Capítulo 46 – Magia é Emoção

O campo de treinamento mágico da Arcadia estava vibrando com energia.

Círculos de conjuração haviam sido traçados no chão por runas encantadas. No centro, um homem alto de cabelos pretos — o Professor Velius, especialista em conjuração mágica — observava os alunos com severidade.

— A aula de hoje é simples — disse ele, com a voz grave. — Conjuração elementar de primeiro círculo. Controle, forma e eficiência. Quem não conseguir gerar uma Lança de Fogo... está abaixo do nível da Classe Elite.

Um murmúrio de tensão percorreu o grupo.

Saori Kurosawa, com seus cabelos dourados amarrados em um rabo de cavalo alto, bufou, impaciente.

— Isso é moleza. — disse ela, já posicionando as mãos para conjuração. — Não sei como esses amadores chegaram aqui.

Ela ergueu a palma.

— Ignis Lance!

O círculo vermelho brilhou, e uma lança flamejante disparou com força, acertando o alvo de pedra com perfeição. Uma explosão pequena, mas precisa.

O professor Velius arqueou uma sobrancelha.

A chama surgiu com exatidão, cortando o ar e acertando o alvo com força e forma perfeitas. A pedra explodiu em brasas.

O professor Velius arqueou uma sobrancelha

— Terceiro círculo mágico, pleno controle de forma e intensidade. Excelente — elogiou Velius.

Saori soltou um risinho.

— Óbvio.

Então, a voz do professor cortou o ar:

— Próximo. Hiro Tanaka.

Todos os olhares se voltaram. Alguns com desprezo, outros com mera curiosidade.

Hiro caminhou calmamente. Sua expressão era serena, quase entediada. Esticou a mão direita, todos sentiram a mana girar.

O círculo brilhou com intensidade absurda.

Yumi, observando da lateral, sentia o coração disparar.

— Ele vai mesmo…?

Hiro estendeu a mão. Sua mana circulou com fluidez, sem nenhuma hesitação. O círculo mágico surgiu de forma quase perfeita — um traço refinado, limpo, como se desenhado por um artista experiente.

— Ignis Lance.

A magia explodiu no alvo com potência e precisão assustadoras, rachando parte da pedra.

O silêncio foi absoluto.

A lança flamejante surgiu em um estalo, dançando no ar como se tivesse vida própria, e atingiu o alvo com tanta força que partiu a rocha ao meio.

Velius arregalou os olhos.

— Isso... isso é controle de terceiro círculo mágico.

Silêncio.

Saori, imóvel, rangia os dentes por dentro.

"Terceiro círculo?! Esse plebeu maldito está no mesmo nível que eu?! Impossível. Não, pior — a forma do feitiço dele foi mais pura que a minha. ARGH! Como esse lixo ousa!?"

Ela manteve o sorriso no rosto, mas por dentro, já estava jogando Hiro contra uma parede imaginária.

Yumi, por outro lado, observava com os olhos brilhando.

" Ele é... impressionante. De novo. Como sempre. Ele… ele não para de surpreender…"

Na mente de Hiro, uma memória surgiu:

— Concentre a mana no núcleo, visualize o feitiço como uma extensão da emoção. Magia é emoção, idiota. Se não sente nada, a magia não responde! — dizia Saori do futuro, chutando um balde perto dele.

— Tá bom, tá bom! Eu tô tentando, para de me bater com o livro de feitiços!

— Então tenta melhor!

O Hiro do presente deixou escapar um leve sorriso.

— Valeu por ser chata, Saori.

— O quê!? — ela franziu o cenho, mas estava corada.

Mais tarde, no dormitório feminino da ala nobre…

Yumi Kazehara estava sentada na beira da cama, olhando para a janela, onde a lua refletia suavemente sobre os jardins.

Atrás dela, Mari, organizava os lençóis e cantarolava baixinho.

— Então, Yumi-chan… o que achou da aula hoje?

— …Ele é diferente. Quando conjurou a magia, foi como se… tudo ao redor tivesse parado. Não foi só poder. Foi... sentimento.

— Hmmm — Mari se aproximou sorrateira, cutucando a bochecha da Santa com um dedo. — Coração batendo forte? Vontade de ver ele de novo? De conversar? De sorrir quando ele sorri?

Yumi desviou o olhar, corando violentamente.

— …Eu… sim. Eu acho que… estou apaixonada.

Mari caiu de joelhos, teatral.

— AHHH! FINALMENTE, YUMI-CHAN CONFESSOU! O PRIMEIRO AMOR DA SANTA!

— Shhh! Mais baixo! As paredes têm ouvidos!

— Espera aí, espera aí! Eu tenho o livro perfeito!

Ela correu até a prateleira e puxou um enorme tomo rosa com detalhes dourados e o título brilhando: “Manual do Amor: Como Conquistar um Cavaleiro Encantado em Dez Passos Irreversíveis!”

— Aqui, Volume 3, Capítulo 12: “Como fazer ele te notar mesmo se você for uma princesa amaldiçoada sem rosto!”

— …O quê?

— Tática número 1: “Acidentalmente tropece e caia nos braços dele. Três vezes por dia.”

Tática número 2: “Finja que está sendo perseguida por bandidos e peça ajuda dramática.”

Tática número 3: “Desmaie propositalmente perto dele. Clássico.”

Tática número 4: “Roube uma peça de roupa dele e diga que vai devolver só se ele te abraçar.”

— …Isso são crimes, Mari.

— Mas funcionam nos livros! Olha aqui! A Princesa Lillith desmaiou 17 vezes e no final casou com o Dragão Guerreiro.

Yumi suspirou e riu.

— Você realmente não tem experiência real, tem?

— Amor é teoria, Yumi-chan! E eu li 126 romances épicos! Um deles TEM que funcionar!

Yumi apertou o travesseiro contra o rosto, sorrindo em silêncio.

"Mesmo assim… se for por ele… talvez eu tente uma dessas maluquices."