Luna:
Sinto meu despertar do sono muito diferente, meu corpo dói por completo, até mesmo lugares que eu nem pensava serem possíveis doerem estou sentido dor, quase como uma dor muscular, mas ainda assim um pouco diferente, será que estou ficando doente?
Abri meus olhos devagar pois até minhas pálpebras doem e se não fosse pela dor eu teria certeza que estou sonhando,
Que merda é essa? Eu devo ter tomado algum remedio muito forte e estou alucinando, não tem outra explicação.
Que quarto é esse? Eu nunca estive aqui antes, começo a reparar nos detalhes e definitivamente eu estou começando a me preocupar, o quarto é imenso, provavelmente do tamanho de um pequeno apartamento, em tons de cinza fosco claro, muito sofisticado para meu gosto… Ai meu Deus, que merda eu fiz? Olho para o teto com a mesma cor que possui um enorme lustre, mesmo apagado posso ver que esses cristais são estranhos, eles tem uma cintilância diferente, vejo uma porta que parece ser da entrada do quarto e seguindo a parede que fica de frente para a cama vejo uma outra porta, as portas são pretas com detalhes em cinza, tem um jogo de sofá e duas poltronas pretas que parecem veludo preto, formando uma área de convivência no enorme espaço em frente a cama. Continuando meu reconhecimento visual, ainda deitada somente seguindo com os olhos, quando pensei que não poderia ficar ainda mais surpresa me deparei com a parede oposta a porta de entrada, totalmente de vidro e com uma vista que me fez refletir se eu não tinha tomado algum medicamento forte, ou provavelmente fui drogada, isso é impossível.
- Só posso estar droga não é possível, que entardecer é esse? Que lua enorme é essa?
Sempre amei o por do sol e assisti muitos ao longo da minha vida, isso definitivamente não é real, a lua tem no mínimo umas 5 vezes o tamanho da lua que estou acostumada a ver, a paisagem? O que é isso? Prédios e construções futuristas em sua grande maioria cinzas ou de vidro ou mesclando os dois, contrastando com uma natureza exuberante, linda, que parece conversar com a tecnologia, parecem se complementar, um enorme rio que começa além de onde posso ver e segue muito mais de onde minha vista alcança, forma um lago enorme onde parece ser o centro da cidade, onde por sinal é a vista panorâmica que tenho.
- ok vamos pensar Luna, minhas opções, morri e estou em outro plano ou sofri um acidente e estou em coma, ou talvez estou muito drogada…
Enquanto reflito sofre minhas opções, ouço um leve barulho na porta de entrada e vejo que está se abrindo lentamente, quanto vejo quem é a pessoa que esta entrando meu ar fica preso um misto de alivio com ainda mais duvidas me atingem fortemente me fazendo sentar na cama.
- Clara? Que merda está acontecendo? Que lugar é esse?
Olho atentamente para minha melhor amiga, praticamente uma irmã, crescermos juntas, fomos para o colégio juntas e nos formamos em medicina juntas, apesar dela ter escolhido a área de psiquiatria e eu a de patologia. A faculdade foi algo muito difícil, pois não éramos ricas como nossos colegas e isso nos aproximou ainda mais. Posso dizer que nos tornamos bem interessantes, somos mais altas que a media, eu tenho 1.75m olhos verdes claros, sou magra, mas com um volume bem definido nos meus seios e glúteos, tenho um corpo bem torneado por conta da minha rotina de exercícios, para aguentar meus plantões caóticos, meu longo cabelo ruivo claro, herança da minha mãe, levemente ondulado, formam uma combinação exótica que tanto odiei na minha adolescência, mas que hoje me deixam muito satisfeita, um combo que combinam com minha personalidade seuvagem, séria com estranhos e diria até mesmo reservada, afinal, não acho seguro me abrir para todos, me sinto exposta e desconfortável. Sempre fui o tipo que todos consideravam misteriosa, séria e de humor ácido. Já Clara, além de sua beleza física, ela é ainda mais alta que eu, com seus 1.78m, cabelos castanhos claros lisos que formam leves ondulações nas pontas, olhos castanhos esverdeados tipo hazel, e muito atlética, desde criança ela sempre foi atleta e depois de adulta os treinos intensos se tornaram uma fulga dos problemas, ela é um verdadeiro raio de sol, sociável, alegre, anima o ambiente facilmente, mas não tem nada de bobinha, muito inteligente, percebe facilmente quando mentem pra ela, acho que ela sempre teve dom para ser psiquiatra, pois ela consegue entrar na mente das pessoas com uma facilidade que nunca vi. Somos completamente opostas, ela é toda emoção e eu sou toda razão, ela é a luz e eu a escuridão, ela sempre vai buscar o melhor nas pessoas, enquanto eu estou sempre olhando o lado mais escuro de cada um. Durante toda nossa vida com o passar do tempo ficou claro o como nós complementávamos e éramos necessárias uma na vida da outra. Depois de uma vida toda juntas, consigo facilmente interpretar suas expressões faciais e linguagem corporal, só ainda não sei se gosto do que estou vendo. Ela está preocupada, nervosa, mas vejo muita empatia e serenidade também, o que só me deixa ainda mias confusa.
- Clara me responda, estou começando a surtar.
- Você esta com dor?
- Não me responda com perguntas, você sabe que detesto isso.
- Ok Luna, vou responder todas as suas perguntas, mas antes preciso te avaliar. Trouxe esses medicamentos, eles vão te ajudar com a dor e estabilizar suas atividades neurais.
Estou meio contrariada por não obter respostas imediatas, mas a dor e minha cabeça a 100 km/h me convenceram de tomar os remédios, afinal Clara é mais confiável do que eu mesma.
Após tomar os remédios me acomodo melhor na cama e fico a olhando esperando respostas, vejo que ela respira profundamente e fecha os olhos. Nesse momento eu tenho certeza que rolou algo muito sério, mas não sei se é por ela estar comigo ou pelos remédios, mas me sinto mais calma.
— Sabe, Luna, eu também demorei para acreditar que tudo isso era real — começou Clara, com um sorriso suave. — Mas Cetus… Cetus é mais antigo do que qualquer coisa que conhecemos. Dizem que ele nasceu de uma explosão de energia entre estrelas.
Ela apontou para o céu, onde três luas brilhavam ao entardecer. A enorme lua que eu já havia reparado antes, e duas outras menores, uma de cada lado.
— Aqui, as pessoas são treinadas desde cedo para sobreviver. Não só por causa das criaturas selvagens mas por causa dos renegados — aqueles grupos que desafiam as leis e ameaçam a paz. Mas Cetus não é só perigo. É um planeta de beleza absurda, com florestas que cantam à noite, rios que brilham como prata e animais que parecem saídos de sonhos.
Olhei em seus olhos e vi um misto de emoções, preocupação e empolgação.
— O mais incrível é que, apesar de toda essa natureza, Cetus é também um mundo de tecnologia avançada. As pessoas se comunicam por hologramas, e os comandantes mais poderosos têm acesso a portais capazes de buscar coisas — e pessoas — de outros universos. Foi assim que viemos parar aqui.
Ela fez uma pausa, talvez se perguntando se devia estar jogando tudo isso em cima de mim de uma vez só, ou se poderia estar falando isso, não sei.
— Reza a lenda que Cetus só aceita em seu solo aqueles que têm um papel importante a cumprir. Talvez seja por isso que você, com todas essas habilidades que nem sabia que tinha, foi trazida para cá. E agora, entre paisagens de tirar o fôlego, perigos constantes e esses cavaleiros enigmáticos, só nos resta descobrir qual é o nosso destino nesse mundo que parece ter vida própria.
Clara sorriu, estendendo a mão para mim!
— Bem-vinda a Cetus, Luna. Aqui, nada é impossível — nem mesmo encontrar quem realmente somos.
Ainda meio sem acreditar e sem saber o que pensar, algumas perguntas me vem a mente…
- Cavaleiros? Comandantes poderosos que podem trazer pessoas de outros lugares? Cetus? Habilidades? Clara, eu preciso de mais respostas.
Enquanto estou bombardeando calara com perguntas, escutamos a porta abrir e um homem que aparenta uns 50 e poucos anos entra, alto imponente, exalando poder, com um terno esporte todo preto, de um tecido que não me lembro de ter visto na Terra, medalhas que me parecem serem militares espalhados pelo seu terno e uma identificação no seu braço esquerdo que diz “comandante do norte”.
- Olá Luna, me chamo Magnus Veylor e vou falar um pouco mais para você sobre esse planeta e algumas coisas que Clara ainda não é capaz de te explicar.
Se a aparência desse homem exalava poder, a voz com toda certeza não ficou para trás. Estranhamente, apesar de parecer uma rocha impenetrável, com um semblante sério, me sinto calma e reconfortada com sua presença. Aquela estranha sensação que o conheço de algum lugar.
- Você tem alguma pergunta especifica Luna, ou quer que eu comece e depois você me pergunta?
- Pode começar, eu nem sei ao certo o que perguntar…