Capítulo 6

Capítulo 6 - O Presente Carmesim e a Perturbadora Afirmação de um Irmão

"Mãe, eu não quero estagiar na Sterling Dynamics." Suspirei, observando minha mãe se movimentar pela cozinha, aparentemente alheia ao meu sofrimento. "Não suporto ficar perto do Sterling mais do que já estou."

Ela mal me olhou enquanto arrumava flores frescas em um vaso. "Aurora, querida, esta é uma oportunidade maravilhosa. Seu irmão dirige uma das empresas de tecnologia mais prestigiadas do país. Você sabe quantos estudantes matariam por essa posição?"

"Ele não é meu irmão," murmurei baixinho. "Não pelo jeito que ele age."

"O que foi isso?" Minha mãe perguntou, finalmente olhando para mim.

"Nada." Forcei um sorriso. "Só... me perguntando por que ele não poderia usar sua influência para me colocar em qualquer outra empresa."

Minha mãe balançou a cabeça. "Não seja ingrata. Sterling só quer ficar de olho em você, é só isso. Ele sempre foi protetor."

Esse era o eufemismo do século. Sua "proteção" havia se transformado em algo sombrio e sufocante. Algo que me fazia arrepiar sempre que ele me olhava com aqueles olhos famintos.

A campainha tocou, interrompendo meus pensamentos.

"Deve ser a Chloe," eu disse, grata pela distração. "Vamos revisar algumas anotações de aula."

Corri para a porta da frente e a abri. Chloe estava lá, radiante, segurando sua bolsa de laptop.

"Adivinha só?" ela guinchou, sem se preocupar com saudações. "Fui redirecionada para a Sterling Dynamics! Vamos trabalhar juntas!"

Meu estômago afundou. "O quê? Como?"

Chloe passou saltitante por mim para dentro da casa. "Não sei! Minha inscrição foi rejeitada inicialmente, mas ontem recebi um e-mail dizendo que eles reconsideraram e me queriam para o programa de estágio de verão. Não é incrível?"

Forcei um sorriso enquanto nos dirigíamos para o meu quarto. Incrível não era a palavra que eu usaria. As digitais de Sterling estavam por toda parte nisso, eu tinha certeza. Ele sabia que Chloe era minha melhor amiga – e mais importante, que ela tinha uma queda enorme por ele. A espiã perfeita para me vigiar.

"Isso é... ótimo," consegui dizer. "Estaremos juntas então."

Chloe me cutucou brincando. "E vou poder ver seu irmão gato todos os dias. Meu Deus, Aurora, como você consegue viver com ele e não entrar em combustão espontânea? Ele é como o pecado em pessoa."

Estremeci internamente. Se ela soubesse a verdade sobre Sterling. "Acredite, viver com ele não é tudo o que você imagina."

"Mesmo assim," ela suspirou sonhadoramente. "Aqueles olhos verdes. Aqueles ombros. Aquele maxilar. Eu deixaria ele—"

"Por favor, não termine essa frase," interrompi, sentindo náuseas. "Ele está noivo, lembra?"

Chloe fez biquinho. "Daquela robô loira magrela. Não entendo o que ele vê nela."

Não tive coragem de dizer a ela que Sterling não via nada em Clara além de uma aliança comercial conveniente. Eu tinha ouvido conversas suficientes para saber que o noivado deles era puramente estratégico – algo sobre combinar recursos da alcateia e expandir territórios.

"Pensei que íamos estudar," eu disse, desesperada para mudar de assunto.

Antes que Chloe pudesse responder, passos pesados soaram no corredor. Meu pulso acelerou. Eu conhecia aqueles passos.

Sterling apareceu na porta, preenchendo o batente com sua altura imponente e ombros largos. Estava vestido com um de seus ternos sob medida, o tecido escuro acentuando cada músculo. Sua presença imediatamente fez o quarto parecer menor, o ar mais rarefeito.

"Aurora," ele disse, sua voz profunda enviando um arrepio involuntário pela minha espinha. Seu olhar passou brevemente por Chloe antes de descartá-la completamente. "Tenho algo para você."

Ele estendeu uma sacola de compras brilhante na minha direção. O papel de seda carmesim que aparecia combinava com a cor do logotipo distintivo da loja – uma butique exclusiva no centro da cidade especializada em roupas femininas de luxo.

"Abra quando estiver sozinha," ele instruiu, seu tom deixando claro que isso não era uma sugestão.

Chloe praticamente vibrava ao meu lado, criando coragem. "Oi, Sterling," ela finalmente soltou. "Estou tão animada para estagiar na sua empresa neste verão!"

Sterling mal lhe dirigiu um olhar. "Senhorita Thorne, não é? O RH cuida dos estagiários. Dirija quaisquer perguntas a eles."

A crueldade casual de sua dispensa me fez estremecer. O rosto de Chloe caiu, e senti uma pontada de pena por ela. Ela não tinha ideia de que sua paixão não correspondida estava desperdiçando seu tempo – Sterling só tinha olhos para...

Afastei o pensamento, recusando-me a completá-lo.

"Obrigada," disse rigidamente, pegando a sacola dele.

Os dedos de Sterling roçaram nos meus durante a troca, demorando-se um momento além do necessário. Seus olhos se fixaram nos meus, comunicando algo possessivo e faminto que me fez prender a respiração.

"Mais tarde," ele murmurou, a única palavra carregando um peso que só eu entendia.

Depois que ele saiu, Chloe desabou dramaticamente na minha cama. "Ele sabe meu nome! Você ouviu isso? Ele me chamou de Senhorita Thorne!"

Não tive coragem de dizer a ela que Sterling provavelmente sabia tudo sobre ela – seu endereço, sua programação de aulas, seu histórico familiar. Ele fazia questão de conhecer todos em minha órbita.

"É, ótimo," disse distraidamente, colocando a sacola de compras no meu armário. Qualquer que fosse o conteúdo, eu não estava ansiosa para descobri-lo com Chloe presente.

Horas depois, após Chloe ter ido embora e a casa ter ficado silenciosa, a curiosidade finalmente me venceu. Peguei a sacola do meu armário e sentei com as pernas cruzadas na minha cama, puxando o papel de seda carmesim com apreensão.

Dentro havia três conjuntos de lingerie – se é que podiam ser chamados assim. Eram apenas pedaços de renda e seda em preto, carmesim e verde-esmeralda. O tipo de roupa íntima que nenhum irmão deveria comprar para sua irmã, mesmo que por parte de pai ou mãe.

Minhas mãos tremiam enquanto eu segurava o conjunto preto – um delicado sutiã de renda com calcinha combinando que não cobriria quase nada. O conjunto esmeralda era ainda mais revelador, com recortes estratégicos que me fizeram corar só de olhar. O carmesim apresentava laços de seda que claramente eram destinados a...

Deixei-os cair como se tivessem me queimado, sentindo náuseas.

Uma sensação de formigamento na nuca me fez olhar para cima. Através da janela do meu quarto, eu podia ver o escritório de Sterling na ala separada da mansão. Ele estava em pé junto à janela, me observando atentamente, seu olhar queimando mesmo à distância.

A raiva surgiu dentro de mim, momentaneamente superando meu medo. Agarrei a sacola e atravessei a casa até seu escritório, sem me preocupar em bater antes de entrar.

"O que é isso?" exigi, levantando a sacola.

Sterling estava sentado atrás de sua mesa enorme, parecendo completamente imperturbável com minha explosão. "Acredito que se chamam lingerie, Aurora. Certamente você está familiarizada com o conceito."

"Por que você compraria isso para mim?" Sacudi a sacola. "Não deveria estar comprando coisas assim para Clara? Você sabe, sua noiva?"

Um músculo se contraiu em seu maxilar. "Clara não é da sua conta."

"Estas," eu disse, puxando o conjunto carmesim com seus laços sugestivos, "também não deveriam ser da minha conta! Que tipo de irmão compra isso para sua irmã?"

Sterling levantou-se de sua cadeira com graça fluida, movendo-se ao redor da mesa em minha direção. "Meia-irmã," ele corrigiu suavemente. "E por que não posso comprar coisas bonitas para você?"

A cada passo que ele dava para frente, eu dava um para trás até que minhas costas pressionaram contra a porta.

"Você sabe por quê," sussurrei, minha voz falhando. "Isso não é normal, Sterling. Isso não é... apropriado."

Ele estava diretamente na minha frente agora, tão perto que eu podia sentir o cheiro de sua colônia cara e o calor irradiando de seu corpo. Ele levantou a mão, e eu me encolhi, mas ele apenas colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, seus dedos roçando minha bochecha.

"É apenas lingerie, Aurora," ele murmurou, sua voz baixando para um registro que fez meu estômago revirar. "Não são brinquedos sexuais. Embora se isso for o que você preferir..."

Meus olhos se arregalaram de choque. "Sterling!"

Seu olhar penetrou no meu, intenso e ilegível. "Minha," ele sussurrou, a única palavra carregando um peso que me fez tremer.

O momento se estendeu entre nós, carregado com algo perigoso e proibido. Eu não conseguia respirar, não conseguia me mover, presa entre a porta e a presença esmagadora de Sterling.

A maçaneta da porta de repente girou atrás de mim, empurrando contra minhas costas. Tropecei para frente contra o peito de Sterling no momento em que a porta se abriu para revelar Clara Beaumont, seu cabelo loiro perfeito emoldurando sua expressão surpresa.

Seu olhar passou do meu rosto corado para a expressão intensa de Sterling, e então para a lingerie ainda agarrada em minha mão.