.2. Eu morri?

Luna:

Sem nenhum rodeio ele começa a falar sem expressar nenhuma emoção.

- Vou começar pelo básico e mais simples, em seguida começo com os detalhes mais complexos e difíceis de entendem. Primeiramente Cetus, mesmo apesar de muito pequeno e de uma baixíssima população é um mundo muito evoluído, prospero e muito bem localizado. A população é dividida quase que igualmente entre hemisfério sul e norte, mas a população total é praticamente a mesma dos Estados Unidos no seu mundo. Com isso você já consegue entender que para termos tudo que temos, somos educados e treinados desde criança, não somente à nos defendermos, mas também à entendermos, criamos e aprimoramos tecnologias muito avançadas, coisa que no seu mundo ainda esta longe da compreensão. Cetus não esta somente em um sistema solar diferente, mas também em uma outra dimensão.

- pera ai, então você quer dizer que eu morri?

- Não Luna, tecnicamente no seu mundo você esta em coma. Qual a ultima coisa que você se lembra antes de acordar aqui?

- Nossa eu nem havia pensado nisso ainda. Lembro que estava com meu noivo a caminho de uma premiação, estávamos na estrada…. Aí meu Deus, nos sofremos um acidente, eu, eu, eu…

Por um momento não consegui mais colocar em palavras meus pensamentos, eles estão voando tão rápido que minha boca nem sequer acompanha as minhas memória… lembro do acidente como um filme que assisti a muito tempo, lembro do impacto e da dor lacerante que senti do cinto de segurança no meu peito, foi uma lembrança tão vivida que chequei meu peito para ver se uma das muitas dores que estava sentindo era por esse motivo, mas encontrei uma linha esbranquiçada, extremamente fina, como se fosse uma cicatriz de muitos anos, muito bem cicatrizada. Até que a imagem do meu noivo em uma posição nada humanamente compatível com a vida veio a minha cabeça e então eu de alguma forma bloqueei toda a sequencia de memórias e esvaziei minha mente devido a dor emocional que aquilo me causava, por um momento tive certeza que era pior que a física.

Clara me conhecendo bem e vendo meu estado, se aproximou e sentou-se do meu lado segurando minha mão. Com isso Magnus continuou.

- Chegarei a essa parte mais adiante. Esse mundo ele está em um lugar estratégico por ser mais fácil de saltar entre as dimensões. Como em todo lugar, muita prosperidade atraem pessoas não muito bem intencionadas tentando tirar vantagem. Chamamos um dos grupos mais perigosos de renegados, pois entre seus comandantes, boa parte são de expatriados de Cetus, que tentaram tirar vantagem e prejudicar outros povos, usando nossa tecnologia, por conta disso foram banidos. Obviamente eles não deixaram isso passar e criaram uma organização criminosa chamada de renegados. Essa organização possui tecnologia e tem uma boa força militar para causar problemas e tirarem vantagens de outros planetas. Até hoje não nos atacaram diretamente, somente tentativas de roubos e segredos, tecnológicos e militares, porém tenho razões para acreditar que eles vão tentar algo grande contra nós em breve.

- Eles chegaram até a terra?

- Sim Luna, a terra infelizmente é altamente explorada por eles. Por conta disso cheguei até vocês. Numa das minhas investigações e operações de reconhecimento, acabei esbarrando com vocês duas.

Falou Magnus se referindo a nos duas.

- Porém quando te vi, eu sabia exatamente quem você era. Afinal eu conheci sua mãe desde que éramos crianças. Vocês são iguais, o mesmo cabelo, os mesmos olhos, o nariz arrebitado, enfim, impossível não saber que vocês eram parentes. Com isso logo me aproximei de Clara para entender melhor quem você era, confirmar sua família e durante alguns meses tentei entender o motivo dos renegados estarem tão perto de você, pois certamente não era uma coincidência.

Pera, quer dizer que você usou minha melhor amiga para me espionar? E você? - falei apontando para a Clara - você sabia que ele estava me espionando?

Luna, não é bem assim, deixe ele terminar a história e depois conversamos sobre isso. - Falou Clara com um aspecto cansado e um semblante triste.

Exato, me escute e depois tire suas conclusões. Depois de alguns meses, vi que Clara era muito leal a você e de alta confiança, por tanto contei tudo para ela e pedi sua ajuda para monitorar atividades suspeitas dos renegados, que foi quando o acidente aconteceu. Sabemos que o acidente não foi natural e foi causado por eles, só não sabemos os objetivos por traz de tudo isso. Como eu e sua mãe éramos muito próximos, me senti na obrigação de te trazer aqui para te treinar, te defender e com toda certeza você vai querer justiça.

Olhei para o rosto inexpressivo de Magnus, ele com toda certeza estava falando a verdade, e foi direto ao ponto, gosto disso. Não tentou me proteger de nenhuma informação, mas então, porque não se aproximar diretamente e de mim?

- Entendo - falei soltando o ar - porém não entendendo uma coisa, por que não se aproximar diretamente de mim?

- Simplesmente porque não queria alertar o inimigo, se eles estivessem realmente atrás de você, me aproximar diretamente os deixaria em vantagem.

Minha cabeça por um momento parou seus pensamentos frenéticos e eu me dei conta que era capaz de falar essa língua diferente e entender a escrita.

- Como isso é possível? Eu conseguir falar e ler uma língua que nunca aprendi?

- Aqui somos capazes de codificar informações complexas colocar dentro de uma especie de comprimido e inserir essas informações na sua mente, conseguimos fazer isso com idiomas, conhecimentos específicos como por exemplo, como construir algo ou concertar, ou armazenar informações uteis, de um livro, um idioma, ou história, enfim, muitas coisas.

- A quanto tempo estou aqui?

- Aqui em Cetus você esta a 3 dias, porém você ficou dois dias no hospital na terra, até conseguirmos te tirar em segurança.

- Mas e minha cicatriz? Parece que se passaram anos?

- Como já te disse, nossa tecnologia é muito avançada, nossa medicina está muito a frente em capacidade de regeneração e cura que a terrena.

Escutamos um barulho e Magnus atendeu uma especie de ligação, onde uma projeção de um homem de corpo inteiro surgiu, apesar dele mexer a boca eu não era capaz de escutar nenhum som, ele era muito bonito, alto, com músculos grandes e bem aparentes, mesmo por baixo de um macacão que parece de combate, ele tem olhos puxados, uma fisionomia que me lembra pessoas de origem asiáticas na terra.

- Esse é o Kai, um dos cavaleiros do apocalipse - Disse Clara vendo que eu o estava analisando - você não o escuta porque Magnus esta usando umas especie de fone que fica dentro do ouvido, imperceptível.

- Isso que eu chamo de tecnologia, as vezes parece que estou em um pesadelo e vou acordar a qualquer momento.

A ligação é encerrada e Magnus se aproxima com um sorriso meio robótico no rosto, aquele tipo de sorriso que talvez ele use parecer menos intimidador, mas que claramente não é algo que ele está costumado a fazer.

- Preciso resolver algumas coisas, Clara pode te mostrar alguns lugares e falar mais sobre as dúvidas que forem surgindo.

Quando ele saiu, olhei para minha amiga e não consegui mais evitar. Chorei, chorei tanto, que por vários momentos não conseguia nem respirar de tanto que chorava. Na minha profissão já vi muitas pessoas morrendo, inclusive em condições muito ruins, mas lembrar do Mike meu noivo, logo após o acidente me despertou gatilhos antigos. Como se não bastasse perder meu noivo de forma trágica algo nas sãs afeições naquele momento me lembraram quando encontrei minha mãe morta em casa a dois anos atrás. Seus rostos tinham a mesma expressão é só de pensar que pode não ter sido um acidente me deixa ainda mias revoltada. Continuei chorando, deixando as lágrimas lavarem toda a tristeza e raiva que estou sentindo. Lembro - me de chorar assim somente duas vezes, quando minha mãe morreu e hoje, não sou uma pessoa que costuma chorar, alguns dizem que sou insensível, porém a verdade é que não gosto de demonstrar meu sofrimento, afinal a maioria nem se quer vai poder me ajudar, por que levar esse problema para elas? Mas a Clara, bom a clara é diferente ela me conhece, ela me entende e ela jamais me julgaria. Chorei por um período que pareceram horas, até que dei um sorriso e fungando ainda de tanto que chorei, falei…

- ok, acho que te dei um banho, isso é um castigo por todas as vezes que você usou meu colo para chorar por macho escroto.

Rimos juntas, como sempre fazíamos dos nossos problemas sem solução. Ela me abraçou carinhosamente e me disse com os olhos molhados, pq obviamente ela chorou comigo por me ver despedaçada.

- Você não esta sozinha, seja la a merda que esteja por vim, nos vamos passar por isso juntas, como sempre fizemos. Vamos mostrar que não somos mais brabas do que aparentemos. - Disse Clara com um determinação inabalável em sua voz.

- Eu vi seus olhares para o rapaz do vídeo, está acontecendo algo? - perguntei curiosa e preocupada, esse cara me parecia um belo representante dos bad boys.

- Você está perguntado do Kai? Ele é um dos cavaleiros do apocalipse e não, não esta acontecendo nada. Infelizmente, tendo em vista que o cara é maravilhoso como você pode ver e tem aquela pegada de homem que é capaz de destruir um mundo inteiro para defender aqueles sob sua proteção. - disse Clara suspirando pelo boy.

- Ok hora de me falar mais sobre quem são esses cavaleiros do apocalipse…