Capítulo 19: Conquistando nossas armas!

A equipe rapidamente retirou os bonecos quebrados e colocou novos, prontos para o próximo treino.

— Próximo! — chamou Yan, observando a reação dos recrutas. O silêncio tomou conta do grupo; ninguém queria se apresentar após a demonstração impressionante de Slayer.

— Eu vou! — disse Fiona, rompendo o silêncio com determinação.

— Cadê suas armas? — perguntou Yan, notando que ela não carregava nada visível.

— Aqui! — respondeu Fiona, erguendo as mãos para mostrar os socos ingleses.

— Socos ingleses? Por quê? — questionou Yan, surpreso.

— O estilo da minha família é corpo a corpo, focado nos punhos. Não achei luvas, então peguei esses socos ingleses! — explicou Fiona, com confiança.

Yan a avaliou por um momento e então assentiu.

— Não vai ser fácil, mas pode tentar.

— Certo! — respondeu Fiona, assumindo sua posição no centro do campo.

Ela flexionou os joelhos e se preparou, enquanto os bonecos ao seu redor começaram a se mover, simulando ataques. Em um piscar de olhos, um dos bonecos avançou, o braço articulado disparando em sua direção. Fiona girou rapidamente para o lado, desviando do golpe e desferindo um soco poderoso no "peito" do boneco, que rachou com o impacto.

Outro boneco se aproximou por trás. Fiona saltou e girou o corpo no ar, aplicando um soco na lateral do rosto do boneco santes de aterrissar com leveza. Mal tocou o chão e já avançava de novo, desviando de um ataque baixo e descendo com um soco no ponto de articulação de um dos bonecos, partindo-o ao meio. Os pedaços de madeira e metal caíram ruidosamente ao chão, mas ela nem desacelerou.

A cada movimento, Fiona era uma combinação perfeita de força e precisão. Seus socos eram rápidos e certeiros, e os socos ingleses amplificavam o impacto a cada golpe, deixando um rastro de bonecos destruídos ao redor. Quando o último boneco se lançou contra ela com um ataque direto, Fiona se abaixou, girou e finalizou com um soco direto no "rosto" do boneco, que explodiu em estilhaços.

Quando o último pedaço de madeira caiu, Fiona se levantou, respirando fundo, mas com um sorriso satisfeito.

Yan observou a cena, impressionado. Mira aplaudiu automaticamente.

— Soco inglês é uma boa escolha, e com o traje você já conseguiria enfrentar ghouls — disse Yan, avaliando. — Mas será ainda melhor uma luva com algo que pareça um soco inglês embutido. Deixe suas armas e leve esse papel para o arsenal!

— Obrigada! — respondeu Fiona, se retirando.

Ao passar pela porta, ela cruzou com Kay, que observava a performance.

— Impressionante — comentou Kay, meio distraído. — Eu recomendaria usar algo a mais. Uma granada de luz ou de som já ajudaria bastante.

— Cuida da sua vida! — respondeu Fiona, meio irritada, continuando seu caminho.

— Foi só uma dica, não leve a mal! — disse Kay, afastando-se em direção ao grupo.

Assim que Fiona saiu, Yan voltou-se para Kay.

— Já terminaram os experimentos? — perguntou ele.

— Aquela mulher é realmente doida! — respondeu Kay, soltando um suspiro.

— Você está bem? — perguntou Mira, preocupada.

— Estou, os outros me ajudaram a parar ela! — respondeu Kay. — Já fez o teste?

— Tentei usar armas de fogo, mas... falhei. — Mira desviou o olhar, um pouco desanimada.

Kay franziu o cenho, mas deu uma risadinha leve.

— Por que tentou usar armas? Você sempre foi ruim em caçar!

— Era para me animar, não me deixar mais triste! — disse Mira, revirando os olhos.

— Você seria boa com uma arma longa, tipo uma espada ou uma lança — sugeriu Kay. — Uma arma que estenda seu alcance!

— Por que acha isso? — perguntou Mira, curiosa.

— Nos treinos, você nunca me acertava por pouco. Sua mente pensa rápido, mas seu corpo não acompanha. Com uma arma longa, essa diferença fica coberta. Eu vou procurar uma no arsenal para você! — disse Kay, decidido.

— Tá... — concordou Mira, ainda absorvendo o conselho.

— Por que concordou com ele? — perguntou Yan, observando a conversa.

— É o Kay falando. Quando se trata de matar ghouls, ele entende mais que eu. Ele que me treinou, então sabe como eu luto. — Mira deu de ombros, com uma confiança tranquila.

Yan assentiu, compreendendo.

— Entendo. Então você é a próxima. Pegue uma espada com seus colegas.

— Por quê? — perguntou Mira, surpresa.

— Quero verificar quais armas você maneja melhor — disse Yan, firme.

Mira então pegou a katana que Slayer havia usado, segurando-a com firmeza, e se posicionou no centro do campo, pronta para o teste.

Mira respirou fundo, ajeitando a postura com a katana em mãos. Ao sinal de Yan, cinco bonecos se moveram de uma vez, avançando em direções diferentes, mas ela já estava preparada. Seus olhos se estreitaram, cada movimento dela era calculado em milissegundos, antecipando os ataques como se previsse exatamente o ponto de impacto.

Ela se moveu com rapidez, desviando e posicionando a katana para um golpe preciso no boneco à sua esquerda. O golpe saiu, mas foi quase superficial; o boneco mal sofreu um arranhão. Mira avançou em seguida para os outros, o corpo fluindo em esquivas e viradas ágeis, mas a espada parecia curta demais, como se ela precisasse ser mais longa.

Em uma velocidade impressionante, ela esquivava dos ataques com uma precisão instintiva, prevendo cada golpe. Mas, por mais que tentasse, a lâmina não acompanhava. Quando a ponta finalmente tocava os bonecos, o corte parecia suave demais ou quase inexistente. Um boneco após o outro, ela fazia o movimento certo, mas a força e o impacto não estavam lá para concluir os ataques.

Em outro giro rápido, tentou um corte certeiro na diagonal, mas a lâmina apenas riscou o boneco. Em alguns momentos, o movimento parecia perfeito; em outros, era como se o peso da arma estivesse dificultando a precisão e a potência dos golpes.

Ao final do exercício, Mira parou, ofegante, percebendo que todos os bonecos ainda estavam de pé, sem danos significativos. Yan observava em silêncio, avaliando cada movimento dela.

Com a nova espada em mãos, Mira sentiu algo mudar dentro dela. Assim que Yan sinalizou o início do teste, foi como se sua mente começasse a imaginar cada ataque e movimento antes mesmo de seus olhos perceberem os bonecos se movendo. Seu corpo, quase instintivamente, respondia à essas visões internas, como se estivesse um passo à frente de cada movimento.

Ela desviou para a esquerda e, antes de perceber o que estava fazendo, já havia desferido um corte preciso no primeiro boneco. Sem hesitar, girou e se abaixou, desviando de um segundo boneco que avançava, e a lâmina desceu sobre ele com precisão cirúrgica. Não havia tempo para pensar ou processar; era um fluxo contínuo onde sua mente criava e seu corpo acompanhava.

Os bonecos investiam com mais velocidade e frequência, mas ela já estava adaptada a prever cada ação deles. Seu corpo não parava de se mover, respondendo automaticamente ao ritmo imposto por sua mente. Os últimos dois bonecos avançaram ao mesmo tempo, e Mira, com um impulso, girou em um movimento completo, atingindo-os simultaneamente e deixando marcas profundas em ambos.

Quando tudo se acalmou, Mira parou e olhou ao redor. Viu os bonecos destruídos ao seu redor, os cortes evidentes que havia feito, e a realidade da vitória subitamente a atingiu. Ela olhou para Yan, os olhos brilhando, e então, sem conter a emoção, deu um pulo e comemorou animada:

— Eu consegui!

Kay aplaudiu.

— Ela foi treinada para o corpo a corpo. Quando usa uma arma, tenta calcular a distância do inimigo até a sua arma, mas sempre há uma pequena diferença. Ela só precisava de uma mais longa para cobrir isso! — disse Kay, orgulhoso.

— Entendo, preferência por armas longas. Teste realizado com uma espada longa! — anotou Yan. — Pegue o papel e leve ao arsenal!

— Obrigada! — respondeu Mira, alegre por ter conseguido.

Kay começou a se retirar com ela.

— Para onde está indo? Não quer testar sua arma? — exclamou Yan.

— Eu luto corpo a corpo ou usando um bastão, mas eu já tenho um — respondeu Kay.

— Espera, Kay! Vem aqui rapidão! — chamou San.

Mira fez um gesto para que ele fosse.

— Fala, San! O que precisa? — exclamou Kay, se aproximando.

— Eu não tenho muita confiança. Você pode avaliar meu teste e ver com que arma sou bom? — pediu San, nervoso.

— Eu também te peço para me avaliar! — disse Dan.

— Eu não conheço o estilo de vocês. Se eu for dizer, vai ser chute! — respondeu Kay, balançando a cabeça.

— Pode ser! — insistiu San.

— Se é isso que querem, tudo bem! — disse Kay, concordando.

— Próximo! — chamou Yan, com firmeza.

— Eu! — declarou San.

Yan o chamou para frente.

— Eu sei que você não quer ficar muito tempo aqui, então vou ir primeiro! — disse San, determinado.

— Vai no seu tempo — respondeu Kay, encorajando-o.

— Certo! — confirmou San, indo em direção ao campo.

San respirou fundo, posicionando-se à frente dos bonecos que o aguardavam no campo de teste. Ele empunhava uma espada curta, mas parecia desconfortável com o peso e o alcance da arma. Kay observava atentamente, atento a cada movimento hesitante de San. Yan, como sempre, mantinha-se em silêncio, esperando para ver o desempenho.

San avançou, tentando acertar o primeiro boneco, mas hesitou. Seu corte não foi tão preciso quanto desejava, e a lâmina acabou rebatendo no boneco, sem causar muito impacto. Ele recuou e tentou novamente, ajustando a postura. Era evidente que San tinha o instinto, mas faltava-lhe precisão.

Ele avançou mais uma vez, mas o cansaço e a falta de confiança atrapalharam, fazendo-o tropeçar ligeiramente.

Quando San terminou, olhou para Kay sem nenhuma expectativa.

— E aí? — perguntou ele, nervoso.

— Você não é lento, mas também não é tão rápido. Te falta força nos ataques! — disse Kay, observando-o com seriedade.

— Entendo! — respondeu San, triste.

— Por que não tenta uma arma de fogo? — sugeriu Kay.

— Barulhenta! — retrucou San.

— Meu irmão tem uma audição boa. Barulhos muito altos e de perto o incomodam! — acrescentou Dan.

— Eu vi uma arma perfeita para você. Espera aqui que eu vou buscar! — disse Kay, se retirando.

— Me dê outra chance, por favor! — pediu San, esperançoso.

— Tudo bem, afinal estamos aqui para descobrir as armas de vocês! — disse Yan, encorajando-o.

Kay retornou, deixando San e Dan surpresos.