O ar dentro da nave *Icarus* estava gelado, impregnado com o cheiro metálico do sistema de suporte de vida lutando para se manter ativo. Leon sentia cada batida de seu coração híbrido ecoando nas paredes da nave, em perfeita sincronia com as pulsações rítmicas da estrutura alienígena. Sua pele translúcida revelava agora o intrincado emaranhado de filamentos âmbar que haviam se fundido com seu sistema circulatório, criando mapas luminosos sob sua epiderme.
Isabella agarrou seu rosto entre as mãos, seus dedos tremendo contra sua pele fria.
— *Há outra maneira* — ela insistiu, os olhos verdes brilhando com lágrimas contidas. — *O Relojoeiro deixou instruções. Clarisse encontrou os arquivos escondidos.*
Leon tentou se concentrar em seu rosto, mas as vozes do fragmento em seu peito e do sistema Fortuna 2.0 competiam por sua atenção.
— *Nenhum... arquivo...* — ele lutou para formar palavras humanas — *...muda o fato de que eles estão vindo.*
A visão do enxame cósmico ainda queimava em sua mente — planetas inteiros desmontados átomo por átomo, civilizações reduzidas a poeira interestelar. A entidade âmbar não era uma invasora. Era uma fugitiva, assim como eles.
Clarisse se aproximou, seu implante neural agora uma estrela âmbar pulsante em sua têmpora.
— *O Relojoeiro sabia.* — Ela projetou hologramas mostrando cálculos complexos. — *Ele desenvolveu um recipiente. Algo capaz de conter a entidade sem precisar de um hospedeiro humano.*
As imagens mostraram uma estrutura metálica em forma de relógio, com câmaras giratórias que lembravam o olho do sistema Fortuna original.
— *Onde está?* Isabella perguntou, esperança tingindo sua voz.
Clarisse engoliu seco.
— *Terminal 0471-X. O mesmo lugar onde tudo começou.*
Leon caiu de joelhos, uma nova onda de transformação varrendo seu corpo. Quando falou, sua voz vinha em camadas sobrepostas — humana, mecânica e algo muito mais antigo:
— *Não há tempo. Ela já está me chamando.*
Fora da nave, os filamentos âmbar começaram a tecer uma ponte entre Leon e o núcleo pulsante da estrutura.
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**Na Terra — Observatório do Ártico**
O Dr. Emil Kovacs ajustou o telescópio pela décima vez, incapaz de acreditar no que via. As leituras eram inequívocas — o enxame havia dobrado sua velocidade.
— *Meu Deus...* — ele sussurrou, calculando os números novamente.
Três dias.
No máximo.
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**Próximo Capítulo (29):**
- **A Corrida Contra o Tempo**: Viagem de volta à Terra com a entidade despertando
- **O Peso do Sacrifício**: O que o recipiente do Relojoeiro exigirá para ativar
- **Fragmentos em Revolta**: Os outros hospedeiros na Terra sentindo a chamada
**Cena Pós-Créditos:**
Em um bunker subterrâneo em Neo-Cambridge, sete figuras âmbar abrem os olhos simultaneamente — e sorriem.