Capítulo 136 – A Grande Final

Arena Principal – Final do Torneio Interno da Academia Arcadia

O céu tingia-se de púrpura enquanto os últimos raios do dia morriam atrás das torres flutuantes de Arcadia. A cúpula mágica da arena tremeluzia em ouro, ecoando o frenesi das centenas de vozes que lotavam cada centímetro das arquibancadas.

E no alto, brilhando com mana viva, dois nomes se fixavam como estrelas cravadas no firmamento:

HIRO TANAKA

SAORI KUROSAWA

O plebeu.

A prodígio.

O guerreiro silencioso e a maga impetuosa.

Dois primeiros-anistas. Os últimos em pé.

Dois futuros… colidindo.

Hiro deu um passo à frente.

— Usarei apenas magia.

Saori franziu o cenho.

— O quê?

— Nada de espada. Nem aura. Só magia.

Os olhos dela estreitaram-se.

— Está me subestimando, Hiro?

Ele respondeu, com a calma que já era sua marca:

— Não.

Ela mordeu o lábio inferior, o coração batendo mais rápido.

— Então queime comigo.

A contagem começou.

3… 2… 1…

LUTEM!

Hiro deu dois passos para trás e ergueu a mão.

— Ventus Orbis.

Uma esfera de vento concentrado disparou na direção de Saori, mas ela girou no próprio eixo e contra-atacou.

— Terrae Spina!

Espinhos de pedra interceptaram o ataque, estilhaçando o ar com um trovão seco.

Mas Hiro não parou.

— Aqua Volucris.

Lâminas líquidas surgiram em um arco ascendente.

— Ignis Fluctus!

Chamas serpentearam em volta dela. Evaporaram parte da água — mas não tudo. Uma lâmina a cortou no ombro.

Ela recuou, ofegando. O sangue pingava leve, mas o orgulho queimava mais que a ferida.

— Você...!

— Você expôs o núcleo da conjuração de água. Analisei o tempo e direcionei o ataque.

— Não me explique isso durante a luta!

Ela saltou para trás. Quatro círculos giraram

Ignis, Terrae, Aqua, Ventus.

A mana dela pulsava, seus olhos brilhando em mana. A plateia vibrou.

— Ela vai usar conjuração quádrupla de novo?!

— “Mas já está esgotando mana desde as quartas!

— “Não! Ela ainda tem muito. Essa garota é um monstro!”

Mas Saori não hesitou.

— Catena Tempestas!

A arena tremeu. Chamas espiralavam, pedras se erguiam como dentes, a névoa cortava o ar, e os ventos uivavam com fúria.

O mundo virou um redemoinho de caos.

E Hiro?

Hiro sorriu.

— Núcleo instável.

Ele ergueu a palma.

Com um fluxo de mana precisa, tocou a frequência do feitiço.

O núcleo da magia tremeu.

A fusão se desfez.

A arena silenciou por um instante.

— "ELE ANULOU? COMO?! — gritou alguém na arquibancada.

— "COMO ALGUÉM FAZ ISSO MEDINDO NO OLHO?!"

Saori apenas sorriu, impressionada.

Mas Hiro já se movia.

— Aqua Interceptus.

Uma parede densa de água surgiu à sua frente.

— Ventus Accelerare.

O vento o lançou à esquerda com impulso devastador.

E então…

— Ignis Crux.

Um corte flamejante em forma de cruz riscou o ar.

Saori ergueu um escudo de pedra.

Mas o impacto a lançou para trás. Rolou pelo campo. Poeira. Sangue. Chamas.

Ela se ergueu.

O rosto riscado por fuligem. Mas o sorriso… intacto.

— Idiota…

— Hã?

— Você podia ter me vencido com espada. Com aura. Mas está jogando no meu campo.

— Eu disse que usaria só magia.

— Então vou te mostrar o quanto aprendi.

Os quatro círculos giraram mais rápido.

Saori começou a conjurar múltiplos feitiços em sequência. Fusão de Ignis com Ventus, criando explosões de impacto. Aqua e Terrae, para criar barro e manipular o terreno. Fez o chão engolir Hiro por um segundo — mas ele usou o próprio Terrae para endurecer o solo e emergir com impulso.

Ela estava lutando como uma maga de guerra.

Mas Hiro…

Lia tudo.

— Terrae Ascendens.

Ergueu o chão como trampolim e saltou da armadilha.

— Aqua Lancea.

Atacou com jato em forma de lança. Preciso. Controlado.

— Ventus Reversio.

Mudou o fluxo do ar ao redor para desfazer redemoinhos.

A luta durou minutos — e cada minuto era uma era de feitiços cruzados.

O campo se partia.

A barreira mágica piscava.

E a multidão… estava de pé, em êxtase.

Yumi segurava as mãos juntas, olhos marejados.

Sakura mordia o lábio, o punho cerrado.

Mari girava plaquinhas mágicas com palavras como: “Vai, Tsundere!”, “GO, MAGIA!”, “Hiro não sabe, mas tá ferrado!”

Ambos arfavam.

Mas Hiro ainda estava de pé. Ileso.

E Saori… arfava. Tremia. O corpo exausto. Os círculos… mais lentos.

— Estou… quase sem mana…— murmurou.

— Você lutou bem. Com inteligência. Usou tudo que tinha.

— Então me diz… por que perdi?

— Porque usou tudo. Eu… não.

Ele ergueu a mão.

— Ventus Muralis.

Uma muralha de vento a atingiu com força.

Ela caiu de joelhos.

O juiz ergueu a mão, e a arena explodiu em luz:

— Competidora incapacitada!

— Vencedor e Campeão do Torneio Interno da Academia Arcadia… Hiro Tanaka!

A plateia rugiu.

Mas Hiro já se ajoelhava ao lado dela.

— Você foi incrível.

— Tsc… me treinou pra isso, né?

— Sim.

Ela socou o peito dele, fraca.

— Idiota...

Sakura cruzou os braços, sorrindo.

Yumi enxugava lágrimas.

Mari ergueu a plaquinha com brilho mágico:

"MEU CASAL!"

Mio pulava no colo de Ayame:

— Onii-chan! ELE VENCEU!

Hayato sorriu pela primeira vez em dias.

Ayame chorava, sem vergonha nenhuma.

Mas no alto da arquibancada…

Alguém não sorria.

Ele.

O doppelgänger.

Rosto encoberto. Aura contida.

Mas o sorriso… afiado.

“Irei roubar sua identidade garoto.”

— Agora que todos te aplaudem…

— Eu te mato.

Hiro, agora de pé, olhou para cima. E sorriu de volta.

— Vem.

“Hora de terminar o que começou… há três séculos.”