— Vitória de Hiro Tanaka.
O silêncio caiu como uma lâmina.
Sakura Minazuki estava de joelhos. Sua odachi jazia caída no chão. O corpo tremia com a respiração irregular, e o rosto endurecido não escondia a frustração — mas havia respeito nos olhos dela.
Hiro, com as mãos nos bolsos, desviava o olhar, como se não quisesse prolongar a cena. Sua aura azul se dissipava lentamente, como névoa recuando ao amanhecer.
Sakura ainda ofegava de joelhos.
A imagem do golpe final ainda vibrava em sua mente.
Ela avançava com um arco devastador, a odachi cortando o ar com precisão — Hiro, imóvel até o último instante, desviava com um simples giro do corpo, fluido como se dançasse.
O contragolpe veio como um raio.
Um chute seco no quadril, desequilibrando sua base.
Antes que ela retomasse postura, a palma de Hiro atingiu o centro de seu abdômen.
Preciso. Frio. Devastador.
Aura vermelha explodiu à sua volta — mas a de Hiro, azul como aço temperado, a esmagou como uma onda sobre uma vela acesa.
Ela não teve chance.
Não diante daquela técnica.
Não diante daquele controle.
— Você perdeu porque pensa que força e coragem bastam. — disse Hiro, frio, antes de se afastar. — Técnica vence bravura. Sempre.
Sakura fechou os olhos, o punho cerrado.
— Porra…
Mais tarde, nos jardins da Academia…
— Yumi-chan, vai! Tá tudo aqui! — disse Mari, empolgadíssima, sacudindo um livro colorido com um coração gigante na capa.
— “47 Formas de Conquistar um Garoto”! E olha essa aqui! Volume 1, Capítulo 4: “Torça o tornozelo na frente do garoto dos seus sonhos para forçar um momento romântico!”
Yumi Kazehara, Santa respeitada, usuária de magia de cura, curadora lendária e... atualmente um desastre emocional ambulante, estava parada no meio do caminho, vermelha até a alma.
— Mari… isso é ridículo… isso é… isso é…! — murmurou ela, tremendo.
— Isso é GENIAL! Vai, Yumi-chan! O Hiro-kun tá vindo ali! Agora ou nunca!
Yumi cerrou os olhos, respirou fundo… e então correu.
Mais precisamente, tentou tropeçar com graciosidade planejada.
Só que…
— AaaaAHHHH!! —
THUD!
CAIU DE CARA NO CHÃO.
O impacto ecoou como um trovão.
Hiro parou imediatamente, olhando para o chão onde Yumi estava com o rosto esmagado contra a grama.
— Kazehara…?
— Eu… tô bem… — gemeu ela, vermelha como uma tocha, com grama no cabelo e dignidade no subsolo.
Plano desastroso número 1: fracasso total.
Mari surgiu de um arbusto, tão desesperada quanto culpada.
— N-não era pra cair de cara no chão! Era pra cair de lado, graciosamente! Lado, Yumi-chan! La-dooo!!
Yumi murmurou, com lágrimas nos olhos:
— Por que eu deixei você me convencer disso…?
Hiro, ainda em silêncio, apenas estendeu a mão para ajudá-la a levantar. Quando ela tocou sua mão, o coração de Yumi quase parou.
E Hiro, com uma sobrancelha levemente arqueada, falou:
— Da próxima vez… tenta não atacar o chão, Kazehara.
Ela queria sumir da existência naquele instante.