Um Dos Monstros

O coração de Leo pulsava violentamente em seu peito enquanto ele esperava que a onda de culpa o atingisse... mas ela nunca veio.

Depois de assassinar brutalmente seu companheiro de equipe, Leo esperava sentir-se envergonhado, até mesmo enojado por suas ações—mas, em vez disso, uma estranha sensação de satisfação se instalou sobre ele.

'O que há de errado comigo?'

'Que tipo de monstro eu sou?'

Os pensamentos circulavam em sua mente enquanto ele olhava confuso para o sangue espalhado em seus braços.

'Nossa amizade não significou nada para mim?' Leo se perguntou, olhando para o corpo sem vida de Felix aos seus pés. No entanto, por mais que tentasse invocar algum remorso, não conseguia encontrar nenhum.

Não havia nem mesmo um lampejo de arrependimento dentro dele. Apenas um vazio onde sua humanidade deveria estar.

"É, sou um assassino de sangue frio. Tão ruim, se não pior que os outros aqui... Talvez eu realmente pertença a este lugar", Leo murmurou suavemente, pois apesar de ter perdido suas memórias, ele se sentiu seguro de sua identidade como assassino após esse incidente.

Ele sabia instintivamente onde exatamente mirar em um homem para perfurar seu coração, e também conhecia o método preciso para cortar a garganta de alguém causando dor mínima, mas morte instantânea.

Esses eram movimentos profundamente enraizados em seus ossos e a facilidade com que os executava lhe dizia tudo o que precisava saber sobre si mesmo.

Ele era um assassino.

Um comerciante da morte.

"Eu dei a ele uma chance de revidar. Dei a ele vinte segundos e ataquei pela frente.

Pelo que me diz respeito, tudo a partir daquele ponto foi justo—" Leo disse, ao perceber o raciocínio por trás de não sentir remorso.

Introspectivamente, ele sentiu como se, ao dar a Felix o aviso antes de atacá-lo, Leo tivesse se absolvido de toda culpa.

O que veio depois foi simplesmente o destino, e se Felix tivesse coragem para revidar, talvez pudesse ter sobrevivido.

Não era culpa de Leo que ele fosse tão covarde quando sóbrio e, portanto, não podia carregar o fardo de sua morte em seus ombros.

"Monstro... Leo Skyshard, você é um monstro. Mas tudo bem, pelo menos você não é um monstro sujo", Leo concluiu, enquanto se sentava de pernas cruzadas ao lado do corpo de Felix, esperando o fim da segunda rodada de testes.

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(18 minutos depois)

18 minutos depois, quando o cronômetro na parede chegou a 00:00, todas as restrições de paredes de vidro foram removidas simultaneamente.

Uma seção das paredes brancas e imaculadas da sala cintilou e se dissolveu, revelando uma porta oculta pela qual médicos inundaram a sala.

Curandeiros trabalhavam rapidamente, lançando feitiços e aplicando poções para estabilizar os vencedores, suas mãos experientes se movendo com urgência.

Enquanto isso, os derrotados eram carregados em macas, seus corpos sem vida tratados com uma eficiência fria enquanto eram jogados em carrinhos de carga como sacos de batatas.

Leo permaneceu sentado em seu azulejo, observando a cena se desenrolar com um olhar distante, até que um curandeiro de aparência gentil se aproximou dele, segurando um frasco de líquido verde cintilante.

"Para sua resistência", disse o curandeiro, seu tom breve e gentil, enquanto Leo aceitava a poção sem dizer uma palavra.

*POP*

Destampando a poção, Leo deu um gole cauteloso, o líquido queimando levemente sua língua e garganta enquanto descia para seu estômago.

'Delicioso–' ele pensou, enquanto a poção fazia seu efeito instantaneamente.

Uma onda de calor percorreu seu corpo, afastando a fadiga que havia se instalado profundamente em seus ossos.

No entanto, assim que ele inclinou o frasco para beber mais, o som de botas pesadas batendo contra o piso de azulejos chamou sua atenção.

Os médicos ao seu redor se endireitaram, seus movimentos desacelerando quando o Major entrou na sala, flanqueado por um pequeno grupo de militares.

A entrada do Major imediatamente atraiu a atenção de todos, enquanto os sobreviventes se preocupavam se haveria ou não uma secreta terceira rodada esperando por eles ao final do discurso do Major.

Felizmente, porém, não parecia ser o caso, pois o Major começou seu discurso parabenizando a todos por finalmente entrarem na academia.

"Parabéns", disse o Major, sua voz afiada e inabalável. "Vocês provaram seu valor. Das centenas de milhares que se candidataram, vocês são os 125 indivíduos que conquistaram o direito de ingressar em nossa prestigiosa Ala dos Assassinos da Academia Militar de Rodova."

"Vocês suportaram provações que testaram sua força, seus instintos e sua determinação. Vocês fizeram sacrifícios—alguns mais difíceis que outros. Mas deixe-me deixar uma coisa clara: isso foi apenas o começo." O Major disse, seu tom soando congratulatório, mas também sombrio.

"Fora desta câmara", continuou o Major, gesticulando em direção à porta de saída recém-revelada, "naves de transporte estão esperando para levar cada um de vocês aos terrenos da academia. Lá, vocês receberão seus crachás de identificação de estudante e os mantos oficiais da academia. Estas não são apenas vestimentas cerimoniais—elas marcam vocês como parte da elite."

A menção de mantos e crachás provocou alguns murmúrios entre os sobreviventes, mas a maioria permaneceu quieta, exausta demais para fazer muito mais do que ouvir.

O olhar do Major percorreu a sala, pousando brevemente em Leo e depois seguindo em frente. "Amanhã, os testes de aptidão e orientação começarão. Espera-se que todos vocês compareçam, vestidos com seus mantos da academia e nada mais. O não cumprimento resultará em expulsão imediata."

A testa de Leo franziu-se ligeiramente com a última declaração. Ele nem mesmo havia entrado oficialmente na academia e já havia ameaças de expulsão sendo feitas.

Mesmo agora, parecia não haver espaço para erros.