Capítulo 100 – Silêncios que Cortam Mais que Espadas

Os aplausos ainda ecoavam pelas arquibancadas quando Sakura Minazuki deixou a arena.

Ela caminhava com passos firmes, o suor escorrendo pelas têmporas, o coração acelerado não apenas pela luta… mas pela esperança.

Esperança de reconhecimento.

Ela ergueu os olhos em direção ao camarote nobre, onde os Três Pilares do Reino estavam sentados.

Seu olhar buscava um rosto.

Ryuji Minazuki.

O Santo da Espada. Seu pai.

Ele a observava. Inexpressivo. Imóvel. Os olhos fixos nela como se a analisasse… como uma lâmina que se avalia antes de guardar.

Sakura esperou um gesto.

Uma palavra.

Um aceno de cabeça.

Qualquer coisa.

Mas Ryuji apenas desviou o olhar. Calmamente. Como se estivesse observando a próxima ficha de combate.

Sakura parou por um segundo.

O vazio no peito… doeu.

"Nem agora…?"

Ela baixou os olhos, mas seu rosto não vacilou. Apenas virou-se.

Foi então que Hiro Tanaka surgiu ao lado dela.

— Foi um bom corte.

Ela o olhou, tentando esconder a frustração.

— Obrigada.

— Você segurou a postura mesmo quando errou o tempo na segunda investida. Adaptou rápido.

Ela abriu um sorriso, discreto.

— Estava me observando, então.

— Sempre.

O rosto dela ficou vermelho na hora.

— I-idiota… não fala assim de repente!

Ele apenas deu um leve aceno com a cabeça e se afastou.

Na arquibancada, Yumi Kazehara se levantou ao ver Sakura se aproximando.

— Você foi incrível, Minazuki-san! — disse ela, com um sorriso genuíno.

Sakura assentiu, respirando fundo.

— Obrigada, Santa.

— Não precisa me chamar assim…

Antes que a conversa seguisse, Saori Kurosawa se aproximou com os braços cruzados.

— Hmph. Achei que você ia perder. Mas… admito. Foi elegante.

— Obrigada… eu acho.

Mari, que havia acabado de comprar outro balde de pipoca, olhou para as três.

— Eu só queria dizer: essa cena aqui? Um garoto fazendo três lendas corarem uma vez por semana? Eu devia estar cobrando ingresso.

As três, ao mesmo tempo, responderam:

— Cala a boca, Mari.

Do outro lado das arquibancadas…

Ayaka Kurosawa sentava com as pernas cruzadas, observando a arena com tédio mal disfarçado.

Dois irmãos derrotados em segundos. Por um plebeu e por uma garota de olhos vazios.

Ela estalou a língua.

“Dois inúteis… que vergonha.”

Mas então seu olhar encontrou outro.

Saori.

A bastarda.

A vergonha da família.

Ayaka lambeu os lábios devagar.

“Pelo menos… vou poder me divertir com aquela vadiazinha.”

“Espero que chore.”

Enquanto isso, Hiro observava o próximo campo de combate sendo preparado. Mas por dentro…

Sua atenção já estava em outro lugar.

“Ayaka… é perigosa. E Saori ainda hesita.”

“Se ela travar na luta… perde.”

Ele apertou o punho.

“Mas… se ela confiar em si mesma…”

“Vence.”

E em silêncio, sem ser notada, Hikari von Richter observava a cena toda do alto, com um sorriso entortando os lábios.

— As peças estão se movendo bem.

“Esse jogo está começando a ficar divertido.”