Capítulo 24 – O Plebeu que não Devia Existir

A sala da Classe Elite era silenciosa. Os alunos já estavam sentados, mas os olhos ainda estavam presos a uma única figura: Hiro Tanaka, o plebeu que derrotara Sakura Minazuki como se estivesse apenas treinando com um boneco.

Ele entrou sem pressa. Nenhuma arrogância. Nenhum sorriso. Apenas caminhou até o fundo da sala e se sentou, como se nada tivesse acontecido.

Sakura, na primeira fileira, sentia a pele arder com a lembrança. golpe no orgulho era incurável.

“Ele não usou espada. Não usou magia. E ainda assim… me destruiu. Como pode um plebeu…?”

Ela cerrou os punhos. O ódio se misturava à humilhação. Mas havia algo mais: medo.

Saori Kurosawa girava a caneta mágica entre os dedos, olhando discretamente para Hiro.

“Aquele garoto… é um problema.”

Ela se lembrava bem do que já havia dito antes:

— Ora, o que os instrutores estão pensando? Deixando um lixo desse entrar na classe elite só por que deu sorte?

E ele… ele não respondeu.

Ele simplesmente a ignorou.

“Nem mesmo dignou-se a retrucar. Como se minhas palavras fossem vento…”

E isso a incomodava mais do que se ele tivesse reagido com raiva.

Hikari von Richter estava sentada sozinha, no lado oposto da sala. Braços cruzados. Olhos semicerrados. Observando.

“Ele é perigoso.”

Sua mente treinada notava os detalhes que os outros não viam: a respiração controlada, a postura relaxada, mas pronta para reagir. Era como olhar para um lobo disfarçado de cordeiro.

“Preciso descobrir o que ele quer. E por que está aqui.”

Yumi Kazehara, com os longos cabelos prateados caindo sobre os ombros, desviava o olhar sempre que Hiro virava o rosto em sua direção. Ela ainda sentia o coração inquieto pela conversa mais cedo.

“Ele olhou nos meus olhos… como se eu fosse uma pessoa comum. Ninguém nunca faz isso.”

Ela sorriu sozinha por um breve instante. Mas o sorriso desapareceu assim que viu Hiro abaixar os olhos e escrever algo no caderno.

O instrutor entrou, pondo fim ao burburinho silencioso. Era um veterano, mago de renome, com olhos afiados e mana densa.

— Bom dia, Classe Elite. Hoje, iniciaremos com teoria mágica. Mais tarde, uma simulação prática. Mas antes disso, preciso lembrar vocês… aqui não há favoritismo. Todos serão avaliados pelos resultados.

Ele olhou brevemente para Hiro, e então para Sakura.

— Até mesmo os prodígios podem cair. E até mesmo os plebeus podem surpreender.

O comentário lançou uma sombra na sala.

Todos sabiam para quem era dirigido.

Enquanto a aula teórica começava, runas flutuavam no ar, diagramas eram desenhados com traços mágicos, e fórmulas de manipulação elemental tomavam o centro do quadro.

Mas as atenções, mesmo fingindo foco, ainda pairavam sobre Hiro Tanaka.

O plebeu.

O impassível.

O garoto que não devia existir.