Arena Principal – Após a Vitória de Hiro
Hiro Tanaka subia os degraus de volta à arquibancada.
Espada presa à cintura. Postura ereta. Silêncio absoluto o seguia como uma sombra reverente.
Atrás dele…
Ninguém ousava falar.
Instrutores, veteranos, estrategistas: todos em silêncio.
Instrutores observavam com olhares fixos. Nenhum fazia anotações. Nenhum comentava. Até mesmo o velho mestre de análise tática, conhecido por criticar tudo, apenas murmurou:
— Isso... foi além do que está no currículo.
Diretor Drayven, com os olhos semicerrados, cruzava os braços com expressão impenetrável.
— Esse garoto… está moldando o destino da Arcadia em tempo real.
Ayame Tanaka apertava o punho contra o peito, os olhos marejados.
— Ele… era só nosso pequeno Hiro.
Hayato Tanaka, ao lado, exalava lentamente.
— Agora ele é algo muito maior… e isso me assusta um pouco.
Mio olhava fixamente para o irmão.
Os olhos brilhando como espelhos.
— Onii-chan… sempre foi incrível. Só ninguém via.
Hiro chegou até eles.
Sem palavras grandiosas.
Parou diante da família, com o mesmo ar sereno de sempre. Mas havia… uma pequena faísca no fundo do olhar.
— Vocês estão bem?
Ayame assentiu, rapidamente enxugando uma lágrima.
— Você… nos deixou sem ar.
Hayato apenas colocou a mão no ombro do filho.
— Estamos. E orgulhosos.
Mio deu um passo à frente e apertou a mão dele.
— Você vai ganhar, né?
Hiro sorriu de leve.
— É o que pretendo.
Ele se virou. A luta de Saori se aproximava.
Hiro parou em frente a ela.
— Leon Kurogane será um oponente difícil, Saori.
Ela ergueu os olhos, em alerta.
Hiro apenas continuou:
— Mas você é forte. Então não há o que temer.
— Obrigada… idiota… — murmurou ela, desviando o olhar.
Ele assentiu. E seguiu.
Enfermaria – Bloco Leste
Klaus von Richter caminhava pelos corredores de mármore branco, o som de seus passos ecoando como facas no chão.
Encontrou Hikari no canto da sala.
Sentada. Curativos no ombro e no flanco. Olhar morto.
Ela não olhou para ele.
Mas sentiu o cheiro.
— Você falhou.
Hikari não respondeu.
Klaus se aproximou. A aura dele fazia a temperatura da sala cair.
— Você se mostrou. Exibiu poder. Falhou em sua missão principal.
Ele se agachou diante dela, voz baixa:
— Eu só não te matei ainda porque o pai não deu a ordem.
Silêncio.
— Lembre-se da missão, Hikari. Elimine a Santa.
Os olhos dela se ergueram, vermelhos de raiva.
— Você está se divertindo demais tentando desestabilizá-la.
Klaus estreitou o olhar:
— Você sabe o que vai acontecer se os Voidborns descobrirem que não eliminamos a variável Yumi Kazehara?
Hikari assentiu.
De joelhos. Silenciosa.
Mas por dentro...
“FILHO DA PUTA. EU VOU MATAR VOCÊ. MATAR O LUCIUS. MATAR O HIRO. A SAKURA. A SAORI. A YUMI. VOU MATAR TODOS, PORRA! E QUERO QUE OS VOIDBORNS SE EXPLODAM JUNTO!”
“Mas… por que aquela FRACA me curou?”
“Ela não tem poder de combate. Não tem instinto. Não tem nada. Então por que?!”
Banheiro Feminino – Bloco Oeste
Yumi lavava as mãos lentamente. Mari a esperava na porta.
Mas então… ela entrou.
Hikari von Richter.
Sozinha, usando furtividade.
— Kazehara.
Yumi se virou, um pouco assustada.
— Hikari-san...?
A assassina caminhou até ela. Um passo. Outro. Parou tão perto que a respiração de ambas se misturou.
— Por que me curou depois da luta com a Minazuki?
Yumi piscou.
— ...Porque você estava ferida.
— Não foi isso que eu perguntei.
A voz era baixa. Raspada. Intimidante.
— Todo mundo tem um preço. Me diz o seu.
Yumi segurou o ar por um momento. Depois, respondeu:
— Eu não curo pra receber favores.
Ela encarou Hikari com olhos trêmulos, mas decididos.
— Eu curo… porque não quero ver as pessoas sofrerem.
Hikari congelou.
Sua mente… vacilou.
Como assim?
Como assim alguém não queria nada em troca?
Como assim alguém sofria voluntariamente pelos outros?
“Isso não faz sentido. Ela... ela é fraca. Fraca. E mesmo assim...”
“Por que isso me irrita TANTO?”
Corredor Norte – Torre dos Relógios
Enquanto tudo acontecia…
Hiro Tanaka parou.
Ele olhou para o céu.
E sentiu.
A presença.
Familiar. Horrível. Antinatural.
“...Achei você, miserável.”
O Voidborn Doppelgänger estava próximo.
Muito próximo.
E o verdadeiro jogo… só estava começando.