Uma Mulher Delirante

Primrose resistiu à vontade de rir. A confiança de Leah era realmente algo à parte.

Claro, ela também era uma besta, mas era uma raposa! Não um animal assustador, mas uma raposa!

Como uma mera raposa poderia se comparar a um Lycan? Não importa quão astuta ou bonita ela pensasse que era, no final, ela ainda seria considerada fraca demais para ficar ao lado de Edmund.

Além disso, por que Leah era sempre a única a atendê-la?! Onde estavam suas outras damas de companhia?

Quanto mais pensava nisso, mais estranho parecia.

Dois anos antes da morte de Leah, ela também havia sido a única constantemente ao lado de Primrose, a ponto de Primrose mal se lembrar de ter interagido com suas outras atendentes.

Algo não estava certo.

"Lady Leah," Primrose perguntou, "por acaso você sabe onde estão minhas outras damas de companhia?"

A expressão de Leah não mudou, mas seus olhos se afiaram ligeiramente. "Vossa Majestade está insatisfeita com meu serviço?"

Primrose rapidamente colocou uma expressão de desculpas, deixando seu olhar cair o suficiente para parecer que se sentia mal por perguntar. "Não! Não, claro que não! É só que... eu estava pensando que deve ser exaustivo para você me servir sozinha."

Ela ofereceu a Leah um pequeno sorriso. "Eu odiaria ser um fardo tão grande."

[Ela realmente acha que estou servindo-a por dever? Por favor.]

[Esta é minha chance. Minha única chance de ficar perto de Sua Majestade.]

[Cada segundo que passo ao lado da Rainha é um segundo mais perto dele. Ele me vê. Ele me reconhece. Ele sabe meu nome.]

Que diabos havia de errado com ela?

Primrose sempre presumiu que a obsessão de Leah por Edmund vinha da ambição, que ela só queria trazer honra para sua família.

Mas... seria mais do que isso?

Ela estaria realmente apaixonada por ele?

O pensamento enviou um arrepio desconfortável pela espinha de Primrose. Porque em sua primeira vida, ela mal havia interagido com Edmund, quase nunca, na verdade.

E, ainda assim, Leah a havia seguido. Talvez, ela esperasse que, ficando por perto, conseguiria a menor chance de interagir com Edmund.

Se ela deixasse de ser dama de companhia de Primrose, sua oportunidade de vê-lo seria reduzida a zero.

Certo, era isso.

Essa vadia precisava ir embora o mais rápido possível.

Na verdade, depois de perceber que Edmund não passava de um tolo patético apaixonado, Primrose tinha certeza de que ele não a questionaria se ela pedisse para substituir sua dama de companhia.

Mas... onde estaria a graça nisso?

Leah a havia humilhado inúmeras vezes em sua primeira vida, então não havia como Primrose deixá-la ir tão facilmente.

"Lady Leah, posso lhe fazer uma pergunta?" Primrose perguntou, sua voz suave, entrelaçada com uma hesitação tímida.

"Claro, Vossa Majestade."

Primrose mexeu-se ligeiramente, girando os dedos como se estivesse envergonhada. "V-você tem algum segredo... para sua beleza?"

No momento em que as palavras saíram de sua boca, ela quase engasgou.

Beleza? Que beleza?

Se as duas estivessem juntas em um concurso de beleza, Primrose ganharia sem nem tentar.

"Perdão?" Leah piscou, momentaneamente pega de surpresa. "Por que perguntaria isso, Vossa Majestade?"

Primrose abaixou a cabeça, os dedos se retorcendo nervosamente enquanto murmurava: "N-Na verdade... ontem à noite, Sua Majestade me disse algo." Ela hesitou, como se estivesse envergonhada. "Ele me disse que eu não era... satisfatória o suficiente. Que meu corpo não é do tipo que ele gosta."

A verdade? Se Primrose alguma vez ficasse nua na frente de Edmund, o pobre homem provavelmente esqueceria como respirar e teria uma hemorragia nasal.

"E-ele disse que seu corpo... é mais do agrado dele." Primrose lentamente levantou o olhar, deixando seus lábios tremerem o suficiente para vender a encenação. "Ele ficou repetindo isso."

Leah enrijeceu. Por um breve segundo, sua máscara de educação rachou, e seus lábios se abriram em surpresa.

[Sua Majestade realmente disse isso?]

[Não... não, deve ser verdade. Claro, ele me preferiria a ela.]

[Eu sabia. Eu sabia que era a combinação perfeita para ele!]

Primrose mordeu o interior da bochecha para não sorrir. Leah estava engolindo tudo isso.

"Vossa Majestade deve estar enganada," Leah finalmente disse, embora houvesse um toque de satisfação em sua voz. "Sua Majestade nunca diria tais coisas..."

Primrose soltou um suspiro suave e lamentável. "Eu gostaria de estar enganada," ela sussurrou, seus dedos apertando como se estivesse segurando as lágrimas. "Mas ele continuou dizendo isso... repetidamente."

Ela olhou para baixo, seus cílios tremendo. "Sei que não deveria sentir ciúmes, mas..." ela hesitou, "não consigo evitar me sentir insegura. Você é tão bonita, Lady Leah." Ela levantou o olhar, deixando a admiração brilhar em seus olhos. "Não é de admirar que Sua Majestade prefira você."

O peito de Leah inchou de orgulho, mas ela rapidamente tentou se recompor.

[Ela me inveja.]

[Finalmente, ela percebe a diferença entre nós.]

[Talvez... talvez Sua Majestade realmente me prefira a ela.]

Sim, continue sonhando. 'Engula cada mentira que eu alimentei você.'

Primrose fingiu mexer-se nervosamente. "Lady Leah," ela disse hesitante, "você pode me contar seu segredo de beleza?"

Leah ofereceu-lhe um sorriso educado. "Oh, Vossa Majestade, toda mulher é bonita, incluindo você. A única coisa que você precisa fazer é ter confiança."

[Desista logo! Você nem chega perto do meu nível!]

"E-Eu vou tentar ser mais confiante, então," disse Primrose.

Leah mal a ouviu. Sua mente estava girando rápido demais, repassando as palavras de Primrose repetidamente.

[Ele disse que meu corpo é do tipo que ele gosta!]

[Eu deveria me tornar ainda mais atraente! Se eu chamar a atenção dele, talvez ele finalmente me tome como sua concubina!]

Essa vadia era completamente delirante.

Primrose não esperava que fosse tão fácil mexer com ela.

Agora que a semente havia sido plantada, tudo o que ela tinha a fazer era sentar e esperar que sua pequena mentira florescesse.

Claro, ainda havia um fator imprevisível—Edmund.

E se ele realmente fosse tentado? E se ele fosse o tipo que se deixa levar por uma mulher se jogando em cima dele?

Porque, realmente, quem poderia garantir que ele não faria isso?

Bem, se ele realmente se desviasse, então Primrose faria um show chorando até secar suas lágrimas, bem na frente dele.

"Vamos voltar para o meu quarto," Primrose disse com um sorriso suave. "Estou me sentindo um pouco cansada."

Leah simplesmente assentiu em resposta, sua mente muito preocupada em planejar maneiras de seduzir o Rei Lycan.

Pelo resto do dia, Primrose permaneceu em sua câmara. Ela ainda não tinha deveres oficiais porque, afinal, este era apenas seu segundo dia no Reino das Feras.

Mas, na verdade, mesmo em sua primeira vida, ela nunca teve nada para fazer. Nunca foi convidada para banquetes nobres, como se nem fosse reconhecida como rainha.

Edmund nunca lhe deu responsabilidades, nem designou alguém para instruí-la sobre os deveres de uma rainha.

No final, as pessoas a chamavam de "A Rainha Adormecida" porque ela passava a maior parte do tempo dentro de seu quarto.

Honestamente, ela havia gostado daqueles dias—descansando, não fazendo absolutamente nada. Mas repetir a mesma vida parecia insuportavelmente monótono.

Desta vez, ela garantiria que as pessoas a reconhecessem como sua rainha. Dessa forma, ela poderia viver no luxo sem preocupações.

Mas... ela pensaria nisso amanhã.

Agora, ela precisava de seu sono de beleza.

Justo quando Primrose estava prestes a adormecer, um leve som de farfalhar chegou aos seus ouvidos.

Seus olhos se abriram.

Fracamente, ela ouviu a janela ranger ao abrir.

A princípio, ela descartou como nada além do vento, até que—

[Esta mulher não tem o direito de ser a Rainha de Noctvaris. Devo eliminá-la antes que ela manche o trono.]

Primrose ficou imóvel em sua cama.

Então, finalmente estava acontecendo.

A primeira tentativa de assassinato nesta vida.