— Meu Deus, que tensão é essa? — Uma garota se aproximou, os cabelos negros lisos caindo como uma cortina sobre os ombros, os lábios pintados de vermelho escuro. Era Lara, uma veterana conhecida por sua beleza magnética e por nunca passar despercebida. Ela parou ao lado de Eduardo, pousando a mão no braço dele com uma familiaridade que fez Naomi franzir o cenho. — Eduardo, você está assustando a pobre coitada. Deixa ela em paz.Naomi sentiu uma pontada de irritação. “Pobre coitada”? Quem Lara pensava que era? Ela abriu a boca para responder, mas Eduardo foi mais rápido. — Não se preocupe, Lara — disse ele, sem desviar os olhos de Naomi. — Ela aguenta mais do que parece. Não é, Naomi?Lara riu, um som que era ao mesmo tempo melódico e cruel. — Duvido. Ela parece o tipo que chora quando quebra uma unha. — O comentário foi acompanhado por um olhar avaliador, como se Lara estivesse medindo Naomi e a considerasse insignificante.Naomi sentiu o sangue ferver. — Engraçado, Lara, porque você parece o tipo que precisa da atenção de todo mundo pra se sentir importante — retrucou ela, as palavras saindo antes que pudesse pensar. Lara piscou, surpresa, e até Eduardo pareceu momentaneamente desconcertado, o canto de sua boca se curvando em um sorriso quase imperceptível.— Olha só, a gatinha tem garras — disse ele, a voz agora com um tom de admiração relutante. Mas havia algo mais ali, uma sombra em seus olhos que fez Naomi hesitar. Ele estava gostando disso. Demais.Lara bufou, cruzando os braços. — Divirta-se brincando com sua nova amiguinha, Eduardo. Mas não se esqueça de quem realmente entende você. — Ela lançou um último olhar venenoso para Naomi antes de se afastar, os saltos ecoando pelo corredor.