Capítulo 31: O Sacrifício e o Engano

O terminal 0471-X vibrava como um coração prestes a explodir. Leon sentia cada pulso ecoando em seus próprios ossos, os filamentos âmbar sob sua pele respondendo em uníssono. Clarisse se arrastou até o painel central, seu corpo falhando enquanto digitava comandos frenéticos.

— *Precisamos de três minutos para sobrecarregar o sistema* — ela tossiu, cuspindo um fio de líquido metálico. — *Mas quando eu ativar isso...*

Isabella terminou a frase por ela, apertando o canivete gravado:

— *Vai precisar de um hospedeiro completo para direcionar a energia.*

Seus olhos verdes encontraram os de Leon — fractais agora quase totalmente âmbar. Ele já sabia o que precisava ser feito.

— *Não será você.*

Antes que alguém reagisse, Leon agarrou Clarisse pelo ombro e *puxou* — não seu corpo físico, mas o implante neural que a mantinha viva. O dispositivo saiu com um som úmido, trazendo consigo fragmentos de seu crânio.

— *Leon!* Isabella gritou, mas já era tarde.

Ele inseriu o implante em seu próprio pescoço, sentindo os dois sistemas dentro dele — Fortuna 2.0 e o fragmento âmbar — fundirem-se com a tecnologia do Relojoeiro.

[*Ding!*]

**[SINCRONIZAÇÃO COMPLETA: 100%]**

[Controle do Terminal: Ativado]

[Tempo Restante: 02:59]

O chão tremeu quando os Sete finalmente irromperam na câmara.

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**Ruínas de Lumenford — Nível da Superfície**

O clone de Leon pisou na terra devastada, seus olhos escaneando a cidade com interesse científico. Atrás dele, o portal lunar continuava aberto, e *algo* começava a se esticar através dele — membros longos e segmentados como os de um inseto cósmico.

— *Engraçado* — ele murmurou para si mesmo. — *Eles realmente acreditaram que estávamos fugindo.*

Seus dedos tocaram o comunicador.

— *Preparar o receptáculo. O Deus Inseto está pronto para nascer.*

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**Terminal 0471-X**

Leon lutava contra a dor enquanto canalizava a energia do terminal. Sua pele agora brilhava totalmente translúcida, revelando o esqueleto de filamentos âmbar que o mantinham de pé.

— *Isabella... o portal lunar...* — Cada palavra era uma facada. — *Eles não queriam escapar. Queriam* trazer *algo.*

Os Sete avançaram, seus corpos se desfazendo em névoas de partículas âmbar que tentavam se fundir com o terminal.

Clarisse, agora agonizante no chão, arrastou-se até o painel principal.

— *Eu... posso...*

Seu dedo ensanguentado atingiu uma sequência final.

O terminal rugiu como um animal ferido.

— *O que você fez?!* Um dos Sete gritou, sua voz distorcida.

Clarisse sorriu, os dentes manchados de prata e âmbar.

— *Mudei o destino... do portal...*

Leon entendeu antes dos outros. Ela não estava sobrecarregando o terminal — estava *redirecionando-o*.

[*ALERTA: TRAJETÓRIA ALTERADA*]

[Alvo: Base Lunar Alpha]

[Impacto em: 00:59]

— *Não!* O clone de Leon gritou do outro lado do portal, sua imagem tremeluzendo nas engrenagens.

O terminal atingiu massa crítica.

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**Próximo Capítulo (32):**

- **O Preço da Vitória**: As consequências da explosão do portal

- **O Último Fragmento**: O destino do clone e do Deus Inseto

- **Cicatrizes de Âmbar**: O que resta de Leon após o sacrifício

**Cena Pós-Créditos:**

Nas profundezas do espaço, o primeiro navio do enxame finalmente revela sua verdadeira forma — e é um espelho grotesco da fusão de Leon com o fragmento.