Logo após 2 minutos de todos entrarem na sala, uma mulher ruiva com roupa verde do exército entra na sala.
— OK! Quero todos calados. Sou a instrutora Yara Vox, da família Vox, ranqueada como a base número 5. Vou guiá-los este ano e serei eu quem aplicará os testes que definirão quem permanecerá na turma e quem será desclassificado. Além do livreto de regras que entregarei, com as normas da escola, tenho duas regras pessoais e garanto que qualquer um que desobedecer será expulso. É bem simples: a primeira é que tudo que eu disser em sala é lei; a segunda é que é totalmente proibido interagir com qualquer pessoa de fora da classe, a menos que seja em uma prova. Qualquer um que for pego será expulso.
Parece que uma das instrutoras mais chatas veio para a minha turma. Yara tem 29 anos, cabelos ruivos longos até a cintura, olhos verdes, 1,65 m de altura, pele branca e uma rigidez absurda em sua disciplina. "É, será um ano difícil", penso ao vê-la parada à frente da sala.
— Tenho mais duas notícias para dar antes de começar a apresentação do complexo de aprendizagem avançado. Nós dividiremos as duplas como sempre: um menino e uma menina. Sem reclamações, vou dar 5 minutos para formarem as duplas. Não me importa quem fará dupla com quem, só quero que seja uma menina e um menino.
Nesse momento, Rivia olha para mim, levanta-se da cadeira, pega o papel de dupla com a professora. Várias pessoas notaram a presença dela, mas, como se fosse algo natural, ela não se importa com os olhares, pega o papel, volta para a cadeira à minha frente, assina o nome e me entrega o papel.
"É, foi mais fácil do que pensei formar uma dupla com alguém. Achei que teria que me esforçar ao máximo, mas pelo menos isso será fácil." Olho para o papel em minha mão e assino. Não é como se eu pudesse recusar, afinal, recusar criaria uma rixa entre nós.
— Prontinho! — diz Rivia com um sorrisinho no rosto, enquanto pega o papel para entregar à instrutora.
Já consigo imaginar as dores de cabeça que essa menina me trará mais tarde.
Cinco minutos depois, Yara volta a falar, vendo que todos formaram duplas, exatamente dez duplas, compostas por uma menina e um menino.
— Isso é bom, vocês são mesmo decididos. Agora, a segunda notícia: este ano, fui informada de que deveríamos ser mais rígidos com os calouros e temos que fazer uma prova logo no começo. E, é claro, só para informar que a cada prova, no mínimo uma dupla é expulsa da turma e volta para casa. Sei que é cedo, normalmente levaria um mês, mas desta vez a primeira prova será amanhã, e a dinâmica será talento.
— Espera, professora! Está me dizendo que assim que entramos, depois de nossos pais pagarem uma fortuna, já vamos ter que ser expulsos? Isso não é muito injusto? Deveríamos ter mais tempo para nos adaptarmos, né?
Um garoto da parte da frente da sala, com 1,5 m de altura, cabelos castanho-claros, olhos castanhos espertos, usando óculos de grau e de cor parda, reclamou da prova precoce.
— Entendo sua questão, aluno Siuk Beramuth, filho do comerciante de pedras preciosas da base 3. As ordens vieram de cima, mas, como forma de não ser tão carrasca no teste, explicarei como vai funcionar com antecedência. O teste terá três etapas: a primeira etapa será sobre conhecimentos sobre a força de radiação; a segunda será um combate corpo a corpo entre os alunos; e, por fim, um debate. A dupla que tiver o pior resultado final na prova será convidada a se retirar do treinamento e voltar para casa.
Depois dessas palavras, o silêncio tornou-se inquebrável na turma. Era óbvio que os protetores da escola tinham dedo nisso. Todos sentiram um peso enorme nas costas, afinal, ninguém esperava ter que sair logo no dia seguinte à chegada.
— OK! Chega de conversa fiada. Explicarei as regras básicas do local. É bem simples: cada uma das duplas terá um quarto com duas camas de solteiro, para onde vocês irão assim que acabar o expediente. Às 7 horas da manhã começam as aulas; quando o sino tocar às 7 horas, vocês terão 5 minutos para ir para a sala de aula. Em seguida, eu, a instrutora, os guiarei até o meio-dia e, exatamente ao meio-dia, vocês ganharão seu almoço e comerão em seus quartos. Às 13 horas voltarão para a sala e seguirão as instruções até as 18 horas. Logo após, ganharão seus jantares e poderão comer no quarto. Estão proibidos de sair até as 7 horas da manhã do dia seguinte; somente emergências serão toleradas. É estritamente proibido ter relações amorosas entre as duplas; se forem pegos, serão expulsos. Uma câmera foi instalada nos seus quartos para garantir; somente o banheiro ficará sem, mas, mesmo assim, entrar juntos é proibido.
"As regras parecem bem simples, mas por que sinto que algo está errado?", penso, ouvindo Yara explicar as regras do lugar e sentindo que há alguma pegadinha por trás de suas palavras.
— Outra regra importante é sobre os braceletes que irão ganhar. Todos vão receber um agora. Ele checa todos os seus sinais vitais, localização e funciona como gravador de voz. É extremamente proibido tirar o bracelete; quem o fizer será expulso. Além disso, qualquer outra regra está no livreto que entregarei a vocês. Podem vir pegar um por um; ele tem sensor digital, então basta pôr no pulso e colocar a digital. Depois, os guiarei para seus dormitórios. Como a maioria chegou de viagem hoje, estarão livres para ficar no dormitório até amanhã às 7 horas, quando o teste começar. Podem pegar os braceletes e me seguir.
Todos pegaram o livreto de regras e o bracelete. Em seguida, fomos guiados por um corredor até uma área com um campo enorme e cinco casarões gigantes. Mesmo sem poder ver o céu devido ao imenso teto de chumbo, era incrível o que eles construíram aqui; nunca vi nada parecido.
As paredes dos casarões eram extremamente grossas, como se tivessem usado uma quantidade enorme de cimento, e possuíam uma placa enorme com o número 4. Logo quando entramos, somente uma pessoa pôde ser vista no balcão. Foi então que Yara falou pela primeira vez depois que saímos da sala.
— Parem! Conheçam Rita Karl, ela é a recepcionista do dormitório 4. Digam "oi" para ela. Qualquer dúvida que tiverem enquanto estiverem no dormitório deve ser passada para ela. Ninguém pode sair do dormitório sem a permissão dela. Agora, aí estão as chaves no balcão; cada dupla pega uma chave e vá para o seu quarto.
Pergunto-me se a instrutora está sendo tão rasa em suas informações porque amanhã pessoas sairão, ou se há algo por trás. Tenho que chegar a uma conclusão rápido; não quero ser um dos alunos que serão expulsos.
Rivia pegou a chave com o número 3. Em seguida, dobramos à esquerda do corredor e vimos cinco salas: quatro nas laterais e uma no fundo. Era exatamente a sala 3. Pergunto-me se ela já sabia disso.
Abrimos a porta e vimos um espaço realmente grande, com duas camas de solteiro com baús para guardar os pertences na base, uma mesa média quadrada no meio, uma pia, uma geladeira, um micro-ondas, alguns copos e talheres na pia e uma porta branca do banheiro. O quarto era totalmente pintado de branco, e o piso era branco com detalhes pretos com o número 4. O banheiro era simples: um vaso sanitário, uma pia, um espelho, um chuveiro, uma banheira e uma divisória de vidro no lavatório. Um quarto realmente minimalista, com câmeras nas quatro quinas das paredes, que tinham visão de todo o quarto retangular.
— É, parece que definitivamente somos uma dupla agora, vamos nos divertir e passar juntos no teste de amanhã, então se tiver alguma ideia, pode me contar sem medo, eu não mordo tá?
“Puts, quase me esqueci dessa menina. Após analisar o quarto, simplesmente esqueci que tinha que conversar alguma coisa com ela. Que trabalho cansativo.” Penso ao voltar para realidade.
— Certo! Tudo bem, farei isso.
Digo, fingindo estar um pouco tenso. Não quero passar uma má impressão, mas tenho que entender o que está acontecendo rápido. Uma prova no dia seguinte em que chego aqui, fora que provavelmente vão avaliar nossos talentos... Acho que não é algo que falta em mim ou em minha dupla, mas será que é algo individual ou envolvendo a dupla completamente? Que difícil…
Caído em meus pensamentos enquanto coloco minhas roupas no baú que fica na base da cama; nada extravagante, somente roupas básicas nas cores preta ou branca, um tabuleiro de xadrez, o cubo mágico, dois livros que acabara de ler na viagem e produtos de higiene, minha imersão nos pensamentos foi quebrada novamente pela minha dupla.
— Gles, estava pensando: a prova sobre talento só pode ter dois seguimentos, avaliação individual ou em dupla. Acredito que devemos focar em nos conhecer melhor antes de fazer essa prova, conhecer a fraqueza um do outro e os pontos fortes. Não quero que falhemos por um descuido; seria uma humilhação sair na primeira prova. Então, quais são seus pontos fortes e fracos?
"Ela realmente não tem vergonha alguma de perguntar isso", penso, vendo que minha dupla é totalmente extrovertida, diferente de mim. Não que eu não consiga conversar, mas aprendi a abraçar o silêncio.
— bem… é… — tremulei um pouco a voz para fazer jus ao que vou explicar. — Aprendi artes marciais desde cedo e sou grande para a minha idade. Também sei me adaptar a situações inusitadas com facilidade. Acho que, como fraqueza, seria falar em público ou com várias pessoas. Acho que seria isso. E as suas?
Tentei ser o mais autêntico que uma pessoa introvertida consegue ser. Demonstrar fraqueza para alguém faz com que essa pessoa confie mais em você, pois, garantidamente, ela estará se abrindo. Ler milhares de livros de psicologia realmente ajudou.
— Entendi, faz sentido. Você parece mesmo quieto e introvertido. Se for sobre essa parte, sou ótima com palavras, independente de com quem falo. Mas acho que minha fraqueza seria ter pouca paciência; gosto das coisas acontecendo no meu tempo, mas às vezes me dou mal com isso. Se você perceber que vou me dar mal por isso, pode me avisar, vou estar de ouvidos atentos. E não precisa ser introvertido comigo, tá bom?
— Certo!
Ela estava terminando de colocar as coisas no baú da cama; parecia ter trazido a casa inteira na mala: várias roupas, secador de cabelo, chapinha, maquiagens, bijuterias e uma caixinha preta que não faço a menor ideia do que tem dentro. Notei tudo, pois ela levou muito mais tempo para organizar as coisas; realmente trouxe tudo o que podia trazer. Acho que mulheres são uma loja de conveniência ambulante... que medo.