O Desprezo Gélido do CEO

Elara ajeitou sua blusa enquanto caminhava pela entrada principal das Indústrias Thorne. O cheiro familiar de polimento e madeira cara a recebeu, mas algo parecia diferente. Talvez não fosse o prédio que havia mudado, mas ela.

Ela acenou para o segurança que a reconheceu imediatamente. "Bom dia, Sra. Thorne."

"Bom dia, Louis," ela respondeu, com a voz firme.

As portas do elevador se abriram com um suave tinido. Ao entrar, ela vislumbrou seu reflexo na parede espelhada. Não havia mais aquela mulher desesperada que costumava se preocupar em agradar o marido. Em seu lugar estava alguém mais composta, mais segura.

Quando as portas se abriram novamente no andar executivo, Elara quase colidiu com Marcus Cole, o secretário de Damien.

"Sra. Thorne!" Os olhos de Marcus se arregalaram. "Não esperava vê-la hoje."

"Eu ainda trabalho aqui, Marcus," ela o lembrou gentilmente.

Marcus se mexeu desconfortavelmente. "Claro. É só que o Sr. Thorne retornou esta manhã com a Srta. Cora. Presumi que você estaria tirando um tempo livre."

Seu coração pulou. "Damien está de volta?"

"Sim. Eles chegaram mais cedo do que o programado." Marcus verificou seu relógio. "Ele está em seu escritório agora."

Elara assentiu, processando essa informação. Ela não esperava ver Damien hoje. Pensou que teria mais tempo para se preparar.

"Obrigada por me avisar," ela disse, dirigindo-se ao seu escritório.

"Sra. Thorne," Marcus chamou atrás dela, "o Sr. Thorne agendou várias reuniões importantes hoje. Ele pediu especificamente que você não o incomodasse."

Claro que sim. Mesmo antes de ela ter entrado com o pedido de divórcio, Damien a tratava como um inconveniente em vez de uma esposa.

"Não tenho intenção de incomodá-lo, Marcus."

Ao se acomodar em seu escritório, Elara se pegou lembrando de como costumava passar horas aperfeiçoando o café de Damien. Ela havia aprendido sua preferência exata: torra escura, preparada a exatamente 205 graus, com apenas um toque de creme. Sem açúcar. Ela havia praticado até conseguir fazê-lo perfeitamente todas as vezes.

Todo esse esforço por um homem que mal reconhecia sua existência.

A manhã passou rapidamente enquanto ela se concentrava em seu trabalho. Por volta das onze, uma comoção no corredor chamou sua atenção. Ela ouviu a voz animada de Cora e espiou pela porta de seu escritório.

Lá estava sua filha, segurando a mão de Damien e conversando animadamente. Ela usava um vestido novo que Elara não tinha visto antes, provavelmente comprado durante a viagem. Ao lado deles estava Vivienne Dubois, parecendo elegante sem esforço em um terno branco sob medida.

"E então a Vivienne me ensinou como montar no estilo inglês!" Cora estava dizendo. "Pai diz que sou natural, assim como ela!"

Os lábios de Damien se curvaram em um raro sorriso – do tipo que ele nunca dirigia a Elara. "Isso porque vocês duas são extraordinárias."

Vivienne riu, o som leve e musical. "Ela é definitivamente sua filha, Damien. Esse espírito competitivo é todo seu."

A intimidade casual entre eles fez o peito de Elara apertar. Esta era a unidade familiar da qual ela nunca fizera parte – Damien, Cora e Vivienne.

Cora de repente a avistou. "Mãe!"

Elara colocou seu sorriso mais radiante. "Oi, querida!"

Ela deu um passo à frente para abraçar sua filha, mas Cora lhe deu apenas um breve abraço antes de se voltar para Vivienne.

"A Vivienne comprou esses sapatos para mim em Milão! Não são lindos?"

"Muito lindos," Elara concordou, tentando esconder sua decepção.

Damien finalmente reconheceu sua presença com um aceno curto. "Elara."

"Damien," ela respondeu, sua voz combinando com a frieza dele. "Como foi sua viagem?"

"Produtiva." Seus olhos passaram por ela como se ela mal valesse sua atenção.

Uma vez, essa dispensa a teria esmagado. Agora, apenas reforçava sua decisão de terminar o casamento.

"Sra. Thorne," Marcus interrompeu, aparecendo de repente ao lado deles. "Aqueles relatórios que você solicitou estão prontos."

"Obrigada, Marcus." Ela se voltou para Cora. "Vejo você em casa mais tarde, querida. Podemos conversar então."

Cora assentiu distraidamente, já puxando a mão de Vivienne. "Podemos mostrar ao Pai aquela coisa que praticamos?"

"Claro, querida," Vivienne respondeu, lançando a Elara um olhar triunfante.

Elara voltou para seu escritório, fechando a porta silenciosamente atrás de si. Ela tirou um momento para respirar profundamente, se acalmando.

Uma hora depois, Marcus bateu em sua porta. "Sra. Thorne, o Sr. Thorne está pedindo café em seu escritório."

Elara olhou para cima de seu computador. "Por que você está me dizendo isso? Isso não é mais meu trabalho."

Marcus se mexeu desconfortavelmente. "Ele pediu especificamente que você o trouxesse."

"Entendo." Ela deveria recusar. Ela tinha todo o direito. Mas causar uma cena só pioraria as coisas. "Tudo bem."

Na copa, ela preparou o café de Damien exatamente como sempre fazia. A rotina familiar parecia absurda agora. Quando ela se tornara tão pateticamente ansiosa para agradar um homem que não lhe mostrava nada além de indiferença?

Ao se aproximar do escritório de Damien, ela notou que a porta estava ligeiramente entreaberta. Ela estava prestes a bater quando ouviu a risada de Vivienne vindo de dentro.

"Você é insaciável," Vivienne ronronou.

"Só por você," veio a resposta rouca de Damien.

Elara congelou. Através da estreita abertura, ela podia ver Vivienne sentada no colo de Damien, com os braços enrolados em seu pescoço. Enquanto Elara observava, Vivienne pressionou seus lábios contra os de Damien em um beijo profundo e apaixonado.

A xícara de café tremeu na mão de Elara. Ela deveria ir embora. Ela sabia que deveria ir embora. Mas seus pés permaneceram enraizados no local.

Vivienne se afastou ligeiramente do beijo, ainda sem perceber a presença de Elara. "Quando você vai contar a ela?"

"Em breve," Damien respondeu, sua mão acariciando o quadril de Vivienne. "Depois que a fusão for finalizada."

A porta rangeu quando Elara mudou seu peso, e ambas as cabeças se viraram para ela. A expressão de Damien se transformou de desejo para fúria fria em um instante.

"O que você está fazendo?" ele exigiu.

Café quente derramou sobre a borda da xícara, escaldando a mão de Elara. Ela mal sentiu.

"Marcus disse que você queria café," ela conseguiu dizer, sua voz notavelmente firme apesar da humilhação que a queimava por dentro.

Vivienne deslizou graciosamente do colo de Damien, alisando sua saia com um sorriso satisfeito. "Acredito que essa é minha deixa para sair. Vejo você hoje à noite, querido."

Ela passou por Elara, seu perfume caro permanecendo no ar.

"Coloque o café e feche a porta," Damien ordenou depois que Vivienne saiu.

Elara colocou a xícara em sua mesa, percebendo tarde demais que sua mão estava tremendo, deixando gotas de café em sua superfície de mogno polido.

"Não me lembro de ter pedido que você me espionasse," Damien disse, sua voz perigosamente calma.

"Eu não estava—"

"Sr. Thorne?" Ethan Stone, outro secretário, apareceu na porta. Seus olhos passaram rapidamente entre eles, avaliando a situação. "Está tudo bem?"

"A Sra. Thorne estava de saída," Damien respondeu friamente.

Os lábios de Ethan se curvaram em um sorriso quase imperceptível. "Entendo. Devo lembrar à Sra. Thorne que os escritórios executivos exigem uma batida antes da entrada? Não é a primeira vez que ela... interrompe inapropriadamente."

A implicação era clara: Elara havia deliberadamente entrado quando eles estavam juntos. Como se ela gostasse de ser humilhada.

"Isso não será necessário," Damien disse. "Mas se acontecer novamente, a Sra. Thorne não será mais bem-vinda neste prédio. Está claro?"

Elara olhou para sua mão, agora vermelha e começando a formar bolhas da queimadura do café. "Perfeitamente claro."

Ela saiu sem dizer mais nada, dignidade intacta, mas coração acelerado. No corredor, ela ouviu dois executivos juniores conversando.

"Você viu a Dra. Dubois mais cedo? Deusa absoluta."

"Ouvi dizer que ela já está praticamente comandando a expansão europeia. Thorne não consegue funcionar sem ela."

"Pode culpá-lo? Beleza e cérebro—o pacote completo."

Elara apressou o passo, dirigindo-se ao banheiro feminino para resfriar sua mão queimada. Assim que dobrou a esquina, quase colidiu com um grupo de pessoas.

No centro estava Vivienne, cercada por gerentes seniores bajuladores. Quando viram Elara, suas expressões endureceram.

"Olhe por onde anda!" disparou Richard Porter, chefe de finanças. "Cuidado para não esbarrar na Sra. Dubois. Você não tem modos?"