O refeitório estava quase vazio nas primeiras horas da manhã.
Enquanto a maioria dos alunos ainda acordava, Hiro Tanaka se mantinha afastado em um canto discreto, uma bandeja de café da manhã intacta à sua frente. Seu olhar estava fixo na própria mão, onde uma tênue camada de aura vibrava em tom azulado.
Era diferente da mana, não girava em círculos. Ela pulsava, intensa e selvagem.
Conjuradores moldavam o mundo com círculos mágicos. Reforçadores dominavam o próprio corpo com estágios de aura.
Hiro era ambos.
Mas, naquela manhã, seu foco era a aura.
Estágio um: envolvimento básico, útil para bloquear golpes fracos.
Estágio dois: canalização parcial para membros.
Estágio três: circulação total, o primeiro nível onde o corpo inteiro era fortalecido de forma contínua.
Era esse que ele buscava. E estava perto.
Fechou os olhos.
Inspirou devagar.
“Circulação completa… como ela ensinou.”
No futuro em ruínas…
— Isso foi patético. — rosnou Sakura Minazuki, arrancando Hiro do chão pelas roupas. — Você quer morrer ou só gosta de fazer papel de idiota?
Hiro cuspiu sangue, o rosto inchado.
— S-só... tentando... aprender.
— Aprender? — ela bufou. — Estágio três não é sobre força, idiota! É sobre fluxo. Se a aura parar por um segundo, sua perna trava e você vira alvo.
Ela o jogou no chão com força.
— De novo! Circulação total! Dos pés a cabeça. Se não fizer direito, eu mesma te corto.
Hiro grunhiu, concentrando-se.
Aura se acumulou nas mãos. Depois nas pernas. Depois no torso. Ela vibrou, mas não se estabilizou.
Sakura se ajoelhou ao lado dele e bateu com força no estômago dele com a base da odachi.
— A aura vem do instinto, Tanaka! Não é pra ser bonito, é pra sobreviver!
— Eu tô tentando...!
— Então tenta com raiva! Tenta com dor! Com medo! Isso é aura! Emoção pura concentrada em ação!
De volta ao presente.
Hiro abriu os olhos.
Aura circulava por todo o corpo.
Estável. Fluida. Contínua.
Estágio três.
Suor escorria por sua testa. Sua respiração estava pesada, mas um leve sorriso surgia em seus lábios.
— Finalmente… consegui.
Mais tarde, na aula de magia teórica, Saori Kurosawa explicava seu seminário com empolgação, ela falava sobre a estrutura de um círculo mágico de segundo nível, traçando no ar linhas de mana com os dedos.
— A conjuração de uma magia de classe média exige precisão total nos traços, e controle emocional. Se errar o canal, o feitiço pode explodir ou desintegrar na origem.
Hiro ouvia com atenção, mas seu corpo ainda sentia os resquícios da aura da manhã. Ele estava calmo por fora, mas por dentro… vibrava.
Ao seu lado, Yumi Kazehara o observava discretamente. Ainda pensativa, ainda vermelha.
“Ele parece tão concentrado… tão diferente dos outros.”
Ela sorriu, tímida.
“E mesmo assim... é gentil. Eu quero ficar mais perto. Eu quero...”
Ela não conseguiu terminar o pensamento. Seu coração estava acelerado demais.
Do fundo da sala, Hikari von Richter não tirava os olhos de Hiro.
— Ele não para de crescer… — murmurou.
Havia frustração em sua voz, mas também um leve brilho nos olhos.
“Você não é o mesmo garoto de ontem.”
Ela mordeu o lábio inferior.
“é por isso eu não consigo parar de te observar.”