Capítulo 7

Naomi jogou-se na cama, o rosto enterrado no travesseiro, como se pudesse sufocar a memória do que havia feito. O quarto estava escuro, iluminado apenas pelo brilho fraco da lua que entrava pela janela entreaberta. O silêncio era quebrado pelo som irregular de sua própria respiração, ainda acelerada, como se ela tivesse corrido uma maratona. Mas não era o cansaço físico que a mantinha acordada. Era ele. Eduardo. O tapa. O beijo. A forma como seus lábios haviam se movido contra os dela, famintos, como se quisessem devorá-la inteira. E, pior ainda, a forma como ela havia correspondido, puxando-o para si como se fosse a coisa mais natural do mundo.— Que idiota — murmurou ela, virando-se para encarar o teto. A bochecha ainda ardia onde a mão dele a acertara, mas não era a dor que a incomodava. Era a lembrança do calor do corpo dele, da pressão de suas mãos em sua cintura, do olhar em seus olhos quando ela recuou — uma mistura de choque, raiva e algo mais, algo que parecia... desejo. Naomi fechou os olhos com força, tentando apagar a imagem, mas ela só ficava mais nítida.Ela não entendia. Nunca fora impulsiva. Aos 28 anos, Naomi sempre se orgulhara de sua racionalidade, de sua habilidade de manter as emoções sob controle. Crescera em uma casa onde emoções eram vistas como fraqueza, onde seu pai, um pastor rígido, pregava sobre pureza e autocontrole. Talvez por isso ela ainda fosse virgem, uma escolha que nunca parecera um sacrifício até agora. Mas Eduardo... ele era como uma rachadura em sua armadura, expondo algo que ela nem sabia que existia. Algo selvagem. Algo perigoso.Ela adormeceu sem perceber, o cansaço finalmente vencendo a tormenta em sua mente. E então, os sonhos vieram.