A manhã nasceu sob um céu claro e azul, como se o próprio mundo reconhecesse a importância do dia. No campo de magia da Classe Elite, os alunos estavam dispostos em semicírculo, atentos diante de um homem alto de cabelos prateados curtos, envolto em um manto azul-escuro. Era o professor Alphonse, um dos magos mais respeitados da Academia.
— Hoje começamos nossa primeira aula prática de magia elemental, — anunciou Alphonse com voz firme. — Testaremos sua afinidade e controle. Um domínio sólido de pelo menos um elemento é o mínimo esperado da Classe Elite.
Do lado, Saori Kurosawa cruzou os braços com um sorriso arrogante. Ela deu um passo à frente sem que fosse chamada.
— Se me permite, professor... posso demonstrar.
Alphonse arqueou uma sobrancelha, mas assentiu. Saori ergueu as mãos com graciosidade. Uma a uma, as magias surgiram.
— Ignis.
Uma chama flutuou sobre a palma da mão.
— Aqua.
Uma esfera de água girou em seu outro punho.
— Ventus.
O vento soprou ao redor dela com força controlada.
— Terrae.
O chão tremeu levemente enquanto pedras se erguiam.
As manifestações giraram ao redor dela como uma dança mágica. Os murmúrios de admiração foram inevitáveis.
— Domínio perfeito dos quatro elementos. Essa é... Saori Kurosawa, — comentou Alphonse, satisfeito.
Ela recuou com um olhar de superioridade.
Então, chegou a vez de Hiro Tanaka.
— Próximo, — chamou o professor, olhando para a prancheta. — Hiro Tanaka.
O murmúrio cessou. O plebeu. O mesmo que humilhou Sakura Minazuki dias antes.
Yumi Kazehara, sentada na arquibancada, inclinou-se para a frente sem perceber. Seus olhos estavam fixos nele.
Hiro caminhou até o centro. Nenhuma hesitação, nenhum orgulho. Apenas o silêncio de alguém que já fez isso mil vezes.
Ele ergueu a mão.
— Ignis.
Uma chama firme, compacta.
— Aqua.
Água cristalina que serpenteava entre os dedos.
— Ventus.
O vento dançava ao redor de seu corpo.
— Terrae.
O chão respondeu, levantando uma pequena plataforma sob seus pés.
E então… ele fechou os olhos por um segundo.
— Fulmen.
O relâmpago surgiu.
Mas... instável. Estalando com pequenas faíscas, quase se descontrolando, antes de Hiro dissipá-lo com um gesto calmo.
O campo silenciou.
Alphonse o encarava, incrédulo.
— Domínio firme de quatro elementos. Afinidade com cinco.
— Tsc… — Saori rangeu os dentes.
“Isso é impossível…"
Yumi apertou o peito, sem entender a mistura de espanto e... orgulho? Por que ela se sentia feliz por ele?
Mais tarde naquele dia, no dormitório, Hiro sentou-se no chão do quarto, segurando uma carta recém-aberta.
“Meu querido irmão Hiro!
VOCÊ TÁ NA CLASSE ELITE? COMO ASSIM?!
Mamãe chorou, Papai ficou sem falar por uns 20 minutos, e eu tô escrevendo com as mãos tremendo!!!
A gente sempre soube que você era incrível, mas na classe elite?? É onde vão os nobres!
Eu tô tão feliz!!! Só não esquece de escrever mais, tá? A gente sente sua falta.
Com amor, Mio.”
Hiro leu o papel amarelado por um tempo, sem mudar a expressão.
Mas suas mãos apertaram a folha com leveza.
Enquanto isso, na arquibancada vazia, Yumi ainda estava sentada. Não queria ir embora. Ela não sabia o motivo.
Seus olhos o buscavam mesmo sem intenção.
“Por que eu olho tanto pra ele…?”
Quando os olhos dele se voltaram brevemente na direção dela, Yumi desviou os seus imediatamente, o coração batendo com força no peito.
“Isso não faz sentido… não pode ser… mas por que só com ele?”
Ela apertou o manto contra o peito.
“Por que só ele me olha como se eu fosse… humana?”