Capítulo 5: Febre e Correntes

Martha parou logo do lado de fora da cela de Lily, com a respiração presa na garganta. A visão através das grades quase a destruiu.

"Querida deusa..." ela sussurrou.

Seus dedos se fecharam firmemente ao redor do pequeno pacote de pano que ela tinha debaixo do braço. Uma toalha limpa, um cobertor e um cantil de água. Era tudo o que ela havia conseguido reunir antes de vir para cá.

Lily estava deitada no chão úmido de pedra, encolhida, seu corpo tremendo. A camisa grande demais que ela vestia estava grudada em seu corpo frágil.

Martha correu para as grades, sua voz tremendo. "Deixem-me entrar. Por favor. Ela precisa de ajuda."

Um dos guardas bufou. "Perda de tempo. Ela não vai aguentar. Dê a ela um dia. Dois, no máximo."

Eles destrancaram a cela sem muito cuidado, acenando para que ela entrasse como se a estivessem jogando em um poço.

"Não," Martha sussurrou, entrando na cela com passos lentos e cuidadosos. "Não, não, não..."

Ela caiu de joelhos ao lado de Lily e pressionou as costas da mão em sua testa. O calor a fez recuar.

Febre. E está forte. Sua pele estava corada, seus lábios pálidos e rachados. Seus olhos mal se abriam, vidrados e desfocados.

Lágrimas brotaram em seus olhos enquanto ela afastava o cabelo úmido do rosto de Lily. "Oh, minha doce menina... o que fizeram com você?"

Atrás dela, os guardas riram.

"Ela deveria ter morrido dias atrás," um deles murmurou. "Ela precisa de um curandeiro," Martha disparou. "Ela está queimando de febre!"

O outro guarda riu. "Um curandeiro? Para uma escrava?"

"Ela vai morrer se não conseguir um curandeiro!" Ela implorou, esperando que eles se compadecessem.

O outro guarda zombou. "Por que desperdiçaríamos recursos com uma Brightpaw?"

"Se ela morrer devagar," disse o primeiro guarda com um dar de ombros. "Não é problema nosso."

Martha virou-se para longe deles, com o coração acelerado. A raiva crescia em seu peito, mas ela a reprimiu. Lily precisava dela. Isso vinha primeiro.

Lily se mexeu fracamente, os olhos mal se abrindo. Seus dedos procuraram os de Martha, agarrando-os com uma força surpreendente apesar de sua fraqueza. Seus lábios se moveram.

Obrigada.

Martha engasgou com um soluço e apertou sua mão suavemente. "Não me agradeça ainda. Eu não fiz nada."

Lily tentou afastar sua mão, uma expressão de dor cruzando seu rosto. Ela murmurou outra palavra—Vá.

"Eu não vou deixar você," Martha disse com firmeza. "Não agora. Nunca."

Lily balançou a cabeça fracamente, sua mão ainda tentando afastá-la, mas Martha se inclinou para perto.

"Escute-me," ela sussurrou. "Você não vai morrer aqui. Não assim. Eu vou buscar ajuda. Não importa o que custe."

Ela gentilmente ajudou Lily a deitar-se novamente no chão e colocou uma toalha molhada dobrada em sua testa, esperando que isso baixasse a febre. Lágrimas de Lily escorriam por suas bochechas. Suas mãos tremiam no aperto de Martha.

Martha ficou ao lado dela até que a garota caísse na inconsciência novamente, murmurando e tremendo em sonhos febris. Então ela se levantou e virou-se para os guardas.

"Eu quero ver o Alfa," ela disse.

Eles riram. "Você acha que pode simplesmente entrar e vê-lo?" um deles zombou. "Ele tem coisas melhores para fazer!"

Ela subiu as escadas com o coração acelerado. Ela sabia onde Zayn deveria estar. E se ele não estivesse lá, alguém iria buscá-lo.

Ela chegou ao escritório do Alfa justo quando uma mulher alta e curvilínea estava se preparando para entrar.

Victoria—a amante. Perfeita, polida e perigosa.

Martha parou a alguns passos de distância, ofegante pela subida.

Victoria virou-se lentamente, uma sobrancelha perfeitamente delineada erguida. Ela examinou Martha com desdém, o nariz franzindo.

"Você? O que está fazendo aqui?" ela zombou.

"Preciso falar com o Alfa Zayn," Martha disse, forçando sua voz a permanecer firme.

Victoria não escondeu seu desgosto. "Sobre o quê?"

"É urgente. É sobre Lily—"

Apenas o nome fez o rosto de Victoria se contorcer com desprezo.

"Ela ainda está viva?" ela disse friamente. "Lamentável."

Martha cerrou os punhos. "Ela está ardendo em febre. Ela precisa de um curandeiro. Se ela não receber ajuda—"

"Ela vai morrer," Victoria interrompeu. "Ótimo. Um problema a menos para se preocupar."

A boca de Martha se abriu em choque. "Você—sua bruxa—"

Victoria levantou a mão como se fosse dar um tapa nela. "O quê? Como uma empregada ousa falar comigo assim!?"

"Chega!"

A palavra cortou a tensão como uma lâmina.

Ambas as mulheres se viraram para ver Zayn parado no corredor logo atrás das portas do escritório. Seu rosto era indecifrável, mas seus olhos estavam afiados e frios.

Martha caiu de joelhos imediatamente. "Alfa, por favor. É Lily. Ela está muito doente. Os guardas se recusam a ajudá-la. Se algo não for feito—"

Victoria interrompeu. "Ela está fingindo para conseguir simpatia. Aquela garota sempre foi boa em bancar a vítima."

"Ela não está fingindo," Martha disse com firmeza. "Ela está morrendo."

Zayn olhou para ela por um momento longo e silencioso. Então ele se virou para Ezra, que havia aparecido atrás dele.

"Chame um curandeiro," ele ordenou.

Ezra piscou. "Alfa?"

"Ela não morre a menos que eu diga."

Victoria deu um passo à frente, voz baixa com irritação. "Você não pode estar falando sério—"

Zayn a interrompeu com um olhar fulminante. "Eu disse que a quero viva. A morte é fácil demais."

***

Três dias se passaram.

A febre persistia, mas Lily resistia.

Martha nunca saiu do seu lado. Ela a alimentou com caldo em pequenas colheradas, limpou o suor de sua testa e sussurrou histórias do passado. Doces, tranquilas, qualquer coisa que pudesse mantê-la agarrada à vida.

E então, no terceiro dia, a febre cedeu. Lily se mexeu.

Seus cílios tremeram. Martha... ela murmurou sem voz.

Os olhos de Martha se encheram de lágrimas. Ela acariciou a bochecha ardente de Lily.

"Você acordou," ela sussurrou. "Graças à Deusa da Lua. Você acordou."

Os lábios de Lily se abriram numa tentativa silenciosa de falar novamente, mas seu corpo estava fraco demais. Ainda assim, sua mão encontrou a de Martha, e ela a segurou com força.

"Eu disse que ficaria," Martha disse, dando um beijo em sua testa. "Você não está mais sozinha."

Mas o alívio não durou.

Mais tarde naquele dia, o som de saltos ecoou pelo corredor da masmorra.

Era Victoria. Os guardas rapidamente abriram a porta da cela, e ela entrou balançando-se. Ficou ali com uma confiança sem esforço, preenchendo o espaço como se fosse sua propriedade. Seu cabelo caía em ondas brilhantes ao redor dos ombros, emoldurando feições frias e belas. Seus olhos eram afiados e cruéis.

Martha levantou-se rapidamente, movendo-se para frente de Lily protetoramente. Ela se perguntou o que ela queria agora.

Victoria ergueu uma sobrancelha e sorriu com desdém. "Relaxe, empregada. Não estou aqui para matá-la. Trouxe um presente para ela."

Ela segurava uma peça de roupa—um vestido vermelho curto e revelador.

O estômago de Martha revirou.

"Vista isso," Victoria disse, jogando-o no chão.

"Ela não está forte o suficiente," Martha disse.

"Ela não precisa de força," Victoria respondeu. "Apenas obediência."

Lily sentou-se lentamente, seus olhos atordoados e cansados. Ela olhou para o vestido, depois para Martha, confusa.

"Você é burra? Vista-o," Victoria ordenou.

Lily hesitou. "Eu não gosto de me repetir, vista agora! Ou então..."

Com mãos trêmulas, Lily alcançou a barra da camisa grande demais. Ela se despiu lentamente, de costas para a parede, movendo-se como se cada centímetro de tecido a queimasse. Ela puxou o vestido vermelho sobre a cabeça, o material grudando em seu corpo de forma estranha.

Victoria inclinou a cabeça, satisfeita. "Melhor," ela disse. "Agora você parece o que é."

Lily olhou para o chão, sentindo-se humilhada.

Victoria inclinou-se, agarrou o queixo de Lily e a forçou a encontrar seu olhar, "Acostume-se. Você não é mais a filha do Alfa. Você nem mesmo é um lobo. Você é uma escrava agora."

Ela soltou Lily bruscamente e deu um passo para trás, sua risada fria ecoando cruelmente pela masmorra.