Primeira Luta

"Quem está aí?"

A respiração de Leo falhou com a pergunta, seu coração batendo forte no peito.

Os oponentes tinham localizado o esconderijo deles, tudo graças a Felix e sua bunda gorda, que não conseguiu ficar quieta por 30 malditos segundos.

Eles estavam prestes a cair cegamente na armadilha—uma emboscada perfeita em formação—até que o grito de Felix quebrou o silêncio e transformou tudo em merda.

'O que diabos eu faço agora? Espero e torço para que eles entrem no canto mesmo assim?' O pensamento passou pela mente de Leo, mas a resposta veio quase imediatamente, afiada e impiedosa. 'Não!'

Esperar que eles caíssem numa armadilha depois de ouvir o erro de Felix era pura idiotice. Eles já tinham sido alertados, já estavam em guarda. Esperar só daria a eles mais tempo para pensar, para planejar seu ataque—e esse era um luxo que Leo não podia se dar.

Seus olhos dispararam em direção a Felix, que estava inutilmente agachado atrás de um pilar, hiperventilando e parecendo paralisado demais pelo medo para fazer qualquer coisa, e foi nesse momento que ficou dolorosamente claro para Leo que Felix não seria de nenhuma ajuda.

Que ele estava completamente sozinho.

'Eu tenho que sair. Tenho que enfrentá-los de frente. Não há outra escolha.' Leo percebeu, enquanto o medo arranhava seu peito, uma sensação fria e corrosiva que fez seus dedos apertarem instintivamente as adagas em suas mãos.

Ele não tinha certeza se poderia vencer—não contra oponentes habilidosos, não com sua memória fragmentada e confiança abalada. Mas esperar não era uma opção. Esperar significava morte, e disso ele tinha certeza.

'Foda-se–' Leo concluiu, enquanto saía das sombras, seu coração batendo como um tambor de guerra, ao olhar seus oponentes nos olhos.

"Ora, ora," o homem cicatrizado zombou, sua expressão de nojo, enquanto observava Leo parado à sua frente com duas adagas nas mãos.

"Parece que o coelhinho decidiu sair para brincar.... Onde está seu parceiro coelhinho? Ele ainda está se escondendo?" O homem perguntou, mas Leo não disse nada.

Seus olhos afiados alternavam entre os dois oponentes, enquanto acompanhava seus movimentos e notava como eles instintivamente se espalhavam para flanqueá-lo.

Seu aperto nas adagas se intensificou, o aço frio o mantendo centrado.

O homem corpulento riu, sua voz baixa e retumbante. "Se seu parceiro não aparecer logo, você está morto, garoto, dois contra um e você não tem chance"

O coração de Leo acelerou com a ameaça, seu peito apertado, mas seu olhar permaneceu firme. Ele podia sentir o medo arranhando as bordas de sua mente, ameaçando paralisá-lo. No entanto, seu corpo não demonstrava nada disso. Sua postura era firme, seus movimentos calculados.

Então, o homem cicatrizado fez o primeiro movimento, avançando com um golpe rápido e preciso direcionado ao peito de Leo.

Mas os instintos de Leo assumiram o controle, e sua adaga direita subiu para desviar o golpe. Aço encontrou aço com um estrondo agudo, o impacto reverberando pelo braço de Leo.

O homem corpulento seguiu imediatamente, balançando sua maça em um arco brutal com o objetivo de arrancar a cabeça de Leo de seus ombros, mas Leo abaixou-se, a arma passando zunindo sobre sua cabeça e batendo na parede atrás dele, enviando rachaduras pela superfície do concreto.

Por um momento, tudo que Leo podia fazer era se defender. Seus braços se movendo por conta própria, bloqueando e aparando, seus pés se deslocando para mantê-lo fora do alcance dos golpes. Seu coração batia em seus ouvidos, cada vez mais rápido a cada segundo.

Mas então, algo mudou.

O tempo pareceu desacelerar, o caos da luta se dissolvendo em momentos nítidos e deliberados, permitindo que Leo percebesse tudo vividamente.

O ombro do homem cicatrizado baixou ligeiramente antes de atacar, telegrafando seu próximo movimento, enquanto o peso do homem corpulento mudava para o pé de trás antes de cada balanço da maça, dando a Leo um aviso de uma fração de segundo.

Eles são lentos..... Tudo ao meu redor é lento.

A percepção o atingiu como um choque de eletricidade. Ele podia ver tudo—a tensão nos músculos deles, os ângulos de seus golpes, as falhas em seus passos. Apesar de sua falta de memória, seu corpo parecia saber exatamente o que fazer. Cada ataque, cada finta criada por seu oponente parecia se mover em meia velocidade, dando-lhe mais que tempo suficiente para reagir.

Era uma sensação indescritível. Uma sensação onde ele se sentia totalmente no controle de si mesmo e de seu entorno, mas não conseguia entender por quê?

Seus oponentes claramente não estavam se movendo devagar de propósito, no entanto, para ele eles pareciam lentos, como se estivesse lutando contra crianças, e essa sensação o ajudou a acalmar um pouco seus nervos.

O homem cicatrizado avançou novamente, desta vez com um golpe alto direcionado ao pescoço de Leo, mas Leo se esquivou, seus movimentos fluidos e precisos enquanto levantava sua adaga esquerda para aparar a lâmina.

Ele não contra-atacou, ainda não. Ele não estava pronto para revidar—não até que precisasse, mas esquivar e aparar agora parecia sem esforço. Como se ele não precisasse se esforçar muito para se manter vivo.

O homem corpulento rugiu, avançando com sua maça erguida, e Leo esperou até o último momento, antes de rolar para o lado enquanto a arma pesada esmagava o chão onde ele estava parado.

Poeira e detritos encheram o ar, mas Leo mal notou. Seu foco era afiado como uma navalha, cada nervo em seu corpo sintonizado com a luta.

O homem cicatrizado rosnou de frustração, sua lâmina brilhando em direção às costelas de Leo em um rápido impulso, mas Leo recuou, puxando suas adagas para cima em uma cruz defensiva, que facilmente bloqueou o impulso.

*Smash*

O impacto sacudiu seus braços, mas ele se manteve firme, seu olhar se estreitando.

'Há uma abertura' Ele percebeu, seus olhos fixos na garganta do homem cicatrizado.

O ângulo era perfeito. Um golpe rápido, limpo e preciso na garganta, e a luta estaria acabada.

Era uma oportunidade difícil de passar, enquanto o instinto de matar surgia através dele.

Seu aperto apertou na adaga, seus músculos enrolados como uma mola.

Mas então, algo nele vacilou. O pensamento de tirar uma vida, mesmo em legítima defesa, fez seu peito apertar.

Ele podia sentir o peso disso pressionando-o, uma pressão sufocante que o parou completamente.

Não.

Em vez de mirar na garganta, Leo mudou seu foco. Ele fingiu atacar alto, forçando o homem cicatrizado a levantar sua guarda, e nesse instante, ele atacou baixo. Sua adaga cortando limpo o cristal de teletransporte preso ao cinto do homem.

*Crash*

Os olhos do homem cicatrizado se arregalaram em choque. "O que—?"

Um brilho intenso de luz o envolveu, cortando suas palavras, enquanto ele desaparecia em um instante, sua forma se dissolvendo em partículas cintilantes.

O homem corpulento congelou no meio do balanço, seus olhos disparando para seu próprio cristal, que acendeu em resposta. Pânico passando por seu rosto também.

"Não! Espere—" ele gritou, mas antes que pudesse terminar, a magia se ativou. Seu corpo tremulou, brilhando levemente antes de desaparecer em uma segunda explosão de luz, enquanto o corredor de repente ficou silencioso.

Leo ficou lá, sua respiração vindo em suspiros rasos, suas adagas tremendo levemente em suas mãos. A luta havia acabado, mas a tensão em seu peito permanecia. Ele olhou fixamente para o espaço vazio onde seus oponentes estavam, sua mente acelerada.

Ele não os havia matado. Ele não precisava, mas poupá-los também não parecia certo.

A sede de sangue dentro dele parecia estar insatisfeita com sua escolha, pois pela primeira vez, o olhar em seus olhos mudou.

De parecer um homem são no controle de suas emoções, ele se transformou em alguém completamente desequilibrado, sua expressão espelhando a sede de sangue dos outros assassinos no teste. No entanto, o olhar de insanidade passou tão rapidamente quanto havia surgido, dando lugar a uma calma composta e medida mais uma vez.

A ameaça imediata havia acabado. Sua vida não estava mais em perigo.