Capítulo 130 – A Lâmina contra os Elementos (Parte 2)

A arena tremia.

Saori Kurosawa arfava. O suor escorria pelas têmporas. Círculos mágicos dançavam ao seu redor em tons vivos — laranja, verde, marrom e azul. Cada um pulsava com um elemento sob seu controle.

Leon Kurogane permanecia firme. Respirava de forma ritmada, mesmo com o sangue pingando de cortes nos braços e no torso. A camisa rasgada. A lâmina ainda embainhada — mas o corpo em perfeita postura.

— Você ainda não desistiu? — perguntou ele. Não havia arrogância. Só… curiosidade.

— Eu... não tenho o direito de desistir! — gritou Saori, abrindo dois círculos mágicos ao mesmo tempo.

— Ignis…!

— Ventus…!

Fogo e vento se fundiram em um vórtice incandescente. Um redemoinho elemental rasgando o campo, rugindo como uma fera.

A plateia se levantou como uma onda.

— Ela está fundindo dois elementos ao mesmo tempo!

— Mesmo alguns professores não conseguem isso!

Leon avançou.

A aura branca envolveu sua espada como uma extensão viva do corpo. Ele girou — e cortou o redemoinho ao meio. A explosão se dissipou, mas não sem custo: um novo corte abriu-se na coxa.

Saori já recitava:

— Terrae Spinae!

Espinhos de pedra explodiram do chão, como lanças em disparo.

Leon não hesitou. Pisou em uma das pedras — usou como impulso. Saltou. Girou no ar.

E desceu sobre ela.

— Você é forte.

Ela ergueu o olhar, surpresa.

— Mas eu sou mais.

O golpe caiu como um trovão seco.

— Aqua Velo!

Uma barreira líquida subiu — mas não deteve a lâmina.

SANGUE.

O ombro esquerdo de Saori foi cortado.

Ela recuou, cambaleando, o corpo tremendo.

Mas os olhos… queimavam.

— Você... ainda não me venceu...

Leon recobriu os pés com aura. Preparava um avanço final.

— Aqua Reflectio!

Uma parede de água condensada ergueu-se. Leon chutou com força.

O impacto quebrou o campo ao meio. Saori foi arremessada longe, rolando pela poeira. Os círculos tremulavam ao seu redor. O bastão caiu de lado. Ela sangrava dos dois braços.

"Preciso acabar com isso. Ou meu corpo não vai aguentar."

Ela se ergueu.

As pernas tremiam. Mas os olhos… estavam fixos. A mana brilhava em torno do corpo.

Quatro círculos surgiram.

Ignis. Ventus. Terrae. Aqua.

— Ela vai usar tudo!

— Quatro elementos ao mesmo tempo?!

A multidão prendeu a respiração.

A arquibancada silenciou.

E então — a fusão.

— Cataclysmus Arcana…! — gritou Saori.

Leon arregalou os olhos.

Não havia tempo para desviar.

Ele cravou os pés, envolveu-se de aura, ergueu a espada…

Mas não foi suficiente.

BOOOOM!!!

A explosão engoliu metade da arena.

O chão rachou. As barreiras mágicas tremeram. Alguns veteranos protegeram os calouros próximos com escudos de mana.

Silêncio.

Poeira.

Estática no ar.

E então, quando tudo assentou…

Leon estava caído.

Deitado de lado. Inconsciente. A aura… desaparecida.

E Saori…

Ainda estava de pé.

Mas por três segundos.

Depois… caiu de joelhos.

Ela caiu de joelhos, exausta. O corpo suado, ofegante. As roupas rasgadas. Os círculos mágicos desaparecendo um por um.

O juiz hesitou. Depois, ergueu a mão:

— Vitória de Saori Kurosawa!

A plateia explodiu.

A arquibancada vibrou.

Yumi cobriu a boca com as duas mãos.

— Ela... conseguiu!

Mari pulava e gritava:

— QUATRO ELEMENTOS! EU VI! EU CONTEI, EU VI COM MEUS OLHOS!

Sakura se inclinou para frente, olhos arregalados.

— A fusão foi instável… mas perfeita.

Hiro, de pé, sem sorrir, apenas observou.

— Ela apostou tudo. E venceu.

Na tribuna dos Pilares…

Daichi Kurosawa fechou os olhos por um segundo. Quando abriu, havia um micro-sorriso.

Quase imperceptível.

Ryuji Minazuki continuava impassível.

Lucius von Richter não olhava para o campo.

Ele olhava para Hikari.

E Hikari…

Ela não piscava.

Encostada à parede do corredor lateral, os braços cruzados, o corpo machucado, mas firme. O olhar… não estava na arena.

Estava em outra coisa.

Em outra pessoa.

Sua mente ainda estava presa em Yumi.

"Ela não me pediu nada em troca."

"Ela me salvou… só porque quis."

"Essa garota é fraca. É frágil. É estúpida!"

"Então por que ela me afeta tanto?"

Ela apertou os dentes.

Mas a mão no peito… trêmula.

Fechada.

Com força, dizia outra coisa.

E pela primeira vez, Hikari não entendia o que sentia.