Fúria Acesa, Manhã Despedaçada

O som de nós dos dedos batendo contra a madeira me arrancou do sono, o pânico correndo pelas minhas veias antes de me lembrar onde estava – meu novo quarto no dormitório da Universidade Westlake. Olhei para o meu celular. 5h30 da manhã. Só pode ser brincadeira.

"Acorde! Inspeção de quartos!" uma voz estridente chamou através da porta. Mais batidas seguiram.

Virei-me, enterrando meu rosto no travesseiro. Primeiro dia de universidade e já tinha alguém determinado a torná-lo miserável. As batidas continuaram, cada pancada contra a porta enviando irritação pelo meu corpo.

"Estou indo!" gritei, jogando as cobertas para o lado e marchando até a porta.

Abri-a com um puxão para encontrar uma loira pequena em um agasalho rosa, prancheta na mão, sorriso plástico estampado no rosto. Seu crachá dizia 'Bianca – Residente Sênior'.

"Bom dia! Sou Bianca," ela cantarolou, seu olhar percorrendo minha camiseta de dormir gasta e cabelo escuro bagunçado com julgamento óbvio. "Estou fazendo inspeções matinais."

"Às 5h30 da manhã?" perguntei, sem me preocupar em esconder minha irritação. "As aulas nem começam até amanhã."

O sorriso de Bianca não vacilou. "Quem acorda cedo sempre alcança! Temos muitos quartos para verificar." Ela espiou por cima do meu ombro para o meu quarto simples. "A orientação para novos alunos começa às oito. Você realmente deveria estar acordada mesmo."

Cruzei os braços sobre o peito. "O email dizia nove."

"Dizia?" ela respondeu com preocupação falsa. "Bem, de qualquer forma, só preciso verificar algumas coisas." Ela olhou para sua prancheta e seus olhos se arregalaram levemente. "Ah, você é Hazel Thorne."

Algo em seu tom fez meu estômago se contrair. Eu já tinha ouvido aquele tom antes – aquele que as pessoas usavam quando tinham lido meu arquivo, descoberto minha história.

"Vejamos," ela continuou, com voz mais alta que o necessário enquanto outros estudantes sonolentos começavam a sair de seus quartos. "Pai falecido quando você tinha doze anos. Mãe atualmente residindo na Instituição Psiquiátrica Segura Oakwood." Ela olhou para cima, olhos brilhando. "Esquizofrenia, certo? Deve ser difícil."

O sangue subiu ao meu rosto. O corredor de repente parecia silencioso demais, todos os ouvidos se esforçando para ouvir meus assuntos – meus assuntos privados e dolorosos que essa estranha estava anunciando como o noticiário da manhã.

"Isso não é da sua conta," eu disse, com voz baixa e perigosa.

Bianca folheou mais papéis. "Estudante bolsista. Bolsa integral. Uma verdadeira caso de caridade, não é?"

Algo estourou dentro de mim. A prancheta com minha vida, meu trauma, minha dor, exibida para todos – eu não podia suportar. Estendi a mão e arranquei-a das mãos dela.

"Ei!" ela protestou. "Devolva isso!"

Arranquei a página com minhas informações, amassando-a em meu punho. "Você não pode fazer isso. Você não pode me humilhar."

O rosto de Bianca se contorceu de raiva. "Isso é propriedade da universidade! Devolva agora ou vou denunciá-la."

Ela agarrou o papel, e eu reagi sem pensar. Empurrei-a para longe de mim, apenas querendo espaço, apenas querendo que ela recuasse. Mas algo estava errado. Ela voou para trás com muito mais força do que eu pretendia, seu corpo batendo contra a parede oposta à minha porta com um baque nauseante.

Uma rachadura apareceu no gesso onde sua cabeça bateu. Seus olhos reviraram, e ela escorregou pela parede em câmera lenta, desabando em um monte no chão.

Por um momento, tudo congelou. Olhei para minhas mãos com horror. Eu não a tinha empurrado com tanta força, tinha? Não poderia ter.

Então os gritos começaram.

"Meu Deus!"

"Alguém chame uma ambulância!"

"Ela a matou!"

"Eu não—" comecei, mas minha garganta se fechou. Meu peito apertou dolorosamente, cada respiração mais curta que a anterior. Pontos pretos dançaram diante dos meus olhos enquanto eu recuava para o meu quarto, pernas tremendo.

Bianca estava imóvel no chão, um pequeno filete de sangue vindo de algum lugar sob seu cabelo loiro. Estudantes se aglomeravam ao redor dela enquanto outros apontavam para mim, rostos contorcidos com acusação e medo.

"Eu mal a toquei," sussurrei, mas ninguém estava ouvindo.

Minha visão se estreitou. O ataque de pânico me atingiu como um trem de carga – exatamente como costumava acontecer quando meu pai morreu, quando minha mãe foi levada embora. O quarto girou violentamente, e eu me senti caindo, caindo na escuridão.

"Srta. Thorne? Pode me ouvir?"

Uma voz profunda me trouxe de volta à consciência. Pisquei, desorientada, tentando lembrar onde estava e o que havia acontecido. Então tudo voltou à tona – Bianca, a prancheta, o empurrão, o sangue.

Levantei-me bruscamente, me encontrando de volta na minha cama. Um homem de meia-idade em uniforme policial estava na minha porta, sua expressão severa, mas não indelicada.

"O-o que aconteceu? Ela está bem?" gaguejei.

"A Senhorita Henderson foi levada ao hospital. Ela recuperou a consciência, mas está com uma concussão." O oficial entrou no meu quarto. "Sou o Oficial Ramsey, da polícia do campus. Preciso que você venha comigo à delegacia para responder algumas perguntas."

Meu estômago afundou. "Estou sendo presa?"

"Não neste momento. Mas há alegações sérias sobre o que ocorreu esta manhã. Várias testemunhas afirmam que você agrediu a Senhorita Henderson com força excessiva."

"Eu mal a empurrei!" protestei, lágrimas brotando nos meus olhos. "Ela estava anunciando minhas informações pessoais para todo o corredor. Sobre meu pai, minha mãe—" Minha voz falhou. "Eu só queria que ela se afastasse."

A expressão do Oficial Ramsey suavizou um pouco. "Vamos esclarecer tudo isso na delegacia. Por favor, vista-se e pegue itens essenciais. Vou esperar no corredor."

Cinco minutos depois, saí vestindo jeans e um moletom, rosto lavado mas olhos ainda vermelhos e inchados. O Oficial Ramsey fez sinal para que eu o seguisse.

A caminhada pelo dormitório foi excruciante. A notícia se espalhou rápido. Estudantes alinhavam os corredores, sussurrando atrás das mãos, celulares a postos para capturar minha caminhada da vergonha. Alguns me olhavam com pena, outros com sorrisos mal disfarçados de entretenimento. A maioria, no entanto, observava com nojo – a violenta bolsista que quase matou a supervisora do dormitório no primeiro dia.

"Continue andando," murmurou o Oficial Ramsey quando diminuí o passo, o peso de seus olhares me esmagando.

Lá fora, uma viatura policial esperava. Quando o Oficial Ramsey abriu a porta traseira para mim, vislumbrei meu reflexo na janela – pálida, olhos fundos, derrotada. Menos de vinte e quatro horas na universidade, e eu já tinha arruinado tudo.

Entrei no carro, sentindo a finalidade quando a porta se fechou atrás de mim. Através da janela, eu podia ver meus colegas ainda observando, seus rostos uma mistura de fascinação e repulsa. Nem um único rosto amigável entre eles.

Primeiro dia, e eu já era a pária do campus. Exatamente o que eu temia, exatamente o que tentei evitar. Mas pior do que eu poderia ter imaginado.