Capítulo 50 – Piquenique Fatal: Amor e Ilusões

O jardim interno da Academia Arcadia era um cenário perfeito para um romance… ou para um desastre culinário. Mari, ofegante de empolgação, segurava firme um livrinho com capa cor-de-rosa e letras brilhantes:

“47 formas de conquistar um garoto – Volume 1, Capítulo 5: Piqueniques que derretem corações!”

— Yumi-chan, essa é infalível! — Mari dizia com os olhos brilhando. — Os protagonistas sempre se apaixonam depois de um piquenique preparado com carinho!

— M-Mari, eu nem sei cozinhar.… — Yumi estava pálida, carregando a cesta como se levasse uma bomba.

— Confia! O livro disse que se tiver amor, o sabor não importa! E o cheiro... a gente colocou bastante essência de baunilha, né?

O conteúdo da cesta era… peculiar:

Bolinhos de arroz em forma de bichinhos (um parecia um gato, outro parecia… trauma);

Gelatina lilás com brilhos (receita experimental de Mari que “absorvia luz ambiente”);

Sanduíches de pão mágico com recheio de… “mistério herbáceo”.

Yumi, respirando fundo, se aproximou de Hiro, que estava sentado à sombra de uma árvore, lendo calmamente um pergaminho de estratégias mágicas. Ele ergueu os olhos, com a típica expressão neutra e distante, mas não a ignorou.

— …Kazehara? — disse com um leve levantar de sobrancelha.

— H-Hiro… e-eu… trouxe algo… um… piquenique! Se não estiver ocupado…

Hiro observou a cesta, depois olhou para o rosto corado dela. Silêncio.

Ele fechou o pergaminho.

— Está bem.

Yumi sentou com ele na grama, suando frio.

— A-aqui! Preparei tudo com… c-carinho.

Hiro pegou um bolinho de arroz com calma e deu uma mordida. Depois, comeu mais um. E mais um.

Nada. Sem reação.

Yumi observava em estado de puro pânico.

— E-E-E-Está bom?

Hiro assentiu, limpando os dedos com um lenço.

— Normal.

Mari, espiando de longe, sussurrou como se tivesse visto um milagre:

— ELE ESTÁ COMENDO! MEU DEUS! A TÁTICA FUNCIONOU!!

Yumi quase chorou de alívio.

— E-Eu consegui…

Hiro, completamente alheio à euforia, apenas continuou comendo em silêncio. Afinal, ele não sentia o gosto de nada desde a guerra. Mas comer era rotina. E o esforço de Yumi… era notável.

— Você fez isso sozinha? — ele perguntou.

— C-Com um pouco de ajuda da minha empregada Mari… — ela respondeu, envergonhada.

— Hm. Agradeço. — Hiro disse com a mesma calma de sempre. Depois voltou ao pergaminho, comendo sem pressa.

Yumi sorriu, tímida. Mari apareceu do arbusto e sussurrou:

— Missão piquenique: sucesso absoluto.

Yumi apertou a cesta com força.

"Ele comeu tudo… ele realmente comeu… será que… será que ele gostou de verdade?"

Ela não fazia ideia de que Hiro tinha comido aquilo como se estivesse ingerindo pedaços de papel.