Uma Traição de Aniversário, Um Último Confronto

Elara Vance saiu do carro, seu coração acelerado de ansiedade. Após três semanas longe de sua família, ela havia voado para Andoria no dia de seu aniversário, esperando surpreender Damien e Cora. A vasta propriedade Thorne se erguia diante dela, sua grandiosa fachada um lembrete marcante da riqueza e poder da família na qual ela havia se casado.

"Bem-vinda de volta, Sra. Thorne," a governanta, Sra. Gable, a recebeu na porta com um sorriso caloroso.

"Obrigada, Sra. Gable. Onde estão Damien e Cora?" Elara perguntou, tirando seu casaco leve.

O sorriso da Sra. Gable vacilou. "O Sr. Thorne está no escritório. Ele mencionou que chegaria tarde hoje. Cora está na sala de brinquedos com sua tutora."

A decepção se instalou no peito de Elara, mas ela a afastou. "Vou ver a Cora então."

Caminhando pelos corredores familiares, Elara parou em frente à porta da sala de brinquedos. Risadas vinham de dentro – a voz de sua filha misturada com a da tutora. Ela entrou com um sorriso radiante.

"Cora, querida! A Mamãe está aqui!"

Sua filha de seis anos olhou para cima, afastando-se de seu projeto de artesanato, com surpresa em vez de alegria em seu rosto. "Mamãe? Pensei que você estava em Nova York."

"Eu vim passar meu aniversário com você e o Papai," Elara explicou, ajoelhando-se ao lado da cadeira de Cora.

A atenção de Cora rapidamente voltou para seu projeto – um cartão feito à mão decorado com glitter e adesivos. "Olha o que estou fazendo!"

"É lindo, querida. É para o Papai?" Elara perguntou, ansiosa para se conectar.

"Não, é para a Tia Vivi. Ela vai me levar ao zoológico amanhã!" Cora exclamou, seus olhos brilhando.

O sorriso de Elara congelou. Vivienne Dubois – a amante não tão secreta de Damien e, dolorosamente, meia-irmã de Elara. "Isso é... gentil da parte dela."

"Ela é a melhor! Ela sempre me traz presentes e me leva a lugares divertidos," Cora continuou, sem perceber a faca que torcia no coração de sua mãe.

"Entendo," Elara conseguiu dizer. "Bem, estou aqui agora. Talvez possamos fazer algo especial juntas?"

Cora deu de ombros. "Mas eu já fiz planos com a Tia Vivi."

A tutora, sentindo a tensão, discretamente se retirou.

Elara respirou fundo para se acalmar. "Cora, hoje é meu aniversário. Você não quer passar um tempo comigo?"

Cora olhou para cima, um lampejo de culpa passando por seu rosto. "Ah. Feliz aniversário, Mamãe." Ela hesitou, depois voltou ao seu cartão. "Posso terminar isso primeiro? É muito importante."

Mais importante do que eu, Elara pensou amargamente. Ela se levantou, forçando um sorriso. "Claro, querida. Vejo você no jantar."

Retirando-se para o quarto principal, Elara desfez sua mala com movimentos metódicos, lutando contra as lágrimas. Ela tinha esperado que esta viagem fosse diferente – que talvez, apenas talvez, seu marido e filha se lembrassem de seu aniversário, quisessem comemorar com ela.

Seu telefone vibrou com uma mensagem de Damien: "Trabalhando até tarde. Não me espere para o jantar."

Nenhum reconhecimento de sua chegada. Nenhuma menção ao seu aniversário. Apenas mais uma dispensa.

Horas depois, Elara sentou-se sozinha à mesa de jantar, beliscando sua comida enquanto Cora conversava animadamente sobre seu dia com a tutora e seus planos com a "Tia Vivi."

"Papai disse que talvez vá ao zoológico também, se terminar suas reuniões," Cora anunciou.

O garfo de Elara bateu contra o prato. "Disse? Isso seria bom."

"Aham! Vamos tomar sorvete depois, e a Tia Vivi disse que eu poderia ficar acordada até tarde para assistir ao novo filme da princesa!"

Elara assentiu, com a garganta apertada. "Isso parece maravilhoso, querida."

Depois de colocar Cora na cama, Elara esperou na sala de estar. O relógio de pêndulo marcava os minutos, depois horas. À meia-noite, a porta da frente finalmente se abriu.

Damien entrou, sua figura alta silhuetada contra a porta, surpresa registrando-se em seu rosto quando a viu.

"Você ainda está acordada," ele afirmou, afrouxando a gravata.

"É meu aniversário," Elara disse suavemente.

Sua expressão não mudou. "É? Peço desculpas por esquecer. Feliz aniversário, Elara."

Sete anos de casamento, e ele não conseguia lembrar a data. Sete anos amando-o, e ele não conseguia reunir nem mesmo um indício de calor.

"Obrigada," ela respondeu, sua voz vazia.

"Tenho uma reunião cedo amanhã. Boa noite." Ele virou-se em direção ao quarto de hóspedes que ocupava há meses.

"Damien," ela o chamou. "Eu estava esperando que pudéssemos almoçar juntos amanhã. Já que você perdeu o jantar hoje."

Ele fez uma pausa. "Vou verificar minha agenda."

Na manhã seguinte, Elara acordou cedo, determinada a salvar algo desta viagem. Ela escolheu seu traje cuidadosamente – um vestido azul que Damien havia elogiado anos atrás – e arrumou seu cabelo com cuidado extra.

Passando pelo quarto de Cora, ela ouviu sua filha falando ao telefone.

"Mal posso esperar para te ver, Tia Vivi! Queria que você pudesse ser minha mamãe."

Elara congelou, com a mão na maçaneta. As palavras a atravessaram como dor física.

"Minha mamãe de verdade está aqui, mas ela está sempre triste. Papai não sorri quando ela está por perto. Eu gosto mais quando somos só nós com você."

Afastando-se silenciosamente, Elara retirou-se para seu quarto, as palavras cruéis ecoando em sua mente. Ela sentou-se na beira da cama, olhando fixamente para a parede enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto.

Ao meio-dia, ela se recompôs o suficiente para verificar se Damien manteria o encontro para o almoço. Sua assistente atendeu.

"Sinto muito, Sra. Thorne. O Sr. Thorne teve uma mudança de planos. Ele saiu do escritório há uma hora."

Elara agradeceu e desligou. Por impulso, ela dirigiu até o restaurante favorito de Damien. Ao se aproximar da entrada, ela os viu através da janela – Damien, Vivienne e Cora, rindo juntos em uma mesa de canto. O retrato perfeito de família, sem espaço para ela.

Algo endureceu dentro de Elara. Sete anos de esperança, espera, tentativas. Sete anos vendo seu marido amar outra mulher – sua própria meia-irmã. Sete anos perdendo o afeto de sua filha para essa mesma mulher.

Chega.

Ela dirigiu de volta à propriedade com uma nova clareza. No escritório, ela redigiu um acordo de divórcio – justo, até generoso. Ela não tinha interesse no dinheiro ou propriedades de Damien. Ela queria apenas o que era legitimamente seu, incluindo a guarda compartilhada de Cora.

Quando terminou, ela selou o documento em um envelope e o deixou na mesa de Damien com seu nome escrito em sua elegante caligrafia.

"Sra. Gable," ela chamou, encontrando a governanta na cozinha. "Por favor, certifique-se de que o Sr. Thorne receba isto quando ele retornar."

Os olhos da Sra. Gable se arregalaram ligeiramente diante da calma de Elara. "Claro, Sra. Thorne. A senhora estará aqui para o jantar?"

"Não," Elara respondeu, sua voz mais firme do que havia sido em anos. "Estou partindo agora. Por favor, peça que tragam minha bagagem para o carro."

Lá fora, o motorista esperava ao lado do elegante carro preto. "Para onde, Sra. Thorne?"

Elara olhou para a mansão uma última vez, para a gaiola dourada na qual ela havia entrado voluntariamente sete anos atrás.

"Para o aeroporto," ela disse com firmeza.

Era hora de recuperar sua vida.