Capítulo 24

Naomi caminhava pelo campus da faculdade com a cabeça baixa, o capuz do moletom puxado sobre os cachos loiros para evitar olhares. Desde a noite na mansão, ela sentia o peso do que vira — e do que sentira — como uma corrente invisível amarrada ao seu peito. O sonho com Eduardo, as cordas, o toque dele, tudo voltava em flashes que a deixavam corada e inquieta. Pior ainda era a lembrança do sussurro dele no corredor, as palavras “Eu sei o que você sentiu” ecoando como uma ameaça e uma promessa. Ela queria confrontá-lo, exigir respostas, mas a ideia de encará-lo a fazia tremer — de raiva, de medo, ou talvez de algo que ela se recusava a admitir.O destino, porém, parecia decidido a não deixá-la escapar. Ao virar uma esquina perto da sala de Literatura, ela quase colidiu com ele. Eduardo. Ele estava encostado na parede, uma figura sombria em sua jaqueta de couro preta, os olhos castanhos fixos nela com uma intensidade que parecia atravessá-la. O sorriso torto em seus lábios era ao mesmo tempo irritante e hipnótico.— Você está me evitando, Naomi — disse ele, a voz grave, carregada de um tom provocador que a fez cerrar os punhos. — Não acha que está na hora de parar de fugir?Naomi endireitou os ombros, os olhos azuis faiscando com desafio. — Não estou fugindo — retrucou ela, a voz firme, mas com um leve tremor. — Só não vejo motivo pra perder meu tempo com alguém que acha que pode brincar com as pessoas como se fossem... objetos.