O campo de treinamento mágico da Arcadia estava vibrando com energia.
Círculos de conjuração haviam sido traçados no chão por runas encantadas. No centro, um homem alto de cabelos pretos — o Professor Velius, especialista em conjuração mágica — observava os alunos com severidade.
— A aula de hoje é simples — disse ele, com a voz grave. — Conjuração elementar de primeiro círculo. Controle, forma e eficiência. Quem não conseguir gerar uma Lança de Fogo... está abaixo do nível da Classe Elite.
Um murmúrio de tensão percorreu o grupo.
Saori Kurosawa, com seus cabelos dourados amarrados em um rabo de cavalo alto, bufou, impaciente.
— Isso é moleza. — disse ela, já posicionando as mãos para conjuração. — Não sei como esses amadores chegaram aqui.
Ela ergueu a palma.
— Ignis Lance!
O círculo vermelho brilhou, e uma lança flamejante disparou com força, acertando o alvo de pedra com perfeição. Uma explosão pequena, mas precisa.
O professor Velius arqueou uma sobrancelha.
A chama surgiu com exatidão, cortando o ar e acertando o alvo com força e forma perfeitas. A pedra explodiu em brasas.
O professor Velius arqueou uma sobrancelha
— Terceiro círculo mágico, pleno controle de forma e intensidade. Excelente — elogiou Velius.
Saori soltou um risinho.
— Óbvio.
Então, a voz do professor cortou o ar:
— Próximo. Hiro Tanaka.
Todos os olhares se voltaram. Alguns com desprezo, outros com mera curiosidade.
Hiro caminhou calmamente. Sua expressão era serena, quase entediada. Esticou a mão direita, todos sentiram a mana girar.
O círculo brilhou com intensidade absurda.
Yumi, observando da lateral, sentia o coração disparar.
— Ele vai mesmo…?
Hiro estendeu a mão. Sua mana circulou com fluidez, sem nenhuma hesitação. O círculo mágico surgiu de forma quase perfeita — um traço refinado, limpo, como se desenhado por um artista experiente.
— Ignis Lance.
A magia explodiu no alvo com potência e precisão assustadoras, rachando parte da pedra.
O silêncio foi absoluto.
A lança flamejante surgiu em um estalo, dançando no ar como se tivesse vida própria, e atingiu o alvo com tanta força que partiu a rocha ao meio.
Velius arregalou os olhos.
— Isso... isso é controle de terceiro círculo mágico.
Silêncio.
Saori, imóvel, rangia os dentes por dentro.
"Terceiro círculo?! Esse plebeu maldito está no mesmo nível que eu?! Impossível. Não, pior — a forma do feitiço dele foi mais pura que a minha. ARGH! Como esse lixo ousa!?"
Ela manteve o sorriso no rosto, mas por dentro, já estava jogando Hiro contra uma parede imaginária.
Yumi, por outro lado, observava com os olhos brilhando.
" Ele é... impressionante. De novo. Como sempre. Ele… ele não para de surpreender…"
Na mente de Hiro, uma memória surgiu:
— Concentre a mana no núcleo, visualize o feitiço como uma extensão da emoção. Magia é emoção, idiota. Se não sente nada, a magia não responde! — dizia Saori do futuro, chutando um balde perto dele.
— Tá bom, tá bom! Eu tô tentando, para de me bater com o livro de feitiços!
— Então tenta melhor!
O Hiro do presente deixou escapar um leve sorriso.
— Valeu por ser chata, Saori.
— O quê!? — ela franziu o cenho, mas estava corada.
Mais tarde, no dormitório feminino da ala nobre…
Yumi Kazehara estava sentada na beira da cama, olhando para a janela, onde a lua refletia suavemente sobre os jardins.
Atrás dela, Mari, organizava os lençóis e cantarolava baixinho.
— Então, Yumi-chan… o que achou da aula hoje?
— …Ele é diferente. Quando conjurou a magia, foi como se… tudo ao redor tivesse parado. Não foi só poder. Foi... sentimento.
— Hmmm — Mari se aproximou sorrateira, cutucando a bochecha da Santa com um dedo. — Coração batendo forte? Vontade de ver ele de novo? De conversar? De sorrir quando ele sorri?
Yumi desviou o olhar, corando violentamente.
— …Eu… sim. Eu acho que… estou apaixonada.
Mari caiu de joelhos, teatral.
— AHHH! FINALMENTE, YUMI-CHAN CONFESSOU! O PRIMEIRO AMOR DA SANTA!
— Shhh! Mais baixo! As paredes têm ouvidos!
— Espera aí, espera aí! Eu tenho o livro perfeito!
Ela correu até a prateleira e puxou um enorme tomo rosa com detalhes dourados e o título brilhando: “Manual do Amor: Como Conquistar um Cavaleiro Encantado em Dez Passos Irreversíveis!”
— Aqui, Volume 3, Capítulo 12: “Como fazer ele te notar mesmo se você for uma princesa amaldiçoada sem rosto!”
— …O quê?
— Tática número 1: “Acidentalmente tropece e caia nos braços dele. Três vezes por dia.”
Tática número 2: “Finja que está sendo perseguida por bandidos e peça ajuda dramática.”
Tática número 3: “Desmaie propositalmente perto dele. Clássico.”
Tática número 4: “Roube uma peça de roupa dele e diga que vai devolver só se ele te abraçar.”
— …Isso são crimes, Mari.
— Mas funcionam nos livros! Olha aqui! A Princesa Lillith desmaiou 17 vezes e no final casou com o Dragão Guerreiro.
Yumi suspirou e riu.
— Você realmente não tem experiência real, tem?
— Amor é teoria, Yumi-chan! E eu li 126 romances épicos! Um deles TEM que funcionar!
Yumi apertou o travesseiro contra o rosto, sorrindo em silêncio.
"Mesmo assim… se for por ele… talvez eu tente uma dessas maluquices."