5-A mãe que sempre esteve lá

O verão se arrastava quente sobre Konoha, mas para Naruto, o calor vinha de dentro.

Nos últimos dias, seu corpo começou a reagir de maneira nova, estranha, urgente.

Ela suava mais, mesmo parada. Seus batimentos aceleravam com facilidade. Às vezes, ao olhar alguém, sentia arrepios, desejo, ou raiva. Os sons pareciam mais altos, os cheiros mais intensos.

Kurama não dizia nada — mas observava.

E então, numa manhã abafada, tudo se desequilibrou.

Naruto acordou arfando, com a pele pegando fogo e o corpo pulsando com chakra selvagem. Seus dedos cravaram o lençol. Seus quadris estavam doloridos, o centro de seu corpo vibrando como se chamasse algo ausente.

Seu cio tinha começado.

— O que... é isso...? — sussurrou, arqueando-se involuntariamente, o chakra pulsando em ondas quentes.

Kurama, por fim, respondeu:

— Seu primeiro cio. E não será fácil. Você está viva em chakra, mas seu corpo seguiu instintos de fêmea madura. Seu calor vai atrair quem já te deseja. E você... vai desejar também.

Naruto tentou se levantar, mas caiu de joelhos no chão. Estava tonta. Faminta. Quase febril.

Precisava de contato. Precisava de toque.

Precisava ser amada. Desejada. Reivindicada.

E como se o destino ou os instintos conspirassem, Kiba chegou ao seu apartamento no mesmo instante, preocupado com o que sentia no ar.

— Naruto? Tá tudo bem? Seu cheiro tá... — ele parou ao abrir a porta.

A imagem diante dele o congelou: Naruto caída no chão, suando, com as roupas grudadas no corpo, os olhos turvos, os quadris trêmulos.

Ele não pensou. Agiu.

— Você tá no cio... — sussurrou, ofegante. — Isso é...

Naruto tentou protestar, mas quando os braços de Kiba a envolveram, o calor explodiu. O cheiro dele, o toque de suas mãos, a respiração animalesca... tudo a envolveu. E ela aceitou.

— Me ajuda... — ela sussurrou, entre lágrimas e desejo. — Eu não consigo...

Kiba a segurou como se ela fosse a criatura mais preciosa do mundo.

E naquela manhã, Naruto foi reclamada.

Mas o mundo não parava.

Na tarde do mesmo dia, quando Naruto tentou sair para respirar ar fresco, Hinata a encontrou. E o chakra não mentia.

Hinata viu. Hinata sentiu.

Naruto havia sido tocada. E não por ela.

— Você... esteve com ele.

— Hinata, eu... eu não... — Naruto tentou recuar, mas Hinata a segurou pelos ombros, os olhos completamente vidrados.

— Ele não te ama como eu. Ele só quer te possuir. Mas eu... eu quero tudo. Sua alma. Seu corpo. Sua dor. Seu amor.

Naruto sentiu o chakra de Hinata a envolver. Gentil, mas sufocante. E de algum modo, reconfortante. Familiar.

Ela a beijou. Um beijo desesperado, possessivo, quebrado — e Naruto não recusou.

Seu cio ainda não havia passado. Ela ainda precisava de afeto, de contato. E Hinata estava ali, inteira, entregue.

Nos dias seguintes, Naruto ficou no meio de dois focos de obsessão emocional.

Kiba aparecia com flores, carnes raras, brinquedos caninos (literalmente) e presentes "de matilha".

Hinata deixava poemas, proteção ativa por perto, comida caseira e longas cartas falando sobre “vidas compartilhadas em silêncio”.

Ambos se tornaram extremamente físicos.

Kiba cheirava Naruto sempre que podia, lambeu seu rosto em público uma vez (o que causou boatos na vila).

Hinata passou a vigiar Kiba com olhos frios, claramente disposta a atacá-lo se ele chegasse perto demais.

Naruto tentava manter a calma. Mas não conseguia afastar nenhum dos dois.

— Eles estão viciados em você, Kurama murmurava. Você é o calor que falta neles. A loba que alimenta seus vazios.

— Isso não tá certo... — Naruto chorava às vezes, perdida. — Mas também... não consigo ficar longe deles...

Kurama riu, sombria.

— Você é feita pra ser desejada. E agora... eles lutam pra te ter. Você os enfeitiçou sem querer, meu filhote. E agora... precisa decidir: vai manter os dois... ou deixar alguém partir quebrado.

Continua...