Sussurros de Aniversário, Desgosto Oculto

Os olhos de Elara encontraram o olhar frio de Vivienne. O sorriso perfeito de sua meia-irmã não vacilou enquanto os executivos ao seu redor continuavam com seus elogios.

— Sua apresentação sobre o mercado europeu foi excepcional, Dra. Dubois — elogiou Sandra Phillips, a diretora de marketing. — O conselho ficou absolutamente impressionado.

Vivienne jogou o cabelo por cima do ombro. — Obrigada. Foi apenas um resumo da minha pesquisa em Oxford.

O grupo riu apreciativamente, como se ela tivesse dito algo incrivelmente espirituoso. Ninguém reconheceu a presença de Elara. Ela bem poderia ter sido invisível.

— Com licença — murmurou Elara, passando por eles.

Ela sentiu os olhos de Vivienne seguindo sua retirada, o peso daquele olhar como uma faca entre suas omoplatas. Sete anos de casamento com Damien, e ela era tratada como uma intrusa, enquanto Vivienne comandava respeito após meros meses.

Na sua mesa, o telefone de Elara vibrou. Uma mensagem de Chloe: "Emergência! Preciso de você no Bellini's agora! Código vermelho!!"

Elara franziu a testa. Código vermelho era o sinal delas para problemas sérios com namorados. Ela pegou sua bolsa e se dirigiu ao elevador.

Vinte minutos depois, ela parou em frente ao Bellini's, um restaurante italiano sofisticado no centro da cidade. Ao se aproximar da entrada, algo chamou sua atenção através das grandes janelas de vidro. Seu passo falhou.

Dentro, em uma mesa perto da janela, estava Cora. Sua filha deveria estar em Andoria com Damien, mas lá estava ela, conversando animadamente com Vivienne.

Elara se escondeu atrás de uma coluna decorativa. Seu coração martelava contra suas costelas. Por que eles voltaram mais cedo? Por que ninguém a avisou?

Através do vidro, ela podia ver o rosto animado de Cora. A criança estava praticamente pulando na cadeira enquanto entregava algo para Vivienne. Uma pequena caixa embrulhada.

Elara se aproximou mais, posicionando-se onde pudesse ver sem ser notada. Cora estava radiante de orgulho enquanto Vivienne abria o presente.

— Olha o que eu fiz para você! — a voz de Cora era fracamente audível através do vidro. — Pai me ajudou a polir as conchas!

Vivienne levantou um delicado colar de conchas da caixa, seu rosto iluminando-se com o que parecia ser genuíno deleite. — Oh, Coco, é lindo!

— Nós coletamos as conchas na praia em Andoria — explicou Cora orgulhosamente. — Pai disse que tínhamos que voltar mais cedo para o seu aniversário!

Cada palavra parecia um golpe físico. Eles haviam encurtado a viagem para o aniversário de Vivienne. Não para o de Elara duas semanas atrás, que Damien e Cora haviam esquecido completamente.

— É por isso que voltamos com pressa? — perguntou uma mulher que Elara reconheceu como amiga de Vivienne, Charlotte. — Para o seu aniversário?

Vivienne sorriu, prendendo o colar em volta do pescoço. — Damien disse que não poderia perder.

Charlotte riu. — Por falar nisso, onde está seu homem encantador?

— Estacionando o carro — respondeu Vivienne. — Ele deve estar aqui a qualquer—

— Feliz aniversário, linda.

Damien apareceu, parecendo mais relaxado do que Elara o tinha visto em anos. Ele se inclinou para beijar a bochecha de Vivienne antes de tomar o assento ao lado dela.

— Pai! — exclamou Cora. — Vivienne adorou meu colar!

— Claro que sim — respondeu Damien, sua mão pousando possessivamente no ombro de Vivienne. — Você o fez com amor.

A visão de Elara ficou embaçada. Ela piscou rapidamente, recusando-se a chorar ali, em público, como alguma esposa patética e rejeitada.

— Então, você gostou do seu outro presente? — Charlotte perguntou a Vivienne com um sorriso sugestivo.

Os lábios de Vivienne se curvaram em um sorriso secreto. — Muito.

— Eu já dei meu presente para Vivienne — disse Damien simplesmente.

— Ah, aposto que sim — Charlotte riu, levantando as sobrancelhas. — Algo privado, sem dúvida.

A mesa irrompeu em risadas. Até Cora riu, embora claramente não entendesse a insinuação.

Elara recuou da janela, sentindo-se enjoada. Seu telefone vibrou novamente: Chloe ligando.

— Onde você está? — Chloe exigiu quando ela atendeu. — Estou esperando no bar!

— Você está aqui? No Bellini's? — sussurrou Elara, examinando o interior do restaurante.

— Sim! Terceiro banquinho da esquerda. Posso ver você lá fora! O que você está fazendo escondida perto da coluna?

Elara avistou sua amiga acenando do bar. — Fique aí. Vou até você.

Ela contornou até a entrada lateral, mantendo a cabeça baixa. A última coisa que ela precisava era que Damien ou Cora a vissem.

O rosto preocupado de Chloe a recebeu no bar. — O que houve? Você parece que viu um fantasma.

— Eles estão aqui — disse Elara, sua voz mal audível. — Damien, Cora e Vivienne.

Os olhos de Chloe se arregalaram. — O quê? Mostre-me.

Antes que Elara pudesse impedi-la, Chloe estava espiando ao redor do canto em direção à mesa deles. — Aquela vadia — sibilou ela. — E sua filha também está lá? Que diabos?

— Eles voltaram mais cedo para o aniversário de Vivienne — explicou Elara, as palavras com gosto amargo. — Cora fez um colar para ela. Com conchas que eles coletaram juntos.

O rosto de Chloe suavizou com compreensão. — Oh, El.

— Eles deveriam estar em Andoria por mais uma semana — continuou Elara, sua compostura rachando. — Eles nem me ligaram para dizer que estavam de volta. E duas semanas atrás, no meu aniversário—

— Eles esqueceram completamente — completou Chloe, apertando sua mão. — Eu me lembro.

O barman se aproximou. — Posso trazer algo para beber para as senhoras?

— Dois martinis — respondeu Chloe imediatamente. — Azeitonas extras.

Quando ele se afastou, Elara balançou a cabeça. — Não posso ficar, Chloe. Não posso estar aqui, vendo-os brincar de família feliz.

— Vamos sair logo depois das bebidas — prometeu Chloe. — Você parece precisar disso.

Os martinis chegaram rapidamente. Elara tomou um grande gole, acolhendo a queimação em sua garganta.

— Como ela pode estar tão confortável com ele? — sussurrou. — Ela é minha irmã. Meia-irmã, mas ainda assim. Isso não significa nada para ela?

Chloe zombou. — Vivienne só se importa com Vivienne. Sempre foi assim.

— E Cora a adora — acrescentou Elara, sua voz quebrando. — Minha própria filha.

— Crianças são facilmente impressionadas por brinquedos novos e brilhantes — disse Chloe firmemente. — Vivienne é apenas uma novidade para ela. E Damien—

— É Damien — completou Elara. — Frio, distante e impossível de agradar, a menos que você seja Vivienne Dubois.

Ela esvaziou seu martini, o álcool aquecendo seu peito, mas fazendo pouco para aliviar a dor em seu coração.

— Vamos — disse ela, levantando-se abruptamente. — Preciso sair daqui.

Elas pagaram rapidamente e se dirigiram aos elevadores que as levariam à garagem. Quando as portas começaram a se fechar, uma mão se estendeu para detê-las.

Lucas Sterling, o amigo mais próximo de Damien e CFO das Indústrias Thorne, entrou. Seus olhos se arregalaram ligeiramente em reconhecimento.

— Sra. Thorne — disse ele, seu olhar passando entre ela e Chloe. — Não esperava vê-la aqui.

A garganta de Elara apertou. Lucas estava na mesa com Damien e Vivienne. Se ele estivesse voltando, contaria a eles que ela estava aqui.

— Sr. Sterling — ela conseguiu responder, sua voz surpreendentemente firme. — Apenas almoçando com minha amiga.

Lucas assentiu lentamente, seus olhos calculistas. O elevador começou sua descida, o silêncio se estendendo desconfortavelmente.

— Cora parece bem — disse Elara finalmente, incapaz de suportar o silêncio. — Eu não sabia que eles tinham voltado de Andoria.

Lucas estudou seu rosto. — Eles chegaram esta manhã.

Outro silêncio caiu. O elevador parecia se mover em câmera lenta.

— É aniversário de Vivienne — acrescentou Lucas, observando atentamente sua reação. — A festa é hoje à noite na cobertura.

A cobertura. Sua casa com Damien. Onde ela ainda tecnicamente morava, embora estivesse ficando mais frequentemente na propriedade de sua avó ultimamente.

— Entendo — disse ela, lutando para manter sua voz neutra. — Obrigada por me avisar.

As portas do elevador se abriram no nível do estacionamento. Lucas as segurou para que Elara e Chloe saíssem primeiro.

— Sra. Thorne — ele chamou atrás dela. Sua expressão era indecifrável, mas seus olhos continham algo que poderia ter sido pena. — Damien e Vivienne estão voltando para o escritório depois do almoço. Eles planejam buscar Cora por volta das quatro.

Um aviso. Uma cortesia. Elara não tinha certeza de qual, mas assentiu agradecida.

Enquanto caminhavam para seus carros, Chloe entrelaçou seu braço com o de Elara. — O que você vai fazer?

Elara olhou fixamente para frente, sua mente de repente, aterradoramente clara. — Vou ligar para meu advogado.

— Para finalizar o divórcio? — perguntou Chloe.

— Não — respondeu Elara, uma nova determinação endurecendo sua voz. — Para garantir que eu receba tudo o que mereço.