Capítulo 21

Do outro lado da cidade, Eduardo estava sentado no chão de seu apartamento, as costas contra a parede, uma garrafa de uísque intocada ao seu lado. Vampiros não precisavam de bebida para se embriagar — a fome era intoxicação suficiente. Mas esta noite, a fome era diferente. Era Naomi. Ele fechou os olhos, e lá estava ela, como uma visão que ele não conseguia apagar. No sonho que invadira sua mente, ele a via amarrada com cordas vermelhas, os olhos azuis brilhando com uma mistura de medo e desejo. Ele sentia o calor dela, o pulsar de seu sangue, o cheiro doce de sua excitação. Ele a tocava, guiando-a com uma mistura de firmeza e reverência, como se ela fosse um altar que ele não merecia profaná.— Naomi... — O nome escapou de seus lábios, um grunhido rouco que ecoou no quarto escuro. Ele abriu os olhos, o corpo tenso, excitado, a fome rugindo em suas veias. Não era só o sangue que ele queria. Era ela, inteira, entregue a ele de uma forma que ele nunca ousara imaginar. Mas isso era perigoso. Humanos eram frágeis, e ele era um monstro. Séculos atrás, ele aprendera isso da pior forma, quando perdera a única pessoa que amara. Não podia deixar isso acontecer novamente.Mas Naomi era diferente. Ela o desafiava, enfrentava-o, fazia-o querer ser mais do que a escuridão que o definia. E, pior, ele estava invadindo a mente dela, seus poderes vampíricos criando uma ponte que ele não sabia controlar. O sonho que ela tivera... ele estivera lá, de alguma forma, sentindo-a como se fosse real. Ele cerrou os punhos, as unhas cravando na palma. Tinha que parar. Mas como, quando cada fibra de seu ser gritava por ela?