A luz da lua banhava a arena com uma calma irônica.
Porque dentro do campo…
não havia paz.
Hikari von Richter arfava, o peito subindo e descendo como o de uma fera encurralada. Sangue escorria por pequenos cortes, os músculos tremiam, as adagas em suas mãos vibravam — como se estivessem exaustas de lutar.
Diante dela, Hiro Tanaka permanecia calmo.
Mas tudo ao redor dele rugia.
Aura intensa.
Cinco elementos ativos.
Ignis – chamas circulando os pés.
Ventus – correntes de ar que envolviam seu corpo.
Fulmen – pulsos elétricos que percorriam sua lâmina.
Aqua – umidade condensada protegendo seu corpo como uma armadura líquida.
Terrae – a própria arena moldando-se ao redor de seus pés, como se o chão o aceitasse.
Tudo ao mesmo tempo.
Sem encantamento.
Na arquibancada, o público estava de pé.
Completamente em choque.
Daichi Kurosawa, normalmente inabalável, apertava os apoios da cadeira como se pudesse quebrá-los.
— …Cinco elementos… sem conjuração? Isso… não faz sentido.
Saori balbuciava, pálida:
— Isso é… impossível… até pra mim. Isso nem… nem deveria existir.
Sakura estava sem reação. A mente tentando compreender cada golpe, cada postura.
— Ele fundiu o estilo imperial… com o meu… e agora com movimentos do deserto…
Ryuji Minazuki, no camarote, não falava.
Mas pensava, com amargura e fascínio:
"Esse garoto… está tocando territórios que nem mestres da geração passada ousaram explorar."
Yumi chorava. Sem esconder.
Não de medo.
Mas de emoção.
Mari apenas sussurrou, com um sorriso embargado:
— Esse… é o Hiro Tanaka.
Nas arquibancadas, Ayame Tanaka estava em pé, a mão no peito.
— Hayato… é mesmo o nosso filho?
Hayato, calado, tremia.
E então… a voz que cortou o silêncio:
— O ONII-CHAN É INCRÍVEL! — gritou Mio, com as bochechas rubras, as mãos no rosto. — ELE É UM DEUS DA ESPADA!
Na arena, a luta continuava.
Hikari usava tudo.
— Imagens múltiplas.
— Shurikens ocultas.
— Veneno nos olhos, nas pontas dos dedos, nos tornozelos.
— Movimentos aleatórios. Golpes suicidas. Mudança de ritmo. Psicose pura.
Mas Hiro…
…lia tudo.
Ele recuava com precisão.
Desviava no último milímetro.
Bloqueava com o cotovelo, contra-atacava com o ombro.
Movia-se entre estilos como quem vira páginas de um livro.
E ao final — uma troca de cortes tão veloz que nem os veteranos viram —
A espada dele encostou na garganta de Hikari.
Sem corte.
Sem humilhação.
Apenas um fim.
— Acabou — disse Hiro, baixo, sem fôlego extra.
Hikari arfava.
Sangrava.
Mas… sorriu.
Um sorriso cansado, derrotado… e honesto.
— Você… é um monstro.
Hiro apenas respondeu:
— Não.
— Só eficiente.
O juiz correu:
— Hikari von Richter foi incapacitada! Vitória de Hiro Tanaka!
EXPLOSÃO DE APLAUSOS.
Gritos. Aplausos. Choque.
Mas Hiro não ergueu os braços.
Não celebrou.
Não olhou para os lados.
Ele apenas embainhou a espada.
Virou as costas.
E caminhou.
Calmo.
Silencioso.
Completo.
Enquanto todos… ficaram calados.
Porque, naquele instante, a Academia Arcadia compreendeu:
O garoto que superava todas as expectativas…
…ainda não havia mostrado tudo.