Corredores da arquibancada — minutos após a luta de Hiro
Hiro ainda ajustava a faixa da espada quando passos rápidos se aproximaram.
— Hiro. — era Saori. Braços cruzados. Rosto corado.
Sakura vinha logo atrás. Postura reta. Mas o olhar... hesitava.
— Como foi lutar contra a von Richter? — perguntou Sakura, séria.
Hiro pensou por um momento. A resposta veio seca. Clara.
— Ela não luta pra vencer. Luta pra ferir. Pra humilhar.
Compressão de aura nos quadris e pernas. Mudança de ritmo a cada passo.
É como enfrentar uma fera... sem código de conduta.
Sakura franziu o cenho.
— Maldita...
Saori murmurou, desviando o olhar:
— Aquela mulher… me dá calafrios só de olhar.
Foi então que Yumi e Mari se aproximaram.
Yumi andava devagar, mas com um sorriso gentil. Mari, atrás dela, com um balançar despreocupado nos quadris.
— Oi, Hiro.
— Kazehara. — ele respondeu com um leve aceno.
— Eu… encontrei a Hikari von Richter.
Sakura virou-se de imediato.
— O QUÊ?!
Mari instintivamente deu um passo para o lado, como se esperasse uma explosão física.
Yumi não recuou.
— No banheiro. Ela entrou. E perguntou… por que eu a curei.
O silêncio caiu como uma cortina.
— Eu disse que... era porque não quero ver ninguém sofrer.
Ela olhou diretamente para Sakura.
— E a expressão dela... mudou. Por um segundo.
Ela ficou… desconcertada.
Sakura rosnou.
— Aquela miserável... se encostar em você de novo, eu mato ela!
— Ih... vai dar treta. — sussurrou Mari, se abanando.
Hiro apenas observava.
Calado.
“Ela hesitou. Então… ainda resta algo humano ali?”
“Não muda o que ela é. Mas muda... como ela vai reagir à Yumi."
Arena Principal — Semifinal 2
— Chamando os semifinalistas!
Leon Kurogane! Saori Kurosawa!
O nome ecoou na arena. Um silêncio reverente tomou conta por um segundo.
E então...
— Essa vai ser boa!
— Ela domina quatro elementos! Mas ele... ele derrubou todo mundo com UM golpe igual o Tanaka!
Saori respirou fundo.
— Vamos nessa. — disse, mais pra si mesma do que pros outros.
Sakura tocou seu ombro.
— Volta inteira.
Mari soprou com um sorriso torto:
— Se morrer, eu pego seu lugar.
Saori revirou os olhos.
— Hmpf!
No campo de combate, Leon Kurogane já a esperava.
Postura perfeita. Espada embainhada. Aura estática. A serenidade de um guerreiro que não se prova para ninguém.
Saori parou de frente a ele.
— Leon Kurogane. — disse, a voz contida.
— Saori Kurosawa. — ele respondeu com um leve aceno. —
Dizem que você domina quatro elementos desde os 12 anos.
— E dizem que você derruba adversários com um corte.
— Talvez hoje descubra se é verdade.
— Pode tentar.
O juiz ergueu a mão.
— Comecem!
Leon moveu-se primeiro.
Passos lentos. Precisos.
Aura branca começou a crescer ao redor dele. Um manto translúcido. Seria bonito… se não fosse tão opressor.
Saori ergueu o bastão mágico e abriu os círculos mágicos simultâneos:
— Ignis Orbis!
Bolas de fogo se formaram e giraram ao redor de Leon.
Ele saltou.
Girou no ar.
Cortou duas. Desviou da terceira. A quarta explodiu no solo.
Chamas tomaram parte da arena.
— Terrae Murus!
Uma muralha de pedra ergueu-se entre eles. Leon não hesitou. Cortou a lateral do bloco, atravessando com fluidez e recuo mínimo.
— Ventus Spiculum!
Lanças de vento partiram em linha reta. Ele rebateu três. Mas uma passou — atingiu o ombro com força.
Impacto direto.
— Tch…
Leon recuou um passo. Nada mais.
— Você conjura rápido.
— Você corta bem.
Os dois se encararam por meio segundo.
E então…
Leon avançou.
Aura nos pés. O ar estalou. Ele sumiu do campo de visão normal.
Saori não hesitou.
— Aqua Deflexio!
A parede de água ergueu-se, refletindo parte do impacto. Mas não foi o bastante.
A lâmina de Leon desviou do bastão, raspou na lateral, e o fez girar fora de posição.
Saori foi lançada para trás.
Rolou no chão. Poeira. Sangue no canto da boca.
"Rápido… rápido como a Sakura.
Mas... eu também posso...!"
— Ignis + Terrae: Fulgor Crematio!
Chamas brotaram do subsolo como lanças vivas. Leon saltou. Rápido.
Mas não rápido o suficiente.
Parte da aura queimou. O braço esquerdo foi atingido. Sangue.
— Você queima muita mana. — disse ele, arfando.
— E você... ainda não me levou a sério. — respondeu ela, ofegante.
Na arquibancada, Sakura apertava o encosto da cadeira.
— Ela está segurando ele.
Yumi tremia. As mãos em prece instintiva.
Mari comia pipoca, os olhos arregalados.
— Ela tá levando porrada... mas tá batendo também.
Hiro, de pé, braços cruzados, não dizia nada.
Mas os olhos…
Fixos. Observadores.
“Leon… está lutando sério.”
“E Saori… está no limite. Mas ainda não quebrou.”
E a luta…
Estava longe de terminar.