eu te acertei né?

A sombra, agora mais determinada, aumentou a pressão que emitia. Ela entrou em uma pose de combate, com os dedos esticados, apontando diretamente para o coração de Leon, uma lâmina letal prestes a acertá-lo. Em um avanço, ela se lançou em sua direção.

No último segundo, leon agarrou o braço da sombra com ambas as mãos, interrompendo o golpe mortal. O impacto foi forte, mas ele manteve a força, os dedos da sombra a milímetros de seu peito.

Havia algo diferente nele. Seu corpo irradiava uma luz intensa, de um tom dourado vibrante. Seus olhos brilharam com o mesmo tom, iluminando a escuridão ao seu redor.

A sombra tentou reagir, tentando forçar seus dedos em direção ao coração de Leon, mas ele não cedeu. Sua força aumentou, a energia dentro dele transbordava e, com um grito interno, ele agarrou o braço da sombra e a jogou para o chão.

Uma onda de energia percorreu suas veias.

Foi quando sua mente foi tomada por uma sensação nova, um impulso quase instintivo.

- Mate todos perante ao imperador. - a frase ecoou em sua cabeça, clara e impositiva, como se fosse uma ordem direta.

A sombra à sua frente recuou por um instante, o silêncio pesando no ar. Leon perguntou em tom irônico:

- Ah, está com medo, é?

Leon ergueu a mão para frente, e sem hesitar, falou com firmeza:

- Inventário do Governante.

No instante em que as palavras saíram de sua boca, uma espada branca, com detalhes dourados, surgiu em suas mãos. A lâmina era sublime, com um design perfeito, como se tivesse sido forjada exclusivamente para ele. Seu equilíbrio era incomparável, e perfeito.

Ao tocá-la, Leon sentiu como se tivesse passado a vida inteira treinando com aquela lâmina, dominando suas técnicas.

A espada parecia se fundir com seu corpo, cada movimento fluindo com uma naturalidade que ele nunca imaginaria. Suas mãos, seus músculos, seus pensamentos-tudo parecia se alinhar perfeitamente com a lâmina, a extensão de seu próprio ser.

Nesse momento, uma certeza imensa tomou conta de Leon. No domínio de espadas, ninguém, nem mesmo a sombra à sua frente, ousaria se aproximar dele.

Leon acelerou, Quando alcançou a sombra, o impacto foi brutal. As lâminas se chocaram com um estrondo.

Leon girou a espada, desferindo um golpe horizontal que a sombra bloqueou com facilidade. O som metálico do choque ecoou na escuridão. A sombra saltou para trás, recuando como se fosse uma dança coreografada. Leon avançou, aproveitando o espaço, mas a sombra foi mais rápida, contra-atacando com uma estocada vertical, sua lâmina de ar invisível direcionada ao peito de Leon.

Leon virou seu corpo para desviar do ataque, fazendo com que a lâmina da sombra cortasse apenas o ar. O confronto era intensamente rápido, suas espadas se chocando a cada movimento, criando uma série de faíscas.

As duas lâminas se chocaram novamente, agora com uma força que fez o chão tremer.

Leon, com um impulso de força, avançou, desferindo um golpe feroz de cima para baixo. A sombra tentou bloquear com as mãos, mas a lâmina de Leon passou, criando um corte profundo na sombra. Por um breve momento, a sombra vacilou, mostrando um sinal de hesitação.

Aproveitando o momento de hesitação, ele girou a espada com precisão letal, cortando-a de forma limpa e decisiva.

Agora, a sombra estava o vendo de baixo para cima, sua cabeça repousando sobre o solo, enquanto seu corpo permanecia imóvel ao lado de Leon.

A sombra desapareceu lentamente, como se dissolvesse na escuridão que a havia formado, deixando apenas o silêncio no ar. Leon permaneceu de pé, ofegante, com a espada ainda em sua mão, observando o vazio onde a figura ameaçadora esteve instantes antes.

O peso da luta, a dor e o cansaço se misturaram, mas algo mais profundo ressoava dentro dele. Ele não só havia vencido a sombra - ele havia vencido a si mesmo.

Leon olhou para o céu sombrio acima de si e, embora ainda estivesse exausto, sentiu um novo poder crescendo dentro de sua alma. Ele sabia, com certeza, que aquilo era o seu Despertar.

Ele parou, tentando recuperar o fôlego e acalmar a mente, mas uma sensação estranha o invadiu-uma energia pulsou logo atrás dele. Virando-se rapidamente, seus olhos se fixaram na mesma fissura que havia atravessado antes, agora diante de si.

Enquanto se aproximava, A voz ecoou novamente em sua mente:

- Você não é digno.

Surpreso com as palavras, Leon hesitou por um momento. Mas então, reunindo toda a coragem, avançou em direção à fenda, agora com uma confiança renovada.

Ao emergir da fenda, Leon sentiu o choque da realidade. O clima quente o envolvia, o chão sob seus pés era um lembrete gritante de que havia retornado.

Seu peito subia e descia em respirações pesadas, a adrenalina ainda corria em suas veias. Instintivamente, ele olhou para sua mão, onde antes segurava a espada. Mas ela não estava mais lá. Nenhum peso, nenhuma presença. Apenas sua mão vazia, trêmula.

"A espada... Sumiu?"

Ele apertou os dedos, sentindo os músculos tensos.

- Você está bem? - a voz de um soldado o arrancou de seus pensamentos. O homem o observava com atenção, analisando os hematomas espalhados por seu corpo. - Precisa de atendimento médico?

Leon piscou algumas vezes, voltando ao presente. A dor começava a se manifestar agora que a adrenalina diminuía, mas ele não queria parecer fraco.

- Não... estou bem. - Sua voz saiu rouca, mas firme. - Eu aguento.

O militar não pareceu convencido, mas apenas assentiu.

- Certo. Me acompanhe.

Leon olhou para o militar à sua frente, mas antes de segui-lo, seus olhos vagaram pelo restante das fissuras.

Outros jovens saíam das fissuras, cada um carregando no corpo e no olhar as marcas do que haviam enfrentado. Alguns estavam visivelmente machucados, com arranhões e hematomas espalhados pelo corpo. Outros pareciam fisicamente bem, mas a tensão estampada em seus rostos denunciava o impacto da experiência.

O que mais prendeu sua atenção, porém, foram aqueles que mal davam um passo antes de serem cercados por médicos. Alguns eram carregados às pressas para a emergência, seus corpos cobertos de sangue, tremendo de exaustão ou inconscientes.

O passos apressados tornavam o ambiente caótico. Leon sentiu o peso da realidade cair sobre ele.

"Se eu me tornar um caçador... isso vai ser parte da minha vida."

Engolindo em seco, ele respirou fundo, tentando afastar a inquietação.

Leon seguiu o militar em silêncio. Conforme avançavam, avistou um grupo de jovens organizados em uma fila. No fim dela, uma fissura brilhava, engolindo aqueles que passavam por ele.

O militar parou ao lado de Leon e indicou a fila com um leve movimento de cabeça.

- Espere até chegar sua vez - disse antes de se afastar sem mais explicações.

Leon observou os outros candidatos entrando no portal, tentando entender o que significava aquilo. Com um suspiro, caminhou até a fila.

Leon observou a fila avançar lentamente, seu olhar se fixando no portal à frente. Ao lado dele, uma oficial com uma prancheta conversava rapidamente com cada um antes de permitir sua entrada.

Ele não conseguia ouvir o que ela dizia, mas notou a expressão séria em seu rosto. Alguns candidatos apenas concordavam antes de seguir, enquanto outros pareciam tristes, como se estivessem digerindo as palavras dela.

Leon estreitou os olhos, curioso. "O que será que ela está dizendo?"

Leon aguardou pacientemente até que sua vez chegasse na fila.

Finalmente, a fila andou, e Leon se encontrou diante da oficial.

- Nome? - perguntou ela, sem rodeios.

- Leon Vance - respondeu ele.

Ela fez uma anotação rápida antes de erguer os olhos novamente.

- Você conseguiu manifestar Espírito ou seu Eco? - perguntou, sem desviar o olhar dos papéis.

- Acho que sim.

A oficial ergueu levemente as sobrancelhas, mas não comentou. Apenas escreveu algo rapidamente.

- Você consegue ouvir ele?

Leon respirou fundo. Ainda lembrava da voz imponente ecoando em sua mente dentro da fenda, mas desde que saiu... nada. Um silêncio absoluto.

- Ainda não - admitiu.

Ela fez mais algumas anotações antes de erguer o olhar para ele.

- Certo. Esse portal levará você para Londres. Assim que atravessar, vá assim que possível para a Associação de Caçadores. A segunda parte do teste será realizada lá.

Ela fechou a prancheta e fez um leve aceno com a cabeça.

- Pode atravessar. Boa sorte.

Leon olhou para o portal à sua frente. A energia ondulava em seu interior, instável, convidativa. Respirou fundo, firmou os pés no chão e, sem olhar para trás, deu o primeiro passo.

1 dia depois...

- Ei, como assim? tem algo de errado com meu Rank?