Revelações no Refeitório e um Olhar Gélido

No momento em que entramos no corredor principal, as conversas pararam. Cabeças se viraram. Olhos fixaram em mim como se eu fosse algum tipo de animal exótico no zoológico. Eu me senti encolher sob o olhar coletivo deles.

"É sempre assim?" sussurrei para Lyra, que parecia não se incomodar com a atenção.

"Só quando há carne fresca," ela respondeu alegremente, entrelaçando seu braço no meu. "Não se preocupe, eles vão encontrar outra coisa para ficar olhando amanhã. Provavelmente."

"Reconfortante," murmurei, mantendo meus olhos fixos à frente enquanto navegávamos pelo corredor.

O campus era lindo—eu tinha que admitir isso. A luz do sol entrava por janelas altas, iluminando paredes de pedra que pareciam ter séculos de idade. A arquitetura me lembrava aquelas universidades chiques que eu tinha visto em filmes, com torres góticas e paredes cobertas de hera. Em outras circunstâncias, eu poderia ter ficado impressionada.

"O refeitório é por aqui," Lyra anunciou, me guiando por um corredor largo. "Aviso justo—estará lotado. Todo mundo quer dar uma olhada na garota nova."

"Ótimo. Sempre quis ser uma atração de circo."

Lyra riu. "Você é engraçada! Eu sabia que ia gostar de você."

Antes que eu pudesse responder, dois rapazes se aproximaram de nós na direção oposta. Ambos eram altos e atléticos, com o andar confiante de caras que sabiam exatamente o quão atraentes eram.

"Lyr!" O mais alto chamou, seu rosto se abrindo em um sorriso.

Lyra soltou meu braço e praticamente se lançou sobre eles. O alto a pegou facilmente, girando-a enquanto ela dava risadinhas.

"Me coloque no chão, seu bobão!" ela guinchou, mas estava radiante.

Ele a colocou no chão gentilmente, e ela imediatamente se virou para abraçar o segundo rapaz, que beijou o topo de sua cabeça afetuosamente.

"Hazel, conheça Gideon e Kieran," Lyra disse, gesticulando para os rapazes. "Eles fazem parte do meu grupo."

"Oi," consegui dizer, de repente me sentindo desajeitada. Ambos os rapazes estavam me olhando com intenso interesse.

"Então você é a garota nova de quem todos estão falando," Gideon, o mais alto, disse. "Prazer em conhecê-la."

"O que ele quer dizer é, prazer em conhecer alguém que não está aterrorizada com ele pela primeira vez," Kieran acrescentou com um sorriso irônico. "Os calouros geralmente nos evitam por pelo menos um mês."

Franzi a testa. "Por que eles teriam medo de vocês?"

Os rapazes trocaram olhares, e Lyra rapidamente interveio.

"Nos encontramos lá dentro, ok? Elias e Cas conseguiram uma mesa para nós."

Os rapazes assentiram e continuaram pelo corredor, com a mão de Gideon repousando possessivamente na parte inferior das costas de Lyra. Notei vários estudantes se afastando para deixá-los passar.

"O que foi aquilo?" perguntei enquanto nos aproximávamos de enormes portas duplas.

"Vou explicar lá dentro," Lyra prometeu, empurrando as portas para abri-las.

O refeitório era como algo saído de um filme de fantasia. Tetos abobadados, vitrais, longas mesas de madeira dispostas em fileiras organizadas. E estava lotado de estudantes, todos usando aqueles uniformes com códigos de cores. O burburinho da conversa diminuiu visivelmente quando entramos.

"Não olhe para ninguém," Lyra aconselhou. "Apenas me siga."

Mantive meus olhos fixos nas costas de Lyra enquanto ela serpenteava entre as mesas em direção a um canto onde eu podia ver Gideon e Kieran sentados com outros dois rapazes. Todos os quatro eram ridiculamente bonitos, como se tivessem saído de uma revista.

"Aqueles são Elias e Caspian," Lyra explicou, acenando para os recém-chegados. "Todo mundo chama Caspian de 'Cas', no entanto."

Chegamos à mesa, e Lyra deslizou para o banco entre Gideon e Kieran. Hesitei antes de ocupar o lugar vazio ao lado de Elias, que me deu um aceno amigável.

"Com fome?" Cas perguntou, empurrando um prato do que parecia ser pastéis na minha direção.

"Morrendo de fome, na verdade," admiti, percebendo que não comia desde... bem, eu não conseguia me lembrar.

"Vamos buscar comida de verdade para você," Lyra disse, levantando-se novamente. "Vamos."

Segui-a até uma área de serviço de onde vinham os aromas mais incríveis. Enquanto enchíamos nossos pratos, decidi obter algumas respostas.

"Então, com qual daqueles caras você está namorando?" perguntei baixinho.

Lyra olhou para mim como se eu tivesse dito algo absurdo, então a compreensão surgiu em seu rosto.

"Ah! Certo, você não sabe. Estou vinculada aos quatro."

Quase deixei cair meu prato. "Todos os quatro? Tipo... ao mesmo tempo?"

Ela assentiu, completamente imperturbável. "É assim que funciona para os Cinzas. Geralmente quatro rapazes para uma garota, já que as fêmeas são tão raras. Nascemos numa proporção de cerca de cinco para um."

"E todo mundo está... ok com o compartilhamento?"

"Não é exatamente compartilhamento," Lyra explicou, adicionando algum tipo de massa ao seu prato. "Os Videntes de Almas combinam vínculos com base na compatibilidade e equilíbrio de poder. Meus rapazes são todos perfeitamente adequados para mim e uns para os outros. Somos uma unidade."

Minha cabeça estava girando. "Então cada mulher aqui tem múltiplos... parceiros?"

"A maioria tem," ela confirmou. "Algumas têm três vínculos, algumas têm cinco. Quatro é o mais comum."

Enquanto voltávamos para nossa mesa, aproveitei a oportunidade para observar os outros estudantes com mais cuidado. Agora que eu estava procurando por isso, podia ver o padrão—pequenos grupos centrados em uma única mulher, com vários homens pairando protetoramente.

"As garotas que ainda não têm idade suficiente para serem vinculadas sentam com seus grupos de dormitório," Lyra continuou, acenando para uma mesa de garotas mais jovens. "Quando completam dezoito anos, estão elegíveis para o pareamento."

"E os rapazes simplesmente... esperam para serem designados a uma namorada?" Não consegui esconder a incredulidade na minha voz.

Lyra riu. "É mais complexo que isso. Os vínculos são predeterminados—conexões profundas de alma que existem antes do nascimento. Os Videntes de Almas apenas os identificam."

Sentamos de volta à mesa, e tentei processar tudo o que ela havia me contado. Era tão distante de qualquer coisa que eu já tinha conhecido.

"Então... o que acontece com os rapazes que não são pareados?" perguntei.

"Alguns nunca se vinculam," Elias explicou, juntando-se à nossa conversa. "Eles ainda podem ter vidas plenas, trabalhar em empregos importantes. Outros encontram vínculos mais tarde na vida quando uma fêmea compatível surge."

Eu estava prestes a fazer outra pergunta quando notei Cas olhando fixamente por cima do meu ombro, sua expressão tensa.

"Parece que você tem admiradores," ele disse, acenando para algo atrás de mim.

Virei-me e vi uma mesa de rapazes—todos não vinculados, a julgar pela falta de uma companheira feminina—olhando intensamente em nossa direção. Ou mais especificamente, para mim.

"Qual é o problema deles?" perguntei, desconfortável sob o escrutínio.

"Eles não são vinculados," Lyra explicou baixinho. "Você é nova, o que significa que representa uma segunda chance para alguns deles. Estão se perguntando se você poderia ser a parceira deles."

"Mas eu não sou—quer dizer, eu nem pertenço a este lugar," protestei.

"Talvez sim, talvez não," Lyra deu de ombros. "Mas eles vão ficar de olho em você até terem certeza."

Ótimo. Mais pessoas me encarando. Examinei a sala, tentando avaliar quantos olhos estavam sobre mim, quando meu olhar pousou em um rosto familiar—e meu sangue gelou.

Jaxon Ryder estava sentado em uma mesa do outro lado do salão, e ele estava olhando diretamente para mim. Ao contrário dos olhares esperançosos dos machos não vinculados, sua expressão era de pura malevolência. Aqueles mesmos olhos que haviam brilhado com raiva quando ele me estrangulou agora estavam fixos em mim com ódio frio.

"Aquele é Jaxon Ryder," Lyra sussurrou, seguindo meu olhar. "Vejo que você já teve o prazer."

"Ele tentou me matar mais cedo," disse, incapaz de desviar o olhar de seu olhar assassino.

"Sim, ele tem esse efeito nas pessoas," Lyra suspirou. "Melhor ficar longe dele, se puder."

Mas enquanto nossos olhos permaneciam travados através do refeitório lotado, eu sabia que isso não seria possível. Eu podia ver o demônio em seus olhos enquanto ele me encarava com aquele olhar assassino mais uma vez, e algo me dizia que nossos caminhos estavam destinados a se cruzar—quer eu quisesse ou não.