Em sua primeira vida, Primrose havia sofrido três tentativas de assassinato.
Duas falharam.
Mas a última? A última foi bem-sucedida.
A primeira tentativa aconteceu quando um grupo de bandidos emboscou sua carruagem enquanto ela estava a caminho de visitar seu pai na Cidade Illvaris, um território dentro do Império de Vellmoria.
Eles não tinham interesse em roubá-la. Sem exigências de ouro. Sem ameaças de tomá-la como refém.
Eles vieram para matá-la.
Naquele momento, ela quase foi morta até que um grupo de soldados de Noctvaris apareceu do nada. Movendo-se como sombras, eles massacraram os bandidos em minutos.
Era estranho, no entanto. Primrose já havia cruzado a fronteira para o Império de Vellmoria, o que significava que aqueles soldados não tinham motivo para estar lá.
Na época, ela pensou que fosse apenas uma coincidência. Mas agora? Ela tinha certeza de que Edmund deve ter secretamente ordenado que a seguissem até Vellmoria em segredo.
A segunda tentativa veio na forma de uma caixa de joias lindamente embrulhada. Era para ser um presente de aniversário, um presente inofensivo.
Até que explodiu.
O único motivo pelo qual ela sobreviveu foi pura ironia, sua criada gananciosa havia tentado roubá-la e acabou abrindo a caixa primeiro.
A explosão rasgou o ar, dilacerando carne e osso em um instante.
Quando a fumaça se dissipou, não restava nada da criada além de pedaços ensanguentados de tecido.
E a última vez... foi veneno.
Um veneno lento e insidioso que havia sido colocado em suas refeições todos os dias durante meses. Quando Primrose percebeu que havia algo errado com sua sopa, já era tarde demais.
Seus membros haviam ficado pesados. Sua respiração se tornara superficial. As tarefas mais simples, como levantar uma colher ou sentar-se ereta, tornaram-se insuportáveis.
No final, tudo o que ela podia fazer era ficar deitada, indefesa, esperando que a morte a levasse.
Mas isso? Um intruso à meia-noite?
Isso era novidade.
[Se alguém tão fraca quanto ela se sentar no trono ao lado de Sua Majestade, o Reino das Feras vai desmoronar.]
[Uma rainha humana? Hah! Que piada! Os humanos sempre nos demonizaram, então por que deveríamos confiar neles agora?]
[Esta criaturinha frágil tem que morrer esta noite.]
Primrose sentiu-se paralisada, seu corpo inteiro congelado no lugar.
Até seus dedos se recusavam a se mover. Seu coração batia freneticamente, tornando-se um tambor frenético em seu peito enquanto os passos do assassino se aproximavam.
Por alguma razão, isso parecia muito mais assustador do que suas mortes anteriores.
Talvez porque este era seu quarto.
Seu santuário.
No entanto, lá estava ele, violando suas paredes, invadindo seu espaço, transformando o único lugar onde ela deveria se sentir segura em uma armadilha mortal.
[Uma adaga deve ser suficiente para matá-la.]
Uma adaga? Ele ia esfaqueá-la com uma maldita adaga?!
Ah, qual é! Pelo menos use algo mais forte para que não doa tanto!
Espere—
Ela acabara de renascer, e agora estava prestes a morrer novamente?
Isso não seria uma coisa boa?
Pelo menos ela não teria que lidar com a dor de cabeça de provar seu valor para as bestas.
Ela não teria que lutar por um lugar em um reino que nunca a quis. Ela não teria que fingir que pertencia ali.
Talvez isso fosse o melhor.
Talvez desta vez, ela finalmente entrasse no céu, como sempre quis.
Mas então, ela se perguntou... Será que realmente queria morrer?
Em sua primeira vida, ela havia abraçado a morte como uma velha amiga, convencida de que ninguém lamentaria sua morte.
Que ninguém sentiria sua falta.
Que ninguém realmente se importava.
Mas agora...
Agora ela podia ouvir seus pensamentos e havia aprendido algo surpreendente: nem todas as bestas a odiavam.
Algumas simplesmente tinham medo de se aproximar dela.
Porque pensavam que era ela quem não queria nada com monstros.
E quanto a Edmund?
Agora que ela sabia que ele não passava de um tolo patético e apaixonado, será que ele realmente choraria se visse seu corpo sem vida?
O poderoso Rei Lycan, derramando lágrimas por ela?
Soava ridículo e impossível.
... Ou não?
Primrose não deveria se importar, mas por alguma razão, ela queria ver a reação dele.
Ela queria saber o que ele faria quando descobrisse que alguém havia tentado tirar sua vida.
Mas para testemunhar esse momento, ela precisava sobreviver primeiro.
[Adeus, Vossa Majestade.]
O homem misterioso ficou ao lado dela, erguendo sua adaga bem alto antes de descê-la em direção a Primrose em um movimento rápido.
Mas antes que pudesse tocá-la, Primrose rolou para a borda da cama antes de cair no chão frio de mármore.
O impacto enviou uma dor aguda através de seus ossos, mas ela não tinha tempo para sentir a dor.
Ela precisava se esconder—não, ela precisava correr!
Acima dela, o assassino soltou um rosnado baixo de frustração. A adaga havia perfurado apenas lençóis vazios.
Seu rosto estava coberto com uma máscara preta, então Primrose não conseguia reconhecê-lo.
[Ela está acordada?! Como diabos ela reagiu tão rápido?!]
Os passos do assassino eram rápidos e silenciosos enquanto ele se aproximava, mas Primrose não perdeu um segundo. Ela se levantou cambaleando, ignorando a tontura do movimento repentino, e se lançou em direção à porta.
"Você está tentando fugir?" O assassino soltou uma risada baixa e zombeteira. "Perdoe-me, Vossa Majestade, mas a porta está trancada."
Seu coração batia forte enquanto ela girava a maçaneta freneticamente, puxando e sacudindo-a com toda sua força. Trancada. Completamente selada.
Não, não, não—isso não podia estar acontecendo.
Ela bateu com os punhos contra a pesada superfície de madeira, sua voz quebrando enquanto gritava: "Guardas! Há um intruso! Alguém está tentando me matar!"
Silêncio.
Alguém teria usado algo para fazer os soldados dormirem, ou eles simplesmente a estavam ignorando?
Mas ela não conseguia ouvir os pensamentos de outras pessoas, então talvez eles não estivessem apenas a ignorando.
"Que pena," disse o assassino, "Ninguém virá salvá-la."
Primrose se pressionou contra a porta, sua respiração rasa e irregular. Sua mente corria, seus olhos examinando o quarto em busca de uma saída.
Seu quarto ficava no quarto andar, pular da sacada significaria uma coluna vertebral quebrada, se não morresse instantaneamente.
Se esconder? Inútil. Ele rasgaria o guarda-roupa em segundos.
A lareira? Absolutamente não. Mesmo que conseguisse se espremer lá dentro, o calor por si só a assaria viva.
Ela estava encurralada.
"E agora, Vossa Majestade?" O assassino deu um passo lento e deliberado à frente. "Vai implorar? Ou devo tornar isso rápido?"
Primrose se pressionou no canto do quarto, tentando se fazer o menor possível.
[Ela nem consegue lutar, então qual é o sentido de fugir?]
Claro, ela não podia lutar. Seu objetivo na vida era assumir os negócios do pai, não se tornar uma guerreira!
Mas mesmo que não pudesse lutar, ela ainda tinha uma arma restante—
Sua voz.
"AAAAAAAAAAAAA!!!!!!"
Seu grito rasgou o ar, agudo e penetrante, fazendo o assassino à sua frente saltar de surpresa.
Seu pai sempre lhe disse que ela tinha uma voz irritantemente alta desde pequena.
Ele costumava brincar que se ela algum dia encontrasse um urso selvagem na floresta, tudo o que precisaria fazer seria gritar com toda a força de seus pulmões para assustá-lo.
Infelizmente, ela não estava enfrentando um urso, estava enfrentando um homem.
Ou... seria ele um urso? Quem sabia?
Mas esse não era o ponto.
Ela não estava tentando assustar um urso.
Ela estava tentando convocar um lobo com seu grito.
"EDMUND!!! SUA ESPOSA VAI MORREEER!!!"