Capítulo 3: O Peso do Silêncio

Lily continuou correndo, tão rápido quanto suas pernas podiam levá-la.

"Ei!" um deles latiu, agarrando seu braço com violência. "Onde você pensa que está indo?" Ela mal tinha chegado à metade do corredor quando dois guardas a avistaram.

Ela tentou lutar, mas estava fraca demais; suas pernas mal a sustentavam.

O outro guarda zombou. "Você tem sorte que o Alfa não te matou. Se dependesse de mim..."

Ele não terminou a frase. Em vez disso, eles prenderam as correntes novamente em seus pulsos e a arrastaram pelos corredores como um cão vadio. Quando chegaram à masmorra, a jogaram lá dentro e bateram a porta atrás dela.

Ela desabou no chão, o frio penetrando em sua pele, seus pulsos ardendo.

Ela queria gritar, mas é claro que não podia. Ficou ali, encolhida, tremendo.

Então é isso? Esta é minha vida?

Ela costumava sonhar em conhecer sua companheira. De ser salva. De ser amada.

Que piada.

Esse sonho estava morto agora.

Zayn não era um salvador. Ele era apenas mais uma jaula. Outro inferno esperando para consumi-la.

As lágrimas continuavam enquanto seu corpo começava a queimar de dentro para fora. Sua pele estava quente. Sua respiração ficou superficial.

Ela acolheu isso. A febre. A doença. Era a única coisa que parecia familiar, estranhamente reconfortante. Talvez desta vez, ela não acordasse.

Por favor, ela murmurou para ninguém. Apenas me deixe morrer.

***

Zayn estava parado no meio do quarto, punhos cerrados, olhando para a porta pela qual Lily acabara de fugir. O cheiro dela ainda pairava no ar—quente, suave e assombroso. Agarrava-se aos lençóis. À sua pele. Aos seus pulmões.

Ele caminhou lentamente até a cama, os olhos examinando a bagunça deixada para trás—o vestido rasgado, o cobertor descartado e gotas de sangue nos lençóis onde ela havia mordido o lábio. Em sua mente, imagens de Lily se repetiam várias e várias vezes.

Cicatrizes. Dezenas. Algumas finas e retas—como chicotadas. Outras grossas e irregulares—como facadas. Havia queimaduras também. Do tipo que deixa alguém danificado. Seu corpo era um mapa de sofrimento.

Ele tinha visto muita dor em sua vida. Ele tinha vivido o inferno.

Mas isso? Isso era algo diferente.

Ele passou a mão pelo cabelo, puxando com força as raízes.

Ele pretendia puni-la. Quebrá-la. Fazê-la sentir a impotência que ele sentiu quando Irene foi assassinada. Quando seu filho foi arrancado do útero e dado aos cães para comer. Quando seu povo gritou e ninguém veio.

Mas como ele poderia quebrá-la quando ela já estava quebrada? Havia pouco que ele sabia sobre ela. Ele deveria saber tudo sobre as pessoas que arruinaram sua vida e as vidas dos membros de sua alcateia. Mas Lily Brightpaw era um enigma.

As mãos de Zayn tremiam. Ele se levantou de repente e bateu com o punho na parede.

A madeira rachou sob seus nós dos dedos. Sangue manchou a superfície. Ele mal notou e não se importou.

"Qual é o seu problema?" ele murmurou para si mesmo, andando pelo quarto.

Ela era a filha de seu inimigo, aquele que destruiu tudo o que ele amava. Isso nunca mudaria. Mas aquelas cicatrizes foram infligidas para causar dor. Zayn cerrou a mandíbula, lembrando como ela se encolheu ao seu toque. O medo em seus olhos.

E o jeito que ela parecia quando ele a expulsou—lágrimas escorrendo pelo rosto, a camisa dele pendurada frouxamente em seu pequeno e frágil corpo.

O estômago de Zayn se contorceu.

Por que diabos isso importava?

Ela era a inimiga.

Ainda assim, ele estava determinado a descobrir o porquê. Alguém tinha que saber o que aconteceu com ela. Alguém que sempre esteve por perto.

Ele passou a mão pelo cabelo e finalmente explodiu. "Tragam-me a criada," ele ordenou ao guarda do lado de fora de sua porta.

Quinze minutos depois, uma pequena e mais velha loba foi trazida para o quarto. Ela se curvou profundamente, seus olhos evitando os dele.

"Você foi designada para Lily Brightpaw?" Zayn perguntou, com voz afiada.

"Eu cuidei dela desde que era um bebê," ela respondeu, mantendo a voz respeitosa, mas firme. "Meu nome é Martha."

Ele a estudou, tentando decidir se ela era leal ou estava com medo.

"Ela é muda de nascença?" ele perguntou.

Martha hesitou. "Não, Alfa."

A mandíbula de Zayn contraiu. "Explique."

"Ela foi envenenada," Martha disse baixinho. "Um veneno de ação lenta. Ninguém sabia no início—não até que sintomas estranhos começaram a aparecer. Sua mãe morreu ao dar à luz, então o que aconteceu... passou despercebido por tempo demais."

Zayn franziu a testa. "Envenenada?"

"Sim, Alfa," disse Martha. "Isso danificou sua voz. Ela a perdeu quando era muito jovem. E... isso a afetou muito."

Isso explicava o atraso na cura. A falta de transformação. As respostas lentas. Ela estava presa dentro de seu próprio corpo.

"Ela não tem lobo?" ele perguntou.

"Ela deveria ter," disse Martha, sua voz tremendo um pouco agora. "Mas o veneno enfraqueceu a conexão. Sua primeira transformação nunca veio."

Zayn virou-se, sua expressão indecifrável.

Claro. Claro que não era apenas porque ela era fraca. A deusa não lhe dera apenas uma ômega sem voz—ela lhe dera uma quebrada. Muda. Sem lobo. Danificada além do reparo.

Seus punhos se cerraram ainda mais.

"E quanto às cicatrizes?" ele perguntou.

Martha hesitou novamente.

O tom de Zayn escureceu. "Responda-me."

Ela engoliu em seco antes de responder: "São da família dela."

Silêncio.

Zayn virou-se lentamente para encará-la. "O pai dela fez isso?"

Seus olhos caíram para o chão. "E o irmão dela."

A mandíbula de Zayn travou.

"Ela era punida frequentemente," disse Martha, mais baixo agora. "Às vezes por fazer barulho. Às vezes por estar no quarto. Às vezes... por nada. O Alfa a odiou desde o momento em que sua mãe morreu."

Zayn não falou. Ele olhou além de Martha, perdido em seus próprios pensamentos.

"Ela cresceu se escondendo nos aposentos dos servos. Nunca teve permissão para treinar, ou se transformar, ou socializar. Ela trabalhava como uma de nós. Pior, na verdade," Martha acrescentou. "Todos nós vimos. Ninguém disse nada."

Zayn não sabia o que dizer. Ele não esperava por isso. Ele pensava que ela era apenas uma filha mimada de Alfa. Mas ela também era uma prisioneira.

Martha se ajoelhou, surpreendendo-o.

"Alfa," ela disse, sua voz desesperada. "Por favor."

Ele piscou, assustado com a mudança de tom.

"Por favor... deixe-me ficar ao lado dela," ela disse. "Ela está sozinha. Ela não tem mais ninguém. Mesmo que ela não fale, eu posso ouvi-la. Eu a entendo."

Zayn olhou para ela.

Ela não estava implorando por sua vida. Ela não estava implorando por liberdade. Ela estava implorando para ficar com Lily. Zayn virou-se e não respondeu por um longo tempo. Suas mãos caíram para os lados.

"Você está fazendo isso por pena?" Ele não pôde deixar de perguntar: "Sob meu comando, lobos como você são livres para fazer o que quiserem. Você não precisa servi-la."

Martha balançou a cabeça: "Ela não tem mais ninguém. Eu... eu não posso deixá-la assim. Por favor, Alfa Zayn, por favor."