Capítulo 1 - Afogamento

"Droga, dói muito!"

Ele sentiu esta dor após enfiar a agulha em seu braço, era sufocante, doloroso, e principalmente frustante. Ele poderia ter morrido naquela tentativa, mas infelizmente alguém tinha outros planos para ele.

Ele sentiu seus olhos apagarem, e gritos virem, mas claro, ele sabia que naquele momento tudo fazia sentido: ele realmente cometeu suicídio. Estresse, dor de cabeça, pressão, ele era fraco por pensar em algo como suicídio, mas ele fez, e ele não se arrepende.

"Finalmente, posso abraçar os céus."

Era isso que pensava, e enquanto estendia seus braços com dor, ele pode escutar uma voz dolorosa em sua cabeça, quase como se estivesse arranhando uma lousa de giz.

[ Você não é merecedor da morte! Você não é merecedor da morte! Você não é merecedor da morte! Você não é merecedor da morte! ]

E então, após está repetição, seu corpo inteiro começa a fluir estranhamente calmo quase como se estivesse caindo em alguma espécie de abismo. Mas a calma não é duradoura quando ele sente como se estivesse caindo em um mar fundo, sua boca começa a consumir a "água" e sua respiração começa a ficar fraca, e memórias de sua vida começam a passar entre ele.

Seu nascimento, seu crescimento, sua maturidade e por fim, seu declínio. Ele teve medo, talvez até raiva de ver estas memórias, ele não queria as lembrar, mas as memórias queriam lembrar dele. Enquanto via as memórias, ele viu memórias de seus amigos, parentes e até do amor de sua vida.

["Você sabe quão estúpido é você abondonar seu trabalho, Jorge?!"] - Teresa, sua mãe, gritou com ele diversas vezes por abondonar diversas vagas de emprego no qual ele tinha se candidatado.

["Cara, sinceramente, você realmente acha que o mundo misteriosamente vai te ajudar, se manca, tu nasceu no pior país para isso!"] - Lúcio, seu amigo, já tentou fazê-lo cair na real que moeda não cai do céu, mesmo Jorge jurando que isso pode acontecer.

["Sério que você só pensa em sexo?! Eu sou o tipo de mulher que quer amor, não sexualmente, mas como qualquer casal faz, seu idiota!"] - Essas palavras de sua ex-namorada, Isabelly, antes de terminar com ele por só pensar em sexo ao invés de sair ou até mesmo aproveitar tempo com ela.

Todos os arrependimentos bateram forte nele, ele sentiu como se estacas perfurassem seu coração e ele nem resistiu, pois sabia que no fim, eles estavam corretos. Ele, enquanto caia no mar, viu silhuetas vindo em sua direção, ele não sabia que eram, mas elas erguiam seus braços quase como um pedido para ele não desistir de si, ele se viu em um dilema de "viver ou não viver" naquele momento.

Ele não sabia que podia fazer, ele já estava morto, não é? Por qual razão estas silhuetas estavam querendo o ajudar? Mas, num momento infortúnio, suas lágrimas caíram, e tudo voltou na sua mente.

["Filho, se chorar te faz melhor, chore nos meus braços"]

["Não importa quanto tempo mude, eu vou estar ao seu lado, sacou?"]

["É Irônico pensar que eu ainda te amo, mas não posso negar isso."]

As silhuetas se brilharam, Teresa, Lúcio, Isabelly, e muitas outras, como seu pai, seus amigos, e até colegas de trabalho. Ele então escutou uma voz fraca, mas também gentil.

[Todas as histórias precisam de um fim, mas sua história ainda está no prólogo]

Ele sentiu o abraço gentil de alguém e com ele, ele percebeu que ele não estava mais se afogando, mas em algum lugar com brilhos de sol o iluminando, ele tentou entender aquilo e em si, ele estendeu para tampar a luz, mas percebeu algo estranho.

- Eu sempre tive luvas...?

Luvas de couro, não eram comuns de alguém usar, na verdade, ao não ser que você fosse um explorador, ninguém usaria isso. Ele abaixou seu olhar pro lados e percebeu uma movimentação, pessoas andando, falando, algumas gritando, ele percebeu que ele estava numa espécie de rua e no centro dela, um enorme chafariz que brilhava junto ao sol.

- Jovenzinho, você está bem?

Jorge se vira e vê um homem velho trajado com roupas casuais, sua forma parecia vulnerável quanto uma formiga. Ele tinha seus olhos semi abertos e mostrava um rosto de preocupação. Jorge ficou travado, faz bastante tempo dês que o mesmo teve uma conversa tão casual com alguém, ele precisou de tempo para pensar o que responder.

- Ah... claro, porque não estaria? - Ele coçou a cabeça desentedido.

- Claro que eu estou, você está sentado ai há quase 50 minutos rapaz.

"50 Minutos?!" ele se chocou, quando e como ele ficou sentado por tanto tempo assim, ele nem sentia algum tipo de cansaço no traseiro dele. O senhor coçou sua cabeça e olhou pra baixo, no peito dele, antes de voltar seu olhar para ele.

- Alexsander Winchester, é um nome muito bonito.

- Alexsander? Quem?

- Você, oras, está escrito no crachá da sua camisa.

Ele olhou surpreso e então virou seu olhar para baixo, e lá estava um crachá, e puxando ele facilmente do peito da camisa, ele vê o nome "Alexsander Winchester" escrito em letras legíveis. Ele ficou alternando entre o velho e o crachá antes de tossir forte para disfarçar seu nervosismo.

- C-Claro, eu sou Alexsander, o grande Alexsander, hahaha!

- Claro que é jovem! Hahaha!

O velho estava rindo de nervosismo, ele nunca viu um jovem tão energético, então ele bateu palmas parecendo que estava animar o astral de uma criança, que funcionou, pois Jorge também riu junto a ele por causa do tamanho nervosismo que estava nesse momento.

[Acorde, Acorde, Acorde!]

Essas vozes ecooaram em sua mente, quando de repente ele caiu nos braços do jovem senhor, ele nem teve tempo de reação para vim diversas memórias em sua mente.

["Filho, você não precisa ir tão longe para cuidar de mim"] - A voz doce como de uma mãe.

["Irmãozão, vamos brincar lá fora! Você sempre sai sozinho!"] - A voz gentil de uma garota carente.

["Garoto, lembre sempre de usar o argumento que você é filho do melhor policial de toda cidade, haha!"] - A voz humorada de um homem de meia idade.

Era tão reconfortantes, quase como se fizessem parte dele dês que ele nasceu, ele, desmaiado nos braços do senhor, se sente confortável, era estranho, quase como...

Ele fizesse parte deste lugar.