Capítulo 33 — Algo que pulsa

O pergaminho estava quase completo. A caligrafia de Hiro era precisa e limpa, e mesmo a de Yumi, geralmente impecável, tinha trechos trêmulos e linhas tortas — consequência de mãos que não paravam de suar.

Eles haviam escrito juntos, linha por linha, como colegas. Mas para ela, cada segundo ao lado dele havia sido um turbilhão de emoções.

A luz do fim de tarde começava a ceder lugar ao tom alaranjado do crepúsculo. Na sala vazia, só restavam eles dois — e o silêncio entre ambos agora parecia... confortável.

Hiro se levantou primeiro.

— Acho que terminamos. Vou entregar ao professor.

Ele pegou o pergaminho e foi em direção à porta.

Yumi permaneceu sentada.

O coração ainda acelerado, as palavras dele repetindo na mente como um feitiço impossível de dissipar:

“Porque você é.”

Ela levou a mão ao peito, onde o símbolo sagrado da sua ordem repousava sob o uniforme. O que era aquilo que sentia? Um calor... incômodo e doce ao mesmo tempo. E pela primeira vez, ela teve medo. Medo de não entender a si mesma.

Quando Hiro voltou, ela rapidamente se levantou, tropeçando um pouco ao empurrar a cadeira, o que fez ele olhar.

— Você tá bem?

Ela corou, tentando disfarçar.

— S-sim! Só... me distraí.

Ele apenas assentiu.

Mas, quando estava prestes a ir embora, ela o chamou de novo.

— Hiro.

Ele parou na porta, virando um pouco o rosto.

Yumi hesitou, depois baixou o olhar e sussurrou:

— Obrigada. Por me tratar assim.

Hiro olhou por alguns segundos. Depois apenas respondeu com um aceno de cabeça.

— Você não precisa agradecer por isso.

E saiu.

Yumi ficou ali, sozinha, com o coração batendo mais alto do que nunca.

Em outro lugar da torre, alguém observava.

Hikari von Richter, sentada na beirada de uma janela do segundo andar, viu os dois saindo da sala em momentos diferentes. Ela havia seguido Hiro até ali, silenciosa como uma sombra.

Ela sorriu levemente, os olhos negros brilhando como vidro sob a lua nascente.

— Então... é ela?.... O meu alvo — murmurou para si mesma.

Sua voz era quase curiosa. Mas o olhar era de quem havia detectado uma nova variável. Uma ameaça. Um obstáculo.