*alguns minutos depois*
— Então pensou em algo?
Talvez essa menina pense que sou um gênio ou algo assim. Nós acabamos de guardar as coisas e já quer respostas. Já que não dei minha opinião, falarei o óbvio.
— Bem, se for uma prova individual, não vai ter o que fazer; vamos ter que nos virar. Mas, se for uma prova em fases, por exemplo, posso ficar com a luta, você com o debate e, já a prova escrita, podemos verificar quem sabe mais sobre a energia radioativa.
Rivia pôs a mão no queixo e fez um rosto pensativo; parecia estar mais me avaliando do que realmente tentando chegar a um plano para a prova de amanhã.
— Faz sentido, vamos fazer perguntas um para o outro então?
— Pode ser. — respondo sem conseguir entender o que ela realmente busca dessa conversa.
Ela estava na cama dela, então levantou-se, pegou um papel e uma caneta e veio sentar-se na minha cama.
— OK! Eu começo com as perguntas: quantos níveis de energia de combate um ser humano pode alcançar e quais são eles especificamente?
Ter uma garota que não seja minha prima tão perto me mostrou um lado meu que não conhecia: a tensão da presença dela e o volume abaixo do pescoço que tentei ao máximo não olhar. Mulheres são mais atraentes de perto; preciso respirar e me acalmar.
— B-bem… essa é fácil. — respiro fundo, olho para o teto rapidamente e depois olho para o rosto dela e respondo. — Quatro níveis diferentes e dois estágios entre o nível médio e avançado. O primeiro nível é o Alfa, depois o nível médio Beta 1 e Beta 2, seguido pelo nível avançado Gama 1 e Gama 2, e por fim o nível máximo Nêutron.
— Perfeito! Sua vez. — diz a garota entusiasmada.
Pergunto-me se ela não sente tensão alguma, estando tão próxima de um garoto que acabou de conhecer.
— Humm… Qual a diferença entre os quatro níveis e quais os requisitos para evoluir de nível?
— Humm… — Ela colocou a mão no queixo e pensou um pouco. — A cada nível, a diferença é a quantidade de energia que as células do indivíduo conseguem comportar, multiplicada por dez a cada nível e estágio. Do nível Alfa ao Gama, basta conseguir aumentar o nível interno de radiação; mas o nível especial, o Nêutron, precisa de aditivos externos e refinamento do corpo para ser alcançado, além da ativação rápida da radiação na corrente sanguínea, possibilitando ao combatente aumentar a liberação de radiação em seus golpes.
— Acho que nós dois sabemos o básico. — digo tentando parar essas perguntas e fazê-la ir para cama dela.
Era óbvio que dois descendentes diretos de líderes das bases saberiam tudo sobre radiação; a prova escrita não é um problema.
— Sim, mas é minha vez agora. Quantas transformações da energia radioativa existem para um combatente e quais são suas classificações?
“aaaah… que chato, com ela cada vez mais perto assim…” penso vendo que não desistirá.
Respiro fundo novamente e respondo:
— Quinze tipos, classificados em três classes: combate a curta distância (os Valetes), combate a longa distância (os Reis) e suporte (as Rainhas). Ainda existem os Divergentes, mas eles não são naturais, então não contam.
— Tá! Mas e quais são os 15 tipos?
— Vale duas perguntas? — digo vendo que levaria muito tempo responder.
— Era uma pergunta específica sobre os 15 tipos.
“Ela é muito chata” Penso, sentindo vontade de suspirar, mas a essa altura do campeonato, com ela tão perto, sinto que fiquei mais tenso do que nunca antes.
Não pensei que interação com alguém do sexo oposto seria tão complicado… Preciso me adaptar a isso logo.
— Os Valetes: Super-resistência, Superforça, Velocidade, Transformação radioativa e Regeneração corporal. Já os Reis: Fogo, Ondas eletromagnéticas, Luz, Eletricidade, Gás ácido. E, por fim, as Rainhas: Cura de terceiros, Barreira radioativa, Manipulação radioativa, Ilusões e Analgésico.
— É, acertou! Manda outra.
“Estou começando a detestar pessoas extrovertidas”
— Como se desperta os poderes radioativos?
— Essa é muito fácil: basta injetar doses mínimas controladas de radiação na circulação sanguínea, o que só é possível para pessoas com genes evolutivos como consequência da guerra nuclear que aconteceu há 300 anos. Mas a chance de despertar é de 50%, e para liberar o tipo de transformação da radiação, basta ingerir os fluidos referentes à tipagem. Contudo, para ter o melhor resultado de evolução, são feitos exames para a tipagem correta de cada corpo, definida pelos genes ancestrais; quanto mais puro o gene, melhor.
— Acertou! Sinto que não faz sentido ficar perguntando coisas assim; nós tivemos uma boa educação, é óbvio que vamos saber responder." — Digo, tentando acabar com essas perguntas desnecessárias.
— Faz sentido, vamos fazer perguntas difíceis, então…
Por mais que tentasse pará-la gentilmente, ela só cessou de falar e perguntar na hora do jantar. Pergunto-me se fui o único que recebeu um treinamento rígido; será que o mundo fora da base em que nasci é tão diferente assim? Depois de várias perguntas sobre radiação, ela começou com coisas como amores de infância e outras coisas pessoais. Como poderia ter algo do tipo? Minha vida foi somente treinar, treinar e treinar.
Após o jantar trazido ao quarto pela responsável do dormitório, saímos para a sala principal do dormitório. Nenhuma outra dupla estava lá; ninguém tentou socializar com ninguém. A tensão sobre a prova que está por vir fez com que todos vissem uns aos outros como oponentes que poderiam sabotar suas duplas de alguma forma.
Voltamos para o quarto após verificar um pouco o nosso dormitório. Rivia apenas comentou sobre a atitude das outras duplas como normal, já que quase ninguém se conhecia. Não me importava nem um pouco com isso; minha real tristeza foi ter que esperar duas horas para tomar banho. Ela simplesmente morou no banheiro! Se todo dia for assim, estou ferrado; terei que acordar mais cedo para tomar banho pela manhã. Qual a necessidade de passar tanto tempo no banheiro?
No banheiro tem o básico: uma pia com espelho, um vaso sanitário e uma divisória com chuveiro e banheira. Mas, por algum motivo, ela deixou o banheiro todo molhado, mesmo com a divisória de vidro tampando toda a parede. É, se eu continuar nessa classe especial, terei que aturar isso por pelo menos um ano. Que desagradável…
*Dia seguinte às 7 horas da manhã*
O som de um sino ecoou pelo local. Não faço ideia de onde vem com exatidão, só sei que já estava preparado para ir à sala. Pelo menos minha dupla também estava; acho que não terei grandes problemas com isso.
Chegando à sala, quase todas as duplas já haviam chegado. As carteiras foram mudadas; agora havia dez mesas grandes brancas que comportavam duas cadeiras juntas. Nós nos sentamos perto do fundo e, assim que todos chegaram exatamente às 7h05, Yara começou a falar
— Certo, vamos começar a prova escrita. Passarei entregando a prova; é um papel por dupla, com três questões em cada prova. É simples: basta acertar as questões. Vocês têm uma hora; ao terminarem, levantem a mão que buscarei a prova. Mas não fiquem com medo, mesmo se forem mal nessa parte, ainda haverá a parte dois e três.
Após falar, ela entregou a prova. As perguntas eram simples, basicamente o que perguntamos um ao outro no dia anterior. Duvido muito que alguém vá mal nesta prova. Pergunto-me qual o sentido de não ser uma prova desafiadora. Trinta minutos depois do início da prova, entregamos a nossa respondida.
E com o passar do tempo, todos entregaram a prova. Dez minutos após o fim do tempo limite, Yara, que corrigiu a prova, nos disse o resultado.
— Parabéns! Parece que pelo menos esta turma estudou o básico. Todas as duplas acertaram todas as questões; todos têm 3 pontos nesta prova. Agora, vamos para a segunda parte: a luta entre duplas. Devemos ir ao pátio de treinamento.
Não entendi bem o que aconteceu, mas se todos tiraram nota máxima, então este teste não passou de uma checagem básica? Se todas as provas forem assim, será fácil chegar ao fim do ano.
Após sairmos da sala, chegamos a um campo de treinamento enorme. Era um retângulo de exatos duzentos por cento e cinquenta metros, totalmente feito de grama falsa, com teto e paredes do mesmo concreto de sempre, mas com luzes por todos os lugares.
— Este será o local do segundo teste: combate entre as duplas. Tenho um saco aqui com cinco números, repetidos uma vez cada. Um representante de cada dupla, venha pegar o papel. — Yara diz demonstrando neutralidade.
Rivia fez questão de ir buscar. É meio difícil entendê-la; parece estar se esforçando ao máximo para mostrar liderança.
Pegamos o número 2. A outra dupla que pegou o número 2 era composta por um garoto de 1,80 metro, cheio de músculos para a idade dele; parecia que tomou whey desde o peito da mãe. Já sua dupla era baixa, com 1,45 metro no máximo.
— Agora que todos pegaram seus números, explicarei a regra da luta: é simples. Um representante de cada dupla por vez iniciará a luta. Quando o oponente desistir ou apagar, a luta acaba, mas o oponente de pé continua a luta contra o próximo indivíduo da dupla. A luta só acaba quando ambos os oponentes da dupla desistirem ou desmaiarem. É proibido trocar de lutador durante a luta, a menos que o lutador desista. É simples: as duplas com o número 1 podem começar a lutar.
— Mas… professora! Não haverá um juiz caso a luta passe dos limites? — Uma garota de cabelos esverdeados diz, com medo das consequências da luta.
— O juiz está aqui, pode aparecer. Pare de ficar invisível, é desconfortável. — diz a professora, ficando com os olhos esverdeados brilhantes e soltando uma pequena quantidade de fogo em um certo local.
— Ora... não precisava jogar fogo em mim! Eu poderia ficar invisível durante a luta inteira, só observando; só iria interferir se fosse necessário. Que estraga-prazeres!
Um homem enorme, de 1,95 metro, cheio de músculos, careca, de pele branca, olhos verdes e cavanhaque, apareceu do nada com roupa do exército preta levemente queimada.
— Este é Sergei Riov, da família Riov. O poder dele é criar escudos radioativos; ao refinar o suficiente, é possível ficar invisível, refletindo toda a luz que chega a você. Mas enfim, vamos começar as lutas; se algo passar dos limites, ele irá intervir.
Depois da pergunta, duas duplas foram para o espaço marcado pela professora. A primeira dupla era um garoto magro e pequeno, com 1,50 metro de altura, olhos castanhos e músculos pouco aparentes. Sua dupla era uma garota de cabelos rosa, também pequena, com 1,45 metro de altura, olhos verdes e pele branca como a neve.
Ao contrário desta dupla, a outra possuía um garoto de 1,65 metro, levemente atlético, com olhos castanhos escuros, pele parda e cabelos curtos. A garota tinha 1,55 metro, olhos castanhos, era muito bonita, tinha pele branca e cabelos longos trançados até a cintura.
Os dois garotos foram os primeiros a ir para a luta.
— O aluno Ícaro, filho de cientistas da base 11, e o aluno Kali, filho de comerciantes da base 8, podem começar a luta.