Arena Principal – Final do Torneio Interno da Academia Arcadia
O céu tingia-se de púrpura enquanto os últimos raios do dia morriam atrás das torres flutuantes de Arcadia. A cúpula mágica da arena tremeluzia em ouro, ecoando o frenesi das centenas de vozes que lotavam cada centímetro das arquibancadas.
E no alto, brilhando com mana viva, dois nomes se fixavam como estrelas cravadas no firmamento:
HIRO TANAKA
SAORI KUROSAWA
O plebeu.
A prodígio.
O guerreiro silencioso e a maga impetuosa.
Dois primeiros-anistas. Os últimos em pé.
Dois futuros… colidindo.
Hiro deu um passo à frente.
— Usarei apenas magia.
Saori franziu o cenho.
— O quê?
— Nada de espada. Nem aura. Só magia.
Os olhos dela estreitaram-se.
— Está me subestimando, Hiro?
Ele respondeu, com a calma que já era sua marca:
— Não.
Ela mordeu o lábio inferior, o coração batendo mais rápido.
— Então queime comigo.
A contagem começou.
3… 2… 1…
LUTEM!
Hiro deu dois passos para trás e ergueu a mão.
— Ventus Orbis.
Uma esfera de vento concentrado disparou na direção de Saori, mas ela girou no próprio eixo e contra-atacou.
— Terrae Spina!
Espinhos de pedra interceptaram o ataque, estilhaçando o ar com um trovão seco.
Mas Hiro não parou.
— Aqua Volucris.
Lâminas líquidas surgiram em um arco ascendente.
— Ignis Fluctus!
Chamas serpentearam em volta dela. Evaporaram parte da água — mas não tudo. Uma lâmina a cortou no ombro.
Ela recuou, ofegando. O sangue pingava leve, mas o orgulho queimava mais que a ferida.
— Você...!
— Você expôs o núcleo da conjuração de água. Analisei o tempo e direcionei o ataque.
— Não me explique isso durante a luta!
Ela saltou para trás. Quatro círculos giraram
Ignis, Terrae, Aqua, Ventus.
A mana dela pulsava, seus olhos brilhando em mana. A plateia vibrou.
— Ela vai usar conjuração quádrupla de novo?!
— “Mas já está esgotando mana desde as quartas!
— “Não! Ela ainda tem muito. Essa garota é um monstro!”
Mas Saori não hesitou.
— Catena Tempestas!
A arena tremeu. Chamas espiralavam, pedras se erguiam como dentes, a névoa cortava o ar, e os ventos uivavam com fúria.
O mundo virou um redemoinho de caos.
E Hiro?
Hiro sorriu.
— Núcleo instável.
Ele ergueu a palma.
Com um fluxo de mana precisa, tocou a frequência do feitiço.
O núcleo da magia tremeu.
A fusão se desfez.
A arena silenciou por um instante.
— "ELE ANULOU? COMO?! — gritou alguém na arquibancada.
— "COMO ALGUÉM FAZ ISSO MEDINDO NO OLHO?!"
Saori apenas sorriu, impressionada.
Mas Hiro já se movia.
— Aqua Interceptus.
Uma parede densa de água surgiu à sua frente.
— Ventus Accelerare.
O vento o lançou à esquerda com impulso devastador.
E então…
— Ignis Crux.
Um corte flamejante em forma de cruz riscou o ar.
Saori ergueu um escudo de pedra.
Mas o impacto a lançou para trás. Rolou pelo campo. Poeira. Sangue. Chamas.
Ela se ergueu.
O rosto riscado por fuligem. Mas o sorriso… intacto.
— Idiota…
— Hã?
— Você podia ter me vencido com espada. Com aura. Mas está jogando no meu campo.
— Eu disse que usaria só magia.
— Então vou te mostrar o quanto aprendi.
Os quatro círculos giraram mais rápido.
Saori começou a conjurar múltiplos feitiços em sequência. Fusão de Ignis com Ventus, criando explosões de impacto. Aqua e Terrae, para criar barro e manipular o terreno. Fez o chão engolir Hiro por um segundo — mas ele usou o próprio Terrae para endurecer o solo e emergir com impulso.
Ela estava lutando como uma maga de guerra.
Mas Hiro…
Lia tudo.
— Terrae Ascendens.
Ergueu o chão como trampolim e saltou da armadilha.
— Aqua Lancea.
Atacou com jato em forma de lança. Preciso. Controlado.
— Ventus Reversio.
Mudou o fluxo do ar ao redor para desfazer redemoinhos.
A luta durou minutos — e cada minuto era uma era de feitiços cruzados.
O campo se partia.
A barreira mágica piscava.
E a multidão… estava de pé, em êxtase.
Yumi segurava as mãos juntas, olhos marejados.
Sakura mordia o lábio, o punho cerrado.
Mari girava plaquinhas mágicas com palavras como: “Vai, Tsundere!”, “GO, MAGIA!”, “Hiro não sabe, mas tá ferrado!”
Ambos arfavam.
Mas Hiro ainda estava de pé. Ileso.
E Saori… arfava. Tremia. O corpo exausto. Os círculos… mais lentos.
— Estou… quase sem mana…— murmurou.
— Você lutou bem. Com inteligência. Usou tudo que tinha.
— Então me diz… por que perdi?
— Porque usou tudo. Eu… não.
Ele ergueu a mão.
— Ventus Muralis.
Uma muralha de vento a atingiu com força.
Ela caiu de joelhos.
O juiz ergueu a mão, e a arena explodiu em luz:
— Competidora incapacitada!
— Vencedor e Campeão do Torneio Interno da Academia Arcadia… Hiro Tanaka!
A plateia rugiu.
Mas Hiro já se ajoelhava ao lado dela.
— Você foi incrível.
— Tsc… me treinou pra isso, né?
— Sim.
Ela socou o peito dele, fraca.
— Idiota...
Sakura cruzou os braços, sorrindo.
Yumi enxugava lágrimas.
Mari ergueu a plaquinha com brilho mágico:
"MEU CASAL!"
Mio pulava no colo de Ayame:
— Onii-chan! ELE VENCEU!
Hayato sorriu pela primeira vez em dias.
Ayame chorava, sem vergonha nenhuma.
Mas no alto da arquibancada…
Alguém não sorria.
Ele.
O doppelgänger.
Rosto encoberto. Aura contida.
Mas o sorriso… afiado.
“Irei roubar sua identidade garoto.”
— Agora que todos te aplaudem…
— Eu te mato.
Hiro, agora de pé, olhou para cima. E sorriu de volta.
— Vem.
“Hora de terminar o que começou… há três séculos.”