Capítulo 132 – Uma Hora de Paz

Praça Central da Academia Arcadia

Pausa oficial de uma hora antes da final

No centro da praça, uma mesa longa e nobre fora montada com delicadeza mágica. Bandejas encantadas flutuavam até os pratos. Doces cintilavam com brilho de mana pura. Frascos de recuperação mágica se alinhavam ao lado de garrafas ornamentadas com chás e sucos exóticos.

No centro dessa cena quase real demais para ser verdade… estava Hiro Tanaka.

Sentado à cabeceira improvisada.

Ao redor dele?

O caos emocional.

À direita, Sakura Minazuki — com uma atadura ainda visível sob a camisa de combate, cortava um pedaço de carne com eficiência militar… mas lançava olhares constantes, e cada vez mais longos, em direção ao idiota que comia com calma absoluta.

À esquerda, Yumi Kazehara sorria baixinho, segurando com as duas mãos uma xícara de chá encantado. Ela não conseguia encarar Hiro por mais de dois segundos sem abaixar os olhos com as bochechas rosadas.

Mari, mais distante, estava entre Mio e Ayame Tanaka. Comendo com vigor. Observando com mais vigor ainda.

Já Saori Kurosawa, vestindo uma capa nova e com as bochechas ainda aquecidas pela luta… explodiu.

— N-não confundam as coisas! — ela explodiu de repente, levantando-se.

Todos olharam.

— Eu só paguei isso tudo porque… é minha obrigação como nobre! Vocês são meus colegas, e… e seria uma vergonha deixar o plebeu e a Santa morrerem de fome antes da final!

Mari cuspiu um pedaço de bolo rindo.

— Claro, claro… pura formalidade de aristocrata. Nada a ver com preocupação pessoal. Jamais.

Nos bastidores da cena, Shinji, o mordomo de Saori, sussurrou para Akane, a criada com mais tempo de casa:

— A senhorita está tão vermelha que parece que comeu uma pimenta elemental.

— Ela tem talento pra magia, mas zero talento pra disfarçar sentimentos. — disse Akane, abanando o rosto discretamente.

Mio, com os olhos brilhando, perguntou:

— Saori-nee, você gosta do meu onii-chan?

Silêncio. Um segundo. Dois.

— C-CALA ESSA BOCA, CRIANÇA! — gritou Saori, derramando suco em si mesma, enquanto Akane secava o uniforme com um feitiço às pressas.

Sakura arqueou uma sobrancelha, sorrindo de canto.

— Ela não sabe nem mentir.

Yumi tentou se esconder atrás da xícara, sem sucesso.

Mari cochichou pra Ayame:

— É como assistir um teatro… de comédia romântica com tensão de guerra.

Hayato Tanaka, tentando conter a risada, comentou com a esposa:

— Elas são jovens, mas... parecem uma família já.

Ayame, sorrindo com ternura, murmurou:

— Todas em volta do nosso filho… como se ele fosse o sol delas.

Mari deu mais uma mordida num doce cor-de-rosa.

— Ei, Hiro… tá pronto pra perder?

Hiro ergueu os olhos com a tranquilidade habitual.

— Saori é forte. Vai ser difícil.

Saori, que até então resmungava com Mio, congelou.

Ela virou o rosto.

— Hmph… só não perde feio, idiota. Você… ainda tem que me elogiar depois.

Sakura apertou os olhos.

— E desde quando você pede elogio?

— N-NÃO PEDI!

Yumi riu baixinho.

— Isso aqui tá mais emocionante que a luta final...

Shinji e Akane, de longe, apenas trocaram um olhar resignado.

— Vai dar problema.

— Com certeza.

E por um instante...

Tudo parou.

Naquele breve intervalo…

O mundo pareceu mais leve.

A guerra do torneio, as feridas, a tensão…

…foram substituídas, por uma hora, por algo simples:

Riso.

Comida.

E os laços que se formavam entre eles.

Mas todos sabiam:

Quando o sino soasse de novo…

A hora da decisão chegaria.