Perigo

O brilho fraco do Contador chamou a atenção de Leo, seus dígitos vermelhos diminuindo constantemente.

389 Pares Restantes.

O número já havia caído abaixo de 400, a competição se aproximando cada vez mais de sua sombria conclusão. Com apenas 125 pares definidos para se qualificar, pouco mais de 260 pares ainda precisavam ser eliminados antes do fim do teste.

Leo soltou um suspiro lento, seus pensamentos girando enquanto ele encarava o dispositivo brilhante.

'Esperamos aqui até o teste acabar? Continuamos lutando como temos feito? Ou... é hora de nos movermos?'

A poça de sangue no chão, ainda fresca do massacre anterior de Felix, chamou a atenção de Leo. Era um lembrete macabro do que havia acontecido ali, e deixava uma coisa dolorosamente clara: este corredor estava comprometido.

Qualquer um que entrasse agora veria as manchas de sangue, sentiria o perigo e prosseguiria com cautela. Este não era mais um esconderijo — era uma armadilha prestes a ser acionada.

"Felix," disse Leo, com voz baixa.

Felix estava encostado na parede, com o rosto corado e uma cabaça de álcool firmemente agarrada em sua mão. Suas roupas estavam salpicadas de sangue seco, sua espada pendurada frouxamente ao seu lado.

"O quê?" respondeu Felix, sua voz arrastada, mas transbordando confiança.

Leo hesitou antes de perguntar: "Qual é o plano? Esperamos? Nos movemos? Nos escondemos? Estamos chegando perto do limite. Precisamos pensar bem nisso."

Felix se afastou da parede com um dar de ombros exagerado, sua postura instável, mas estranhamente ameaçadora.

"Esperar? Esconder? Está brincando comigo?" ele zombou. "Não somos fracos, Leo Algumas Habilidades. Somos caçadores agora. É hora de parar de ficar sentado e começar a caçar."

Leo franziu a testa. "Caçar? Você acha que é uma boa ideia?"

"Claro que é!" Felix latiu, balançando sua espada como um maestro dirigindo uma orquestra. "Olhe para este lugar! Você acha que alguém é burro o suficiente para entrar aqui depois do que eu fiz? Este corredor é inútil agora. Temos que nos mover. Encontrar novas presas. Mostrar a esta arena quem manda!"

Por mais que Leo odiasse admitir, Felix não estava errado. Seu esconderijo estava comprometido. Ficar aqui significava esperar em vão — ou pior, ser emboscado por alguém inteligente o suficiente para reconhecer o perigo.

"Tudo bem," Leo disse finalmente, embainhando suas adagas. "Vamos nos mover. Mas não vamos vagar sem rumo."

Felix inclinou a cabeça, sorrindo com desdém. "Ah? Tem um plano, gênio?"

"Vamos subir," respondeu Leo. "Quero um terreno mais alto. Algum lugar onde possamos ver o que está acontecendo ao nosso redor. Preciso saber de onde vêm nossas ameaças."

Felix sorriu, sua confiança beirando a arrogância. "Tudo bem para mim. Eu vou liderar o caminho, e se alguém for burro o suficiente para ficar em nosso caminho, vou acabar com eles antes mesmo que cheguem até você."

"Isso também está bom para mim. Vou te dar cobertura se encontrarmos problemas," disse Leo calmamente.

Felix deu-lhe uma piscadela, seu sorriso afiado e feroz. "Entendido, parceiro. Vamos ver o que esta arena prisional tem a oferecer."

**********

O desejo de Leo de se mover para um terreno mais alto era motivado puramente pelo instinto.

No início do teste, quando ele estava inseguro tanto sobre suas próprias habilidades quanto as de Felix, esconder-se parecia a escolha mais segura.

Mas agora, depois de obter uma vaga compreensão do que eram capazes, seus instintos o impeliam a buscar um terreno mais elevado.

Algo sobre ter um ponto de observação — um lugar onde ele pudesse observar e controlar a situação — parecia inerentemente certo, como um reflexo enterrado profundamente em seus ossos.

No entanto, encontrar um caminho para subir mais alto era mais fácil falar do que fazer. Sem um mapa da prisão, localizar a escadaria certa para o terraço parecia quase impossível.

A maioria das escadas levava a salas de armazenamento ou terminava abruptamente em becos sem saída. A iluminação fraca só piorava as coisas, lançando sombras longas e oscilantes que ocultavam cada canto e mantinham a ameaça de inimigos à espreita sempre presente.

Felix, em sua confiança embriagada, movia-se com um gingado imprevisível. Suas botas pesadas ecoavam contra o chão de concreto, seus insultos murmurados ficando mais altos a cada passo.

"Este maldito teste," rosnou Felix. "Quem diabos pensou nessa merda? Provavelmente algum idiota que nunca teve que levantar um dedo na vida. Aposto que estão lá em cima nos observando como se fôssemos ratos em um labirinto."

Leo não disse nada, seus olhos examinando os arredores com foco afiado. Cada sombra parecia viva, cada canto uma emboscada potencial.

"E os outros concorrentes?" Felix continuou, rindo alto. "Pfft. Um bando de aspirantes. Você viu aquele cara com o mangual? Que piada!"

"Felix, abaixe a voz," disse Leo, em tom cortante. "Não somos os únicos aqui."

Felix bufou, dispensando-o com um gesto. "Relaxa, parceiro. Você tem a mim, lembra? Ninguém vai mexer conosco."

A visão de uma escada à frente interrompeu a conversa.

"Ali," disse Felix, apontando com sua espada. "Terreno mais alto, exatamente como você queria."

O olhar de Leo mudou para a escada. Estreita e mal iluminada, seus degraus de metal enferrujados rangiam ameaçadoramente a cada movimento. Ele hesitou, seus instintos o advertindo a ser cauteloso.

Mas Felix não esperou. Com um largo sorriso, ele subiu pisando forte nos degraus, seus movimentos barulhentos e descuidados.

"Felix, espere," Leo sibilou.

Mas Felix já estava na metade do caminho, cantarolando uma melodia para si mesmo como se não tivesse uma preocupação no mundo.

Leo cerrou a mandíbula, suprimindo um suspiro enquanto o seguia, seus passos silenciosos e deliberados.

A escada se abria para uma ampla varanda com vista para uma grande seção da instalação. O ar era mais frio aqui, mais cortante, e o zumbido distante de lutas chegava de baixo.

Deste ponto de observação, Leo podia ver pares se movendo pelos corredores abaixo. Alguns estavam travados em combates brutais, seus gritos ecoando pelo espaço cavernoso, enquanto outros se esgueiravam nas sombras, seus movimentos deliberados e predatórios.

Felix se inclinou sobre o corrimão, sorrindo como uma criança em uma loja de doces. "Olhe para eles," ele disse, apontando com sua espada. "Como formigas, correndo por aí. Eles nem sabem que estamos aqui em cima."

O olhar de Leo varreu a área, seus olhos afiados notando cada detalhe: um grupo perseguindo sua presa, uma figura solitária escondida nas sombras, manchas de sangue espalhadas pelo chão.

"É um bom ponto de observação," Leo admitiu baixinho. "Podemos ver tudo daqui."

Felix riu. "Eu disse que nos levaria a um lugar bom. Isso é perfeito!"

Mas mesmo enquanto Felix se gabava, Leo não conseguia afastar o desconforto que se infiltrava em seu peito. Algo sobre este lugar parecia estranho.

Esta varanda não era o ponto mais alto da prisão. O terraço pairava acima deles, apenas alguns metros mais alto, sua sombra lançando um presságio sinistro sobre a área.

"Não é o suficiente," Leo murmurou.

Felix franziu a testa. "O que foi agora?"

Antes que Leo pudesse responder, seus olhos afiados captaram um brilho de algo metálico cortando o ar. Era rápido — rápido demais — e vinha direto para eles.

"Mova-se!" Leo gritou, sua voz aguda e urgente, enquanto se lançava para frente e empurrava Felix para o lado com toda sua força.

A lâmina cortou o ar, fatiando o espaço onde Felix estava parado. Atingiu o corrimão de metal com um estrondo ensurdecedor, o impacto vibrando através da estrutura enquanto faíscas voavam.

A arma tremeu, profundamente cravada no corrimão, sua borda brilhando sob a luz fraca. Uma faca de arremesso — mortal e precisa.

O coração de Leo batia forte enquanto seu olhar disparava na direção de onde ela tinha vindo, seu corpo tenso e pronto. O ar parecia mais pesado agora, carregado com um novo perigo.

"Não estamos sozinhos," Leo sussurrou, sua mão já apertando o cabo de sua adaga, seus olhos afiados vasculhando as sombras em busca da ameaça invisível.