— Chega! — Ele agarrou o pulso dela, não com força o suficiente para machucar, mas o suficiente para fazê-la prender a respiração. — Você acha que pode me enfrentar e sair ilesa? — A voz dele estava rouca, carregada de algo que parecia raiva, mas também outra coisa, algo primal. Antes que Naomi pudesse responder, a mão dele subiu, e o tapa veio, rápido e inesperado, estalando contra sua bochecha.O som ecoou no corredor vazio. Naomi ficou paralisada, a dor ardendo em sua pele, os olhos arregalados de choque. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor, quebrado apenas pela respiração pesada de Eduardo. Ele parecia tão surpreso quanto ela, os olhos abertos, a mão ainda suspensa no ar como se não acreditasse no que havia feito.Naomi não pensou. O calor da raiva, da humilhação e de algo mais — algo que queimava em seu peito e descia até sua barriga — a fez agir. Ela se lançou para a frente, as mãos agarrando a jaqueta dele, e puxou-o para si, colando os lábios nos dele em um beijo ardente, desesperado. Foi como acender um fósforo em um mar de gasolina. A boca de Eduardo era quente, exigente, e por um instante, ele correspondeu, as mãos deslizando para a cintura dela, puxando-a contra si. O mundo desapareceu, reduzido ao calor daquele contato, à fome que parecia consumir os dois.Mas então Naomi recuou, ofegante, os olhos arregalados de pavor e confusão. — O que... o que eu fiz? — murmurou ela, mais para si mesma do que para ele. Sem esperar resposta, ela girou nos calcanhares e correu, o som de seus passos ecoando enquanto desaparecia pelo corredor.Eduardo ficou ali, sozinho, o coração — ou o que restava dele — batendo forte no peito. Ele tocou os lábios, onde ainda sentia o gosto dela, doce e perigoso. A fome rugia dentro dele, mais forte do que nunca, mas não era só sangue que ele queria. Era ela. E isso o aterrorizava mais do que qualquer coisa em seus longos anos de escuridão.