Saí do escritório do meu pai com a bochecha ainda ardendo do tapa. A secretária desviou o olhar, fingindo não notar meu rosto inchado. Quantas vezes ela já tinha visto isso antes? Quantas outras mulheres tinham saído daquele escritório com hematomas?
Enquanto eu esperava pelo elevador, uma mulher passou por mim em direção ao escritório do meu pai. Ela usava um vestido vermelho justo que mal cobria suas coxas e saltos de quinze centímetros que batiam ruidosamente contra o piso de mármore. Seu perfume — barato e excessivo — pairava no ar.
A secretária a deixou passar sem questionamentos.
Entrei no elevador, minha mente a mil. A coincidência era perfeita demais para ignorar. Meu pai claramente tinha uma nova amante — e eu sabia exatamente como usar essa informação.
Uma vez segura no meu carro, peguei meu celular e liguei para Vera.
"Como foi com o papaizinho querido?" ela perguntou.
"Ele me bateu." Minha voz estava sem emoção, apática.