CAPITULO 1 - OLHOS CLARO, CONTRATO INCERTO.

O evento era elegante, claro. Tapete vermelho, procecco com espuma até demais, e música ambiente que tentava escoder a futilidade geral com um toque de violino.

Laura nem sabia o motivo de ter aceitado ir. talvez para manter as aparências, talvez por insistência da assessoria. Ou talvez, só talvez, porque tinha um pressentimento de que aquela noite seria diferente.

Ela só não esperava que o motivo usasse um blazer de linho claro, sorrisse com a boca inteira e tivesse os olhos mais lindos que ela já tinha visto entre o céu antes da chuva e um mar que convida a se afogar.

- Laura Marques? - disse a desconhecida, estendendo a mão com elegância e um perfume discreto, que mistura jasmim com perigo.

-Depende - respondeu Laura, sorrindo de canto. - Quem está perguntando?

-Rafaela kravett. Seu... futuro contrato ambulante, talvez?

Rafaela riu. Um riso leve, envolvente, como quem se diverte até consigo mesma. Laura tentou manter o foco na conversa, mas seu corpo já tinha decidido arder sem permissão. A palma da mão formigava. O pescoço esquentava. E o estômago? tinha virado redemoinho.

- Você é mais simpática do que disseram - arriscou Laura, servindo - se de prosecco só pra ter onde apoiar as mãos trêmulas.

- E você tem fama de ser arrogante. Mas eu gosto de mulher com postura de CEO e carinha de quem precisa de colo.

- Laura tossiu o gole de prosecco. Rafaela só riu mais.

As duas foram andando juntas pelo salão, tentando parecer casuais enquanto o clima entre elas já dava sinais de que não era só negócios.

-A gente ainda vai assinar um contrato né? - Perguntou Rafaela.

- Provavelmente.

-Só quero saber uma coisa antes.

- Qual?

- A cláusula que diz que não pode se apaixonar...é negociável?

Laura sorriu. Pela primeira vez em muito tempo, sem esforço algum.