Capítulo 25 – O Peso de uma Espada Invisível

A tarde chegou, e os alunos da Classe Elite foram levados até o pátio de treinamento da Academia Arcadia. O campo de batalha de pedra encantada se estendia sob o céu claro, cercado por pilares rúnicos que absorviam o excesso de mana.

O instrutor, um veterano mago de guerra, com cicatrizes no rosto e olhos experientes, caminhava diante dos alunos com uma expressão rígida.

— “Hoje, a aula será prática. Duplas. Combate supervisionado. Nosso objetivo não é vitória, mas controle de mana, domínio técnico e precisão.”

Os murmúrios começaram, mas cessaram assim que ele ergueu o grimório flutuante ao seu lado.

— “As duplas foram definidas previamente. Nenhuma troca será permitida.”

Ele começou a leitura:

— “Sakura Minazuki e Kael Duvn.”

Sakura se levantou com olhos afiados. Ela ainda carregava a humilhação da derrota contra Hiro. Não podia falhar de novo.

— “Saori Kurosawa e Elaine Winterhall.”

Saori soltou um “tch” irritado.

— “Hikari von Richter e Leon Castner.”

Leon quase engasgou, tentando disfarçar o medo. Todos conheciam a fama de Hikari como uma estudante fria e silenciosa… vinda de uma família nobre de mercadores do leste. Uma casa respeitável, mas sem grandes feitos militares. Ninguém sabia a verdade.

Exceto os instrutores. E Hiro.

— “Hiro Tanaka e Yumi Kazehara.”

O campo silenciou.

Até Yumi arregalou os olhos. A Santa não participava de treinos físicos. Ela era isenta por completo das aulas de combate.

O instrutor logo explicou:

— “A Santa apenas observará. Tanaka será avaliado em um exercício de demonstração de mana contra um boneco mágico de grau avançado.”

A tensão se dissipou, embora muitos ainda cochichassem, lançando olhares entre o plebeu e a intocável Santa.

Yumi se aproximou calmamente.

— “Parece que vamos trabalhar juntos de novo…”

— “Você só vai observar,” Hiro respondeu, seco. Não por arrogância, mas objetividade. Era como se ele já estivesse concentrado no que viria.

Ela assentiu. Mas por dentro, o coração batia de forma estranha.

“Ele não me olha como uma santa. Ele me vê como… uma igual..."

O boneco mágico se ergueu. Era maior que Hiro, com membros de metal encantado e reflexos que simulavam um espadachim veterano.

— Utilize qualquer magia ofensiva. Avaliaremos seu controle e eficiência. Não destrua o boneco.

As provocações começaram.

— Vamos ver se o prodígio do teste tem mesmo alguma coisa.

— Vai tropeçar na própria mana…

Hiro fechou os olhos.

— Aqua.

Um redemoinho claro envolveu seus pés, subindo em espiral até o torso. Água moldável, densa, controlada.

— Fulmen.

Relâmpagos estalaram entre seus dedos, dançando pela pele como cobras vivas. Seus olhos brilharam por um segundo.

“Aumentar reflexos. Impulsionar sinapses.”

Mas então... algo aconteceu.

O ar ao redor de Hiro vibrou.

Um brilho azulado sutil cobriu seu corpo.

Aura.

— Ele está ativando aura? — sussurrou um instrutor.

— Mas... ele já está conjurando magia... disse outro, incrédulo.

Silêncio.

“Isso… é impossível…”

Aura e magia não coexistem.

Desde os tempos antigos, aprendia-se:

ou você conjura mana externa (magia), ou circula mana interna (aura).

Tentar ambos ao mesmo tempo sobrecarrega o núcleo — colapsa o fluxo.

E, no entanto, Hiro fazia exatamente isso.

Aura estabilizada.

Magia ativa.

Simultaneamente.

Instrutores começaram a se levantar.

— Impossível.

— Isso desafia os princípios fundamentais...

— Ele vai... implodir?

Mas Hiro… apenas avançou.

Com Fulmen ativado, moveu-se tão rápido que o boneco sequer reagiu.

Um chute preciso no ponto de equilíbrio. O boneco cambaleou.

Antes da recuperação, Hiro girou o corpo, moldando uma lâmina com Aqua.

E então:

— Ventus.

Os ventos responderam, rodando ao redor da lâmina aquática.

— Cryo.

A água congelou de forma instantânea, tomada por um brilho pálido.

Fusão mágica.

Aqua + Ventus = Cryo. Gelo. Um dos elementos avançados mais raros.

Ele lançou.

O impacto congelou as juntas do boneco. As engrenagens internas pararam. Vapor branco subiu.

O boneco travou por completo.

Silêncio total.

Yumi encarava com um misto de surpresa e… fascínio.

“Ele combinou dois elementos de forma natural. Como se fosse treinado por anos…”

Sakura cerrou os punhos.

Saori mordeu o lábio.

Hikari inclinou levemente a cabeça.

O instrutor aproximou-se, quase com receio.

— Tanaka… você usou aura e magia… ao mesmo tempo.

— Sim.

— Mas isso... não é possível.

— Talvez só não seja... comum.

Ele não sorriu. Não provocou.

Apenas falava como quem conhecia os limites — e já os tinha quebrado antes.

Yumi caminhou até ele.

— Você treinou isso... sozinho?

Hiro encarou o céu por um momento.

— O mundo ensina. Se você estiver disposto a aprender.

Ela sorriu de leve… e dessa vez, sentiu o coração bater forte. De novo.

No alto da torre dos instrutores, dois veteranos observavam a cena pela lente mágica.

— Esse garoto… de onde veio?

— Os registros dizem que é um plebeu do interior. Mas… essas técnicas. Esse controle. Ele parece alguém forjado em guerra.

— E a garota von Richter…?

— A família dela não tem tradição militar… mas ela desferiu golpes como uma assassina treinada. Fria, veloz, calculista.

Eles se entreolharam.

— O que está acontecendo com essa nova geração…?

Lá embaixo, Hiro caminhava ao lado de Yumi, enquanto os demais alunos eram dispensados. Os olhares ainda estavam sobre ele. Julgando. Medindo. Temendo.

Sakura o observava como uma guerreira buscando entender um inimigo invisível.

Saori bufava, inconformada com o talento 'sem pedigree'.

E Hikari… fitava suas costas, como se já soubesse que ele era muito mais do que aparentava.

Mas Yumi…

Ela apenas o seguia. Calmamente. Como se não quisesse perder a presença de alguém que finalmente… a tratava como uma garota normal.