Leo estava parado no meio do corredor escuro, seu peito subindo e descendo enquanto tentava recuperar o fôlego.
Seu olhar permaneceu fixo no local onde seus oponentes estavam momentos atrás, o espaço vazio um lembrete claro do que acabara de acontecer, enquanto lentamente, a realidade de sua vitória começava a afundar.
Leo apertou o punho em torno das adagas, sua mente girando com perguntas sem resposta. A luta tinha sido... estranha.
Cada movimento, cada ataque, tinha parecido lento, quase deliberado, como se o mundo ao seu redor estivesse se movendo em meia velocidade. Não era normal. Não podia ser normal.
Ele fechou os olhos brevemente, concentrando-se na dor surda em seus músculos, na fadiga que se instalava em seus membros. Qualquer clareza que ele sentira durante a batalha havia desaparecido agora, substituída por um cansaço que fazia suas pernas tremerem.
'O que foi aquilo?' ele se perguntou, apertando o maxilar. 'Como eu fiz aquilo?'
Era como se seu corpo tivesse assumido completamente o controle, movendo-se com precisão e instinto que ele não conseguia explicar. No entanto, agora, parado ali nas consequências, ele se sentia completamente esgotado, como se cada gota de energia tivesse sido espremida dele e cada músculo do seu corpo doesse.
"Meu corpo está destruído... como se eu tivesse acabado de acordar depois de correr uma maratona no dia anterior, e agora cada músculo está gritando comigo," Leo murmurou enquanto girava os ombros, esperando aliviar um pouco da tensão, mas o movimento adicional só piorou as coisas.
A tentativa de se mover enviou uma forte onda de fadiga através dele, enquanto suas mãos começavam a tremer incontrolavelmente.
'O que está acontecendo comigo?' O pensamento arranhava sua mente, o pânico crescendo em seu peito.
'Que habilidade foi essa que acabei de usar?' Ele se perguntou, pois sem saber qual habilidade havia usado ou quais eram as consequências em seu corpo por usá-la, Leo se sentiu perdido sobre como lidar com os efeitos posteriores.
Seus joelhos cederam, e ele caiu no chão, agarrando suas mãos trêmulas. O desespero tomou conta enquanto ele entrelaçava os dedos, apertando com força numa tentativa inútil de firmá-las. Mas os tremores se recusavam a parar, seu corpo o traindo mesmo enquanto sua mente corria em busca de respostas.
'Seja lá qual for essa habilidade, meu corpo atual claramente não é forte o suficiente para usá-la por muito tempo. 20-30 segundos, esse é meu limite por enquanto, mas se eu ultrapassar isso, provavelmente vou acabar em coma–' Leo percebeu, enquanto se contorcia no chão, cada músculo de seu corpo espasmodicamente enviando ondas de dor por todo seu corpo.
Por um minuto inteiro, ele tremeu no chão como se estivesse sofrendo um choque epiléptico, uma visão verdadeiramente dolorosa e lamentável de se ver.
E só depois de um minuto completo, os espasmos começaram a diminuir de intensidade.
Eventualmente, três minutos após o último espasmo ter cessado, Leo finalmente se recuperou o suficiente para ficar de pé novamente, mas a experiência deixou um gosto amargo em sua boca.
Qualquer orgulho que ele sentira anteriormente por ser capaz de lutar bem e se manter firme entre esses assassinos de sangue frio, foi substituído por um forte desejo de nunca mais levantar uma adaga novamente, já que as consequências de usar seus poderes eram tudo menos agradáveis.
'Onde diabos está o Felix?' Leo se perguntou assim que sua mobilidade foi restaurada, pois o gordinho não havia aparecido, ou oferecido ajuda muito tempo depois que a luta acabou.
"Está calmo..."
Uma voz fraca murmurou de trás do pilar onde Leo tinha visto Felix pela última vez, e como ele antecipou, o gordinho parecia ainda estar empoleirado atrás daquela mesma coluna, não tendo se movido um único centímetro desde que a luta começou.
"Calmo demais. Isso significa que... Leo está morto? Ele deve estar. Ele não tinha habilidades." Felix murmurou, abraçando a cabaça em sua mão com mais força, seu corpo tremendo a cada respiração superficial.
Ele não ousou olhar para a luta, nem mesmo deu uma olhada para ver o que estava acontecendo. Em sua mente, o resultado já estava claro: não havia como Leo ter sobrevivido.
"Por que eu me juntei a ele?" Felix gemeu suavemente, balançando-se levemente enquanto falava consigo mesmo. "Eu deveria ter me unido a alguém mais forte. Alguém confiável. Alguém que não... morra."
Felix fungou, olhando para a borda do corredor, mas ainda com muito medo de se mover. "Bem, pelo menos vou conseguir uma boa história com isso. 'Felix o Traído', deixado para se virar sozinho por um parceiro inútil—"
Um chute forte em sua perna o tirou de seus pensamentos.
"Cala a boca," a voz de Leo cortou o ar, afiada e firme.
Felix gritou, quase derrubando sua cabaça enquanto se levantava rapidamente. Seus olhos arregalados se voltaram para Leo, sua boca se abrindo em choque. "Você está... vivo?"
Leo ergueu uma sobrancelha, sua expressão indecifrável. "Obviamente."
O olhar de Felix passou por ele, examinando o corredor. Os dois oponentes haviam sumido, não deixando nenhum sinal de sua presença além das pequenas rachaduras na parede onde a maça tinha atingido.
"Você... acabou com eles?" Felix gaguejou, sua voz uma mistura de descrença e admiração.
Leo não respondeu imediatamente. Ele embainhou uma adaga, descansando a outra levemente contra sua coxa enquanto se virava para olhar para Felix. "Eles se foram."
O choque de Felix rapidamente se transformou em excitação, seu rosto se iluminando enquanto ele se aproximava. "Mas como?! Você disse que não se lembrava como lutar! Como você... sabe, não morreu?"
Leo suspirou, balançando a cabeça levemente. "Eu não sei."
Felix sorriu, seu humor mudando completamente. "Ah, eu sabia! Você não é inútil afinal! Você tem habilidades—habilidades ocultas! Você provavelmente é algum tipo de cara durão secreto que esqueceu o quão incrível é!"
Leo revirou os olhos, passando por Felix. "Se acalme."
Mas Felix não estava ouvindo. "Isso é incrível! Vamos arrasar neste teste! Com meu gênio e seu..." ele gesticulou vagamente, "...seja lá o que for isso, somos imparáveis!"
Leo não respondeu. Ele sentiu uma raiva silenciosa borbulhando dentro dele, o que o forçou a contemplar se deveria ou não esfolar Felix vivo onde ele estava, mas acabou decidindo contra isso.
'Eu preciso dele para sobreviver a este teste...' Leo concluiu, e com um suspiro profundo, ele deixou passar a questão da covardia de Felix.
"Beba... a próxima luta não será tão fácil" Leo disse, enquanto se encostava em sua coluna, sentando-se novamente em seu esconderijo original.